Entenda quem é Ben Gvir, o líder dos supremacistas judeus

Por Rogerio Magno em 15/05/2021 às 11:03:21
Deputado de partido de extrema direita fomenta o ódio contra os palestinos, incitando o caos social em cidades mistas Itamar Ben-Gvir, político israelense de extrema direita, e Benzion Gopshtein, líder do grupo israelense de extrema direita Lehava.

Reuters

Extremistas de direita religiosa em Israel se aproveitam do fortalecimento político no Parlamento israelense -- por conta e risco do premiê Benjamin Netanyahu -- para amplificar a espiral de violência étnica nas cidades mistas do país. Protagonizam cenas deploráveis: a marcha por Jerusalém Oriental clamando por “morte aos árabes” ou o brutal espancamento de um árabe num subúrbio de Tel Aviv, após ser violentamente retirado de seu carro, apenas para citar algumas.

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Integrado basicamente por colonos ultranacionalistas e ultraortodoxos, o grupo de supremacistas judeus se escora no movimento Lehava (chama em hebraico), que se inspira na ideologia anti-árabe do rabino extremista Meir Kahane.

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Eleito em 1984 pelo partido Kach, Kahane promoveu sua retórica radical -- favorável à expulsão em massa de palestinos e contrária aos casamentos mistos e à assimilação --, que levou o Knesset a bani-lo das eleições de 1988. Dois anos depois, o rabino foi assassinado nos EUA. Embora o partido conste da lista americana de organizações terroristas, a sua doutrina racista sobreviveu.

E renasceu politicamente nas eleições de março passado, com o partido Otzma Yehudit (Poder Judaico), que se fundiu ao Partido do Sionismo Religioso, graças a uma aliança promovida por Netanyahu. Réu em três processos por corrupção, o premiê estendeu a mão à extrema direita para tentar assegurar sua permanência no poder. O bloco conquistou seis cadeiras no Parlamento.

Alçado a deputado aos 45 anos, o líder Itamar Ben Gvir está à frente dos incidentes mais violentos desse novo capítulo do conflito entre Israel e palestinos. Montou um escritório ao ar livre supostamente para apoiar os colonos no bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental, onde quatro famílias de palestinos estão sob ameaça real de despejo. Acirrou os ânimos numa marcha de judeus pelo bairro mulçumano da Cidade Velha no Dia de Jerusalém.

Herdeiro político de Kahane, Ben Gvir é acusado de incitar a violência contra árabes e responsabilizado pelo que o chefe da polícia israelense, Kobi Shabtai, classificou de intifada judaica, num alerta a Netanyahu. Foi retratado com uma braçadeira amarela, em alusão à suástica nazista, pelo programa satírico de TV “Eretz Nehederet”.

Em seu discurso inaugural no Parlamento, em abril, disse ao que veio, elogiando os feitos de seu mentor ideológico e também os “heroicos colonos que se apegam e se sacrificam para colonizar Israel.” A anexação da Cisjordânia é um dos fundamentos dos fundamentalistas judeus.

Indiciado mais de 50 vezes, ele acumula um histórico de ações provocativas, uma delas aos 19 anos, em 1995, quando exibiu o emblema do Cadillac arrancado do carro do então premiê Yitzhak Rabin.

“Pegamos o carro dele, vamos pegá-lo também”, ameaçou, diante de repórteres de TV. Prêmio Nobel da Paz, partilhado com Yasser Arafat, líder da OLP, o primeiro-ministro foi assassinado semanas depois por um radical de direita.

Ben Gvir se formou em direito para defender outros supremacistas de atos violentos contra palestinos e árabes-israelenses. Ingressou triunfalmente no Parlamento, empurrado por Netanyahu.

Não é, como Kahane foi, um lobo solitário no Knesset. Representa apenas uma minoria fundamentalista da população israelense, mas vem tendo êxito em seu objetivo de encorajar seus correligionários a deflagrar o caos social pelas cidades mistas do país.

Fonte: G1

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