Ameaças de morte estremecem campanha para eleições regionais de Madri

Por Rogerio Magno em 26/04/2021 às 20:13:38
Candidata do partido governista espanhol, o centro-esquerdista PSOE, recebeu 'faca ensanguentada' e carta ameaçadora. Favorita à vitória, candidata direitista diz que há 'circo' em meio às denúncias. Faca enviada à ministra Reyes Maroto, candidata nas eleições de Madri (Espanha), em foto divulgada nesta segunda-feira (26)

Spanish Tourism Ministry/Handout via Reuters

A ministra do Turismo da Espanha, Reyes Maroto, que é candidata nas eleições regionais de Madri, disse que recebeu uma carta contendo mensagens ameaçadoras e uma lâmina com um material aparentando sangue. O caso, relatado nesta segunda-feira (26), se soma a outros concorrentes que receberam envelopes com ameaças de morte e projéteis.

Maroto faz parte do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), legenda de centro-esquerda que detém o comando da Espanha mas não de Madri. As eleições da capital, marcadas para 4 de maio, estão se notabilizando pela polarização entre esquerdistas e direitistas.

"Ameaças e violência nunca silenciarão a voz da democracia. A liberdade prevalecerá", afirmou Reyes Maroto.

Reyes Maroto, ministra do Turismo da Espanha, em foto de janeiro de 2020. Ela é candidata nas eleições regionais de Madri

Susana Vera/Arquivo/Reuters

O primeiro-ministro Pedro Sánchez, que é do PSOE, reagiu rapidamente: "Basta! Não vamos permitir. Não vamos deixar o ódio dominar a convivência na Espanha", escreveu no Twitter.

Do outro lado, a presidente regional da coalizão de direita, Isabel Ayuso — que é favorita na disputa — denunciou o uso político das ameaças pela esquerda, que chamou de "circo".

Segundo a imprensa espanhola, uma pessoa com problemas mentais foi identificada como remetente da carta que continha a faca. Um porta-voz da polícia confirmou à AFP que o autor havia sido identificado, mas não deu detalhes.

Isabel Ayuso, presidente da comunidade de Madri e candidata da coalizão direitista à reeleição, em campanha em 17 de abril

Oscar del Pozo/AFP

No final da semana passada, o líder da esquerda radical Podemos, Pablo Iglesias, o ministro do Interior e o chefe da Guarda Civil receberam cartas com ameaças de morte, que continham balas de um fuzil usado pelo exército espanhol entre os anos sessenta e oitenta.

"Sua esposa, seus pais e você estão condenados à pena de morte, seu tempo está se esgotando", diz a carta dirigida a Iglesias, que deixou o governo da Espanha, onde ocupava uma das vice-presidências, para disputar as eleições de Madri.

Debates cancelados

Em um contexto de forte polarização política na Espanha, as ameaças de morte viraram a campanha de pernas para o ar com implicações nacionais.

Na sexta-feira, Iglesias, que denunciou "a impunidade e o encobrimento midiático da extrema direita", deixou um debate no rádio quando o candidato do partido da direita nacionalista Vox, Rocío Monasterio, questionou a veracidade das ameaças.

A recusa dos candidatos de esquerda em debater com Vox levou ao cancelamento daquele debate e de outro agendado para 29 de abril em emissora pública.

No domingo, Pedro Sánchez lançou um forte discurso contra Vox, buscando mobilizar o eleitorado de esquerda, alertando para a "ameaça" que em sua opinião representa o partido considerado de extrema direita.

"Não se trata de Madri, trata-se da nossa democracia", ressaltou Sánchez, marcando a mudança no discurso da campanha.

O premiê espanhol, Pedro Sánchez, fala para a imprensa durante uma cúpula da União Europeia em Bruxelas, na Bélgica, no dia 1º de outubro.

Francisco Seco / POOL / AFP

De acordo com as últimas pesquisas, os partidos de esquerda — os socialistas de Sánchez, Podemos e Más Madrid, uma divisão da esquerda radical — têm dificuldade em fazer com que a maioria dos deputados no Parlamento regional de Madri derrube a direita, que dirige a região há 25 anos.

Terceira força política a nível nacional desde o seu surgimento nas legislaturas de 2019, Vox apoia em Madri o governo da conservadora Isabel Díaz Ayuso, favorita para prevalecer nestas eleições antecipadas convocadas depois de ter quebrado a sua aliança com os liberais do centro do partido Ciudadanos.

"Quantas ameaças mais são necessárias para (Díaz) Ayuso deixar de endossar a política de ódio da extrema direita?", afirmou no Twitter a candidata do Más Madrid, Mónica García, enquanto o candidato socialista, Ángel Gabilondo, pediu à líder regional para "não governar com Vox".

VÍDEOS: notícias internacionais

Fonte: G1

Comunicar erro
Rede Ideal 1

Comentários

Telecab