O Brasil será representado pelo vice-presidente, Hamilton Mourão, que também foi à posse de Alberto Fernández, da Argentina. Pedro Castillo é confirmado como novo presidente do Peru
Pedro Castillo assumirá a presidência do Peru nesta quarta-feira sem tempo para respirar, diante do surto mais mortal de Covid-19 do mundo, tensões no seu partido socialista e um fraco apoio no Congresso em uma nação dividida.
Pedro Castillo, presidente eleito do Peru, em foto de 15 de junho, enquanto ainda aguardava a decisão da Justiça
Martin Mejia/Arquivo/AP Photo
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Estarão presentes nas cerimônias os seguintes líderes:
Alberto Fernández, presidente da Argentina;
Luis Arce, presidente da Bolívia;
Sebastián Piñera, presidente do Chile;
Iván Duque, presidente da Colômbia;
Guillermo Lasso, presidente do Equador;
Felipe VI, rei da Espanha
Jair Bolsonaro é o único presidente de um país vizinho do Peru que não estará em Lima para a posse —o Brasil será representado pelo vice-presidente, Hamilton Mourão.
Mourão já tinha representado o Brasil na posse de Alberto Fernández, na Argentina. Bolsonaro foi às cerimônias de posse dos presidentes Luis Lacalle Pou, do Uruguai, e de Lasso, do Equador.
Além de ser o dia em que o novo presidente assume o comando do país, é o aniversário de 200 anos da independência do Peru.
Mensagem do novo presidente
Castilho, filho de agricultores, tomará posse no Congresso e discursará à nação, que ficou rachada na eleição de 6 de junho vencida por uma margem de apenas 44 mil votos.
A ascensão repentina de Castillo, ex-professor, abalou as estruturas da elite política tradicional do Peru e deixou produtores de cobre com medo de seus planos de aumentar impostos à mineração para financiar reformas de Saúde e Educação, e reformular a Constituição do país andino.
Toda a atenção estará voltada à sua primeira mensagem como presidente e à formulação do seu ministério, ainda sob sigilo em meio a negociações entre a ala mais radical do seu partido Peru Livre e seus assessores e aliados mais moderados.
“A mensagem de Castillo definirá as diretrizes para o começo do seu governo, mas o ministério e equipe que ele anunciar nos dirá ainda mais sobre a direção que estamos tomando”, afirmou Jeffrey Radzinsky, um especialista em administração pública de Lima.
Um sinal-chave será o portfólio econômico, com fontes próximas a Castillo indicando que ele recorrerá a Pedro Francke, um economista de esquerda moderado, que ajudou a suavizar a imagem de outsider do candidato e tem acalmado um mercado instável nos últimos meses.
Vitória contestada
A posse acontecerá depois de Castillo, 51 anos, vencer a adversária de direita Keiko Fujimori, embora sua vitória não tenha sido confirmada até semana passada. Fujimori afirmou, sem evidências, que houve fraude e contestou o resultado, o que gerou comparações com as táticas do ex-presidente norte-americano Donald Trump após a derrota na eleição presidencial de 2020 nos Estados Unidos.
Castillo terá que lidar com um Congresso fragmentado, no qual ele não tem apoio para promessas-chave que fez, incluindo planos de reformar a constituição, e também com tensões com a ala linha-dura da esquerda do seu partido, liderada pelo médico marxista Vladimir Cerrón.
Ele também terá que equilibrar o poderoso setor de mineração no segundo maior produtor de cobre e a necessidade de aumentar impostos para aliviar a pobreza cada vez maior e cumprir promessas à base rural que impulsionou a sua improvável ascensão à Presidência.
“Castillo precisa unir a linha-dura do seu partido, mas ele tem que fazê-lo sem destruir a imagem que o povo tem dele, de que ele é contra o radicalismo”, acrescentou Radzinsky.
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