Presidente opta por ataque cirúrgico para vingar massacre em país que se consolida como terreno fértil para o terrorismo. EUA lançam ataque aéreo contra Estado Islâmico-k no Afeganistão
A retaliação prometida pelo presidente Joe Biden veio no dia seguinte ao massacre no aeroporto de Cabul: um ataque cirúrgico, com drones não tripulados, teria matado dois integrantes do Estado Islâmico-Khorasan, que estavam em um carro em Jalalabad, na província de Nangarhar.
As primeiras informações indicam que os mortos não teriam ligação com o atentado que matou 170 pessoas, entre elas 13 militares americanos, e sim com o planejamento de futuros ataques.
Mochilas e pertences de afegãos estavam do lado de fora do aeroporto de Cabul e esperavam ser evacuados do Afeganistão, um dia após os atentados suicidas de 26 de agosto que mataram dezenas de pessoas, incluindo 13 soldados americanos
Wakil Kohsar/AFP
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Resta saber se esta resposta, aparentemente tímida e ordenada por Biden, acalma o público americano, traumatizado pelas cenas horripilantes que se seguiram à retirada desordenada de americanos e afegãos do país.
A catástrofe que atende pelo nome de Afeganistão rebaixou a posição dos EUA diante de seus aliados e fez despencar o prestígio do presidente internamente. Deu a certeza de que, após 20 anos de ocupação americana, o país se mantém como terreno fértil para a ebulição do terrorismo.
O inimigo da vez é o braço do Estado Islâmico, até então secundário no caldeirão de mais de 20 grupos que atuam no Afeganistão, onde o Talibã desponta como força dominante após o colapso do Exército.
Esta rede jihadista tem elementos importados da vizinhança. Compartilha uma ideologia em comum, mas é também desconexa com células autônomas, sem lideranças aparentes, mas divergentes entre si.
Neste contexto, a primeira resposta autorizada por Biden para vingar a carnificina que humilhou os EUA define o modus operandi de seu governo: a condução de operações “além do horizonte”, como o presidente fez questão de ressaltar, que não resultem em mais perdas de vidas americanas.
O presidente tem também em mente atenuar os danos à sua imagem e estancar a queda livre a pouco mais de um ano das eleições de meio de mandato. Mas, para o Afeganistão, o fim da guerra é apenas um novo começo para outras tragédias.
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