Irã fecha temporariamente central nuclear após 'falha técnica'

Por Rogerio Magno em 21/06/2021 às 08:30:00
Ciclista passa em frente ao prédio do reator da usina nuclear de Bushehr, nos arredores da cidade de mesmo nome no sul do Irã, em foto de 26 de outubro de 2010. A única usina nuclear do país sofreu um desligamento de emergência temporário, noticiou a TV estatal em 20 de junho de 2021.

Majid Asgaripour/Mehr News Agency via AP

A única central nuclear do Irã, localizada na cidade de Bushehr (sul), foi fechada nesta segunda-feira por "alguns dias" após uma "falha técnica" de natureza não especificada, informou a Organização de Energia Atômica do Irã (OIEA).

"Após uma falha técnica na central Bushehr (...) foi paralisada temporariamente e desconectada da rede elétrica nacional", afirma a OIEA em um comunicado.

"Naturalmente, depois de corrigida a falha técnica, a central voltará a ser conectada à rede elétrica nacional", completa o texto.

Equipada com um reator de 1.000 MW, a central foi construída pela Rússia e iniciou as operações em 2013.

Bushehr é um porto no Golfo, mais próximo das capitais de várias monarquias da Península Arábica que de Teerã. A central, construída em uma área na qual os terremotos são frequentes, preocupa estes países.

Os países árabes do Golfo vizinhos do Irã já expressaram em várias oportunidades a preocupação com a confiabilidade da central e o risco de vazamentos radioativos em caso de um grande terremoto.

Em abril, a região de Bushehr foi abalada por um terremoto de 5,8 graus de magnitude, segundo o Centro Geológico dos Estados Unidos (USGS), que deixou cinco feridos, de acordo com a imprensa estatal iraniana.

"Todas as instalações, equipamentos e edifícios da central nuclear de Bushehr estão em perfeito estado e suas atividades não foram interrompidas pelo terremoto", afirmou na ocasião o departamento de Relações Públicas da central, citado pela agência oficial Irna.

- 20 centrais nucleares -De acordo com a empresa nacional de distribuição de energia elétrica, a central de Bushehr passa por trabalhos de "reparo", de natureza não revelada e que podem prosseguir até o fim de semana (sexta-feira no Irã).

A empresa pediu aos iranianos que limitem o consumo para não saturar a rede durante o período de muito calor.

Em maio, Teerã e várias cidades iranianas sofreram apagões, que a imprensa local atribuiu à seca que afetou a geração de energia elétrica, assim como à mineração de criptomoedas, uma atividade que consome muita energia elétrica.

O então presidente Hassan Rohani anunciou em maio que a mineração de criptomoedas estava proibida até o fim do verão (hemisfério norte, inverno no Brasil).

Em 2016, empresas russas e iranianas começaram a construir outros dois reatores de 1.000 MW em Bushehr.

O país, grande produtor de petróleo e gás, deseja construir até 20 centrais nucleares para diversificar seus recursos energéticos e depender menos dos combustíveis fósseis para o consumo interno.

Após anos de tensões por seu polêmico programa nuclear, O Irã assinou um acordo em 2015 com a comunidade internacional

O pacto oferecia à República Islâmica um alívio das sanções ocidentais e da ONU em troca do compromisso de que o país não desenvolveria armas atômicas e de uma drástica redução de seu programa nuclear, sob rígido controle das Nações Unidas.

Mas o acordo foi prejudicado em 2018 pela decisão do ex-presidente americano Donald Trump de abandonar o pacto e restabelecer as sanções de Washington.

Atualmente, negociações estão em curso em Viena para tentar salvar o acordo com o retorno dos Estados Unidos.

Fonte: G1

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