África do Sul acelera campanha de vacinação em meio a aumento repentino de casos de Covid

Por Rogerio Magno em 03/12/2021 às 09:24:49
Decisão acontece uma semana após a descoberta da variante ômicron no país. Postos móveis, dentro de shoppings e em estações de transporte público, distribuem doses da vacina. Passageiros, alguns usando máscaras, em táxi de Soweto, África do Sul, em 2 de dezembro de 2021

Jerome Delay/AP

A África do Sul vem acelerando sua campanha de vacinação contra a Covid-19 com a implantação de postos móveis, dentro de shoppings e em estações de transporte público, para combater um rápido aumento nos casos da doença uma semana após a descoberta da variante ômicron.

Os novos casos diários quase dobraram. Na terça-feira (30), eram 4.373 os infectados em 24 horas, já no dia seguinte, este número foi para 8.561, de acordo com as estatísticas oficiais. As autoridades sanitárias acreditam que o número deve ainda aumentar.

“Queremos que as famílias estejam seguras nesta época de festas”, disse o Ministro da Saúde Joe Phaahla na quinta-feira (2).

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“Antes de ir para casa, antes de sair de férias, certifique-se de proteger a si mesmo e àqueles que você ama. Se você visitar seus pais e eles ainda não tiverem sido vacinados, vá com eles ao local de vacinação mais próximo. Isso pode salvar suas vidas.”

O Diretor do Centro Africano para Controle e Prevenção de Doenças, John Nkengasong, concordou. Em entrevista coletiva, ele afirmou que, embora pouco se saiba sobre a eficácia das vacinas contra a ômicron, o que temos hoje "é melhor do que nada".

"Nós temos que usar as vacinas”, disse Nkengasong.

A província de Gauteng, onde fica a maior cidade da África do Sul, Joanesburgo, e a capital, Pretória, é um foco de novas infecções, com mais de 70% dos novos casos.

As autoridades de Gauteng dizem que estão “se preparando para o pior”, aumentando os leitos hospitalares e reabrindo hospitais de campanha em antecipação ao aumento das internações de pacientes com Covid-19.

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Rastreamentos indicam que a variante ômicron, que foi relatada pela primeira vez na África do Sul, está se espalhando rapidamente e já chega a cinco das nove províncias da África do Sul.

Não se sabe ainda quantos dos novos casos estão ligados diretamente à variante ômicron. Isso porque os cientistas só têm capacidade de fazer o sequenciamento genético completo em um pequeno número de testes positivos.

No entanto, parece que o ômicron está “se tornando rapidamente a variante dominante” na África do Sul, de acordo com uma declaração do Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis. O instituto disse que 74% das 249 amostras sequenciadas em novembro foram identificadas como ômicron.

Primeira imagem da variante ômicron revela mais que o dobro de mutações que a delta

Cortesia Hospital Bambino Gesù de Roma

Cientistas da África do Sul e de todo o mundo estão trabalhando no sequenciamento genético das amostras de ômicron para aprender mais sobre esta variante. Muito ainda segue desconhecido sobre a ômicron, incluindo se é mais contagiosa – como algumas autoridades de saúde suspeitam –, se é responsável por casos mais graves, ou se as vacinas existentes são eficazes contra ela.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse em um comunicado que a África do Sul confirmou 172 casos da ômicron, e Botswana 19. Na quinta-feira, o Zimbábue anunciou que confirmou casos desta variante. Gana e Nigéria, na África Ocidental, também registraram casos da ômicron no continente.

Em outubro, antes da descoberta da ômicron, a variante delta era a forma dominante do coronavírus na África do Sul.

A diretora da OMS para a África, Matshidiso Moeti, disse que a rápida detecção e notificação do ômicron por Botswana e África do Sul "comprou tempo para o mundo" à medida que as nações começaram a tomar medidas para tentar evitar que ela se espalhe.

“Temos uma janela de oportunidade, mas devemos agir rapidamente e aumentar as medidas de detecção e prevenção”, disse Moeti.

Ela disse ainda que os países “devem ajustar sua resposta contra a Covid-19 e impedir um aumento de casos na África, que possivelmente sobrecarregaria as unidades de saúde já sobrecarregadas”.

Pessoas em terminal rodoviário em Soweto, na África do Sul, em 2 de dezembro de 2021

Jerome Delay/AP

O governador de Gauteng, David Makhura, disse na quinta-feira que os esforços da campanha de vacinação têm apresentado resultado e que mais pessoas vêm sendo vacinadas. Na província pelo menos 50.000 pessoas foram vacinadas por dia durante esta semana.

No entanto, cerca de metade dos 16 milhões de habitantes da província não foram vacinados, disse Makhura. O número inclui muitos imigrantes que estão na África do Sul sem documentos e, portanto, não podem ser vacinados, uma vez que não têm registro no sistema digital de vacinação, disse ele.

Cerca de 36% dos adultos na África do Sul estão totalmente vacinados, de acordo com estatísticas oficiais. O país agora tem 19 milhões de doses das vacinas Pfizer-BioNTech e Johnson & Johnson, mas o ritmo das vacinações vinha diminuindo.

Foto mostra mulher recebendo segunda dose da vacina da Pfizer em Katlehong, leste de Joanesburgo, na África do Sul, no dia 1º de outubro.

Themba Hadebe/AP

É por isso que as autoridades lançaram a nova campanha para aumentar as vacinas administradas antes que um grande número de sul-africanos comece a viajar e se socializar durante a temporada de Natal e férias de verão.

Desde o início da pandemia, a África do Sul, com uma população de 60 milhões de pessoas, relatou um total de 2,9 milhões de casos confirmados e quase 90.000 mortes na pandemia.

Fonte: G1

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