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Ultranacionalista Éric Zemmour se lança candidato presidencial como salvador da França


Em tom apocalíptico e anti-imigração, escritor apela aos nostálgicos e divide com Marine Le Pen o eleitorado de extrema direita. Eric Zemmour em imagem de 16 de outubro de 2021

Eric Gaillard/Reuters

A campanha eleitoral para escolher em abril o próximo presidente francês terá dois candidatos de extrema direita. Duas vezes condenado por incitação ao ódio, o polêmico escritor Éric Zemmour se apresentou como salvador da pátria ao anunciar, finalmente, que concorrerá às eleições para rivalizar com Marine Le Pen.

Num vídeo de dez minutos, ele desfiou frases de efeito, num tom apocalíptico: “Não é mais a hora de reformar a França, mas de salvá-la.” Justificou a entrada na disputa para livrar o país do risco de perder a sua identidade, sob influência do Islã, do multiculturalismo e da imigração.

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Aos 63 anos, filho de judeus argelinos, o ex-colunista do Le Figaro e comentarista de TV se arvora em ser porta-voz dos franceses “desprezados pelas elites, pelos jornalistas, pelos acadêmicos, pelos sindicalistas, pelas autoridades religiosas.” Eurocético, prometeu reconquistar a soberania da França.

Seu discurso provocativo foi endereçado aos nostálgicos. “Você anda pelas ruas de suas cidades e não as reconhece mais. Você se sente como se não estivesse mais no país que conhece.” Atacou o sistema político de esquerda e direita, disseminando a teoria racista da substituição.

De imediato, Zemmour prejudica e tira votos de Marine Le Pen, que até o início da temporada eleitoral era considerada a única representante da extrema direita francesa. A líder do Reagrupamento Nacional vem suavizando a retórica ultranacionalista e abriu o flanco para a rápida ascensão do escritor.

Pesquisas de opinião sugerem que o presidente Emmanuel Macron, com 24% das intenções de votos, repetirá a fórmula de 2017, disputando o segundo turno com Le Pen, com 18%. Zemmour teria 14%, mas já esteve em segundo lugar.

De tão controverso, ele escorrega no próprio veneno. Dividiu a comunidade judaica quando tentou reabilitar o governo de Vichy e seu líder, o marechal Philippe Pétain. No fim de semana, abandonou a fleuma erudita, apontando o dedo médio para uma manifestante em Marselha.

Há duas semanas, aproveitou uma visita à boate Bataclan, um dos locais atingidos há seis anos por atentados terroristas, para atacar o ex-presidente François Hollande. “Ele não protegeu os franceses e tomou a decisão criminal de deixar as fronteiras abertas.”

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A atitude beligerante na cerimônia que homenageou as 90 vítimas do massacre revoltou sobreviventes. “Você é uma profanação fúnebre”, reagiu indignado Arthur Dénouveaux, presidente da associação Life for Paris, que reúne sobreviventes dos atentados que mataram 130 pessoas.

Ameaçada de perder o posto, Le Pen procura demarcar distância de seu adversário de campo ideológico, acentuando as enormes diferenças entre os dois nos quesitos economia, imigração e gênero: “Ele é um polemista, não é um candidato presidencial. Ele se afasta e divide. Não traz nada, não tem valor agregado”, observou em declarações à Sud Radio.

Diante de Éric Zemmour, Marine Le Pen, quem diria, virou moderada.

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