Em uma semana, Israel e Hamas provam que estão mais fortes

Por Rogerio Magno em 18/05/2021 às 06:42:10
Fluxo de mísseis e foguetes é o mais intenso desde a guerra de 2014 e posterga cessar-fogo. Um menino palestino passa pelos restos de uma torre que foi destruída em ataques aéreos israelenses na cidade de Gaza na quarta (12)

Suhaib Salem/Reuters

Em apenas uma semana, o fluxo de mísseis e foguetes disparados entre Israel e Gaza foi o mais intenso desde a guerra de 2014: grupos armados palestinos lançaram 3.180 foguetes e as forças de defesa israelenses alcançaram 1.180 alvos; ?200 morreram na Faixa de Gaza, 10 em Israel.??

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Na quarta guerra desde que o Hamas assumiu o controle de Gaza, em 2007, ambos os lados se mostram mais fortes.? O grupo islâmico provou ter um arsenal com maior alcance, embora grande parte dos lançamentos seja interceptada pelo sistema de defesa antiaérea Domo de Ferro. Nesta primeira etapa, os ataques?palestinos causaram mais vítimas civis em Israel do que os 61 dias da Operação Margem Protetora, em 2014, quando morreram seis.?

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Israel aproveita a ofensiva para neutralizar com bombardeios os comandantes militares do Hamas e uma rede de túneis de subterrâneos que se recompôs desde a última guerra, quando tropas israelenses entraram em Gaza.?

Encurralados num enclave densamente povoado, com dois milhões de habitantes distribuídos em apenas 365 quilômetros quadrados, os civis acabam sendo, novamente, as vítimas em maior escala. Em 2014, dos 2.251 palestinos mortos, 1.462 eram civis, de acordo com uma investigação da ONU.

Os dois lados perseguem seus objetivos e ainda consideram prematura a negociação de um cessar-fogo e a atuação de tradicionais mediadores como Egito e Catar. Tanto para o primeiro-ministro israelense quanto para o líder do Hamas é primordial declarar vitória com o fim da ofensiva.

Em nítida vantagem militar, Netanyahu precisa angariar apoio político para formar governo e manter-se no cargo — a única opção para livrar-se de uma possível condenação na Justiça. Ismail Haniyeh, por sua vez, quer aproveitar o vazio deixado pela Autoridade Palestina, que tem passado ao largo dos confrontos, para consolidar o seu grupo como o interlocutor dos palestinos.?

Palestinos inspecionam um prédio residencial que foi danificado em um ataque aéreo israelense na Cidade de Gaza em 12 de maio durante conflitos com Israel

Suhaib Salem/Reuters

A questão é: contabilizados os estragos e as baixas, como o governo israelense e o Hamas conseguirão seduzir os moderados após a trégua? Netanyahu arrumou um problemão: trouxe o conflito palestino para dentro das fronteiras israelenses, com a irrupção da violência em cidades mistas onde a convivência entre judeus e muçulmanos era pacífica.?

Extremistas palestinos e judeus inflamaram a retórica e empurraram a solução de dois Estados para o campo da utopia. A proliferação de assentamentos na Cisjordânia e os ataques do Hamas e grupos radicais minaram o apoio e a confiança de israelenses e palestinos à proposta.?

Por estas razões, um cessar-fogo que interrompa a atual ofensiva servirá como pretexto para que os dois lados recarreguem as baterias para uma nova reprise desse filme cujo final é sempre catastrófico.??

Fonte: G1

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