Hospital em Nova Delhi, na Índia, entra em colapso; veja relatos

Por Rogerio Magno em 24/04/2021 às 23:02:42
Segundo país mais populoso do mundo vive momento crítico da pandemia do coronavírus. Pacientes em situação grave estão ficando sem atendimento médico. Entrada de hospital que recebe pacientes com Covid-19 em Nova Delhi, na Índia, neste sábado (24)

Sajjad Hussein/AFP

Quase sem respirar, Shyam Narayan foi levado a um hospital de Nova Delhi, capital da Índia, mas sua família percebeu rapidamente que a sobrecarregada equipe médica nada poderia fazer por ele.

Narayan foi uma das vítimas da nova onda do coronavírus que está assolando a Índia, onde milhares de pessoas chegam aos hospitais e descobrem que não há leitos, falta oxigênio e remédios que podem salvar vidas.

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No Hospital Guru Teg Bahadur (GTB), no nordeste de Delhi, Narayan e sua família chegaram em meio a um balé de ambulâncias, riquixás e outros veículos transportando pacientes com Covid-19. Todos esperaram a liberação de leitos no hospital.

Luta por oxigênio

Funcionário de fornecedor de oxigênio carrega cilindro que será levado a hospital em Nova Delhi, Índia, neste sábado (24)

Sajjad Hussein/AFP

A família de Narayan tentou, durante a noite, em algum hospital, encontrar um leito de terapia intensiva com oxigênio. Mas em todos os centros a resposta foi negativa, de acordo com Ram, irmão de Shyam.

"Meu irmão tem cinco filhos. O que vou dizer à esposa dele?", pergunta Ram.

O hospital GTB também não tinha leitos disponíveis, assim como as outras instalações médicas em Delhi, que estão lutando para obter oxigênio.

Tudo isso ocorre em um contexto dramático para o país: a Índia registrou 2.624 mortes por coronavírus nas últimas 24 horas, um recorde diário, além de 340 mil novos casos, elevando o número total de infecções a 16,5 milhões.

Isso fez com que os hospitais ficassem saturados de pacientes e faltasse oxigênio para salvar vidas.

A morte de Narayan, do lado de fora do hospital, é um fato que, infelizmente, acontece com frequência neste país.

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E certamente seu caso não será contabilizado nas estatísticas oficiais: seu corpo sem vida foi levado para outro lugar, sem ser formalmente admitido no centro.

Na entrada do hospital GTB, os seguranças impedem a entrada dos enfermos e explicam que os quartos já estão lotados.

Alguns, com seus parentes, decidem ficar e esperar do lado de fora. Outros continuam sua busca desesperada em outros hospitais.

Morte em família

Paciente espera atendimento em maca em hospital de Nova Delhi, na Índia, neste sábado (24)

Sajjad Hussain/AFP

Exausto, Mohan Sharma, de 17 anos, aguarda com seu avô de 65 anos, dando-lhe água e força, ajudando-o a colocar uma máscara de oxigênio.

Menos de 24 horas antes, o pai de Mohan Sharma morreu de coronavírus, na mesma fila, em frente ao hospital.

"Ele estava ficando sem fôlego, não conseguia respirar, tirou a máscara, chorou e disse 'me salve, por favor, me salve'", explica o filho.

"Mas não pude fazer nada. Só pude vê-lo morrer."

E sem tempo para pensar em luto, o adolescente agora tem que ajudar seu avô. A família conseguiu encontrar um leito, mas o idoso está desesperado pelo ambiente assustador.

Pessoas que conseguiram entrar no hospital descrevem os corredores lotados, com leitos ou macas ocupadas por duas ou até três pessoas. O cilindro de oxigênio do avô de Sharma está quase vazio e não há garantia de que possa ser substituído.

"Havia três cadáveres bem perto, e isso o apavorou, ele disse que também não ia sobreviver. Tive que levá-lo para fora, e agora ele está descansando", diz Sharma.

Fonte: G1

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