Gigante israelense apela para a coexistência com árabes e é alvo de boicote de radicais de direita

Por Rogerio Magno em 20/05/2021 às 05:20:19
Operadora de telecomunicações enfrenta rescisões de contratos e queda de ações por paralisação que coincidiu com greve geral de palestinos. Mulher passa em frente a uma loja da operadora de celulares Cellcom, em Tel Aviv, Israel, em foto de 2014

Reuters/Baz Ratner

Maior operadora de telecomunicações sem fio de Israel, a Cellcom fez um apelo à coexistência entre árabes e judeus, abalada pelos confrontos nas cidades mistas do país, paralisando suas atividades durante uma hora. A pausa no trabalho, entretanto, coincidiu com a greve que árabes-israelenses e palestinos realizaram nesta terça-feira (18).

Numa jornada belicosa como a que Israel e palestinos enfrentam há quase duas semanas, o lema “vamos viver juntos e em paz”, proclamado pela empresa, foi o bastante para gerar interpretações equivocadas. A gigante das telecomunicações entrou num fogo cruzado com partidários da direita e da extrema direita israelense, que revidaram com apelos de boicote à operadora.

“Desconecte-se da Cellcom. Agora. Qualquer pessoa que expresse simpatia pelo terrorismo e pelas greves não merece nossos negócios”, decretou Itamar Ben Gvir, líder do partido supremacista Otzama Yehudit (Poder Judaico), que abarca colonos e religiosos ultraortodoxos.

A reação em cadeia causou queda de 2% nas ações da operadora. Grupos de assentamentos judaicos e escolas religiosas rescindiram seus contratos com a Cellcom, que tem cerca de 3 milhões de assinantes em Israel.

Integrantes do Likud, partido do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, também clamaram pelo boicote. “Isso é uma vergonha e uma desgraça, Cellcom. Em vez de se identificar e apoiar os residentes do sul e os soldados, vocês decidem apoiar uma greve que é sobre os tumultos contra os judeus”, vaticinou o deputado Ofir Sofer.

Fundada em 1994 e atualmente com 3.800 funcionários, a empresa respondeu às críticas, esclarecendo que seu movimento não estava vinculado ao comitê árabe que organizou a greve geral. “Em retrospecto, o momento foi errado”, reconheceu a empresa em comunicado.

Para acalmar os ânimos, a operadora precisou declarar o óbvio: seu apoio às forças armadas, ao sistema de defesa israelense e aos residentes do sul do país, as maiores vítimas dos foguetes lançados pelo Hamas e pela Jihad Islâmica. “A Cellcom atende todos os residentes de Israel em tempos de calmaria e, principalmente, em momentos de emergência, como nos dias difíceis em que nos encontramos.”

Se perdeu assinantes da direita radical, a operadora se manteve sólida entre os moderados, incomodados pelo caos social instaurado nas cidades mistas de Israel depois que o conflito militar foi retomado. Nesta ala, a intimação dos ultradireitistas, para que a população se desconecte da operadora, não vingou.

Fonte: G1

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