Portugueses descartaram qualquer tipo de 'Geringonça'

Por Rogerio Magno em 31/01/2022 às 11:31:58
Maioria absoluta dá aval aos socialistas, liderados pelo premiê António Costa, de aprovarem qualquer projeto no Parlamento — mas sem perder de vista a ascensão meteórica da extrema direita na Casa. O primeiro-ministro de Portugal (e secretário-geral do Partido Socialista), António Costa, dança com uma apoiadora durante campanha no centro da capital Lisboa em 28 de janeiro de 2022

Armando Franca/AP

Os portugueses optaram pela estabilidade, respaldando António Costa como o primeiro-ministro mais longevo desde a Revolução dos Cravos, agora com maioria absoluta no Parlamento. Descartaram, assim, qualquer tipo de "Geringonça", de esquerda ou direita, como soluções improvisadas de governo.

A vitória acachapante dos socialistas – que conseguiram pelo menos 117 dos 230 deputados – surpreendeu até o premiê. Costa aprovará o Orçamento de Estado com folga, sem precisar firmar acordos com nenhum partido, assim como a administração dos fundos comunitários oriundos da União Europeia.

Partidos como Bloco de Esquerda e PCP, ex-aliados que em novembro tentaram defenestrar o governo de Costa, foram punidos severamente. Dos 19 deputados, que formavam a terceira maior bancada do Parlamento, o BE ficou com apenas 5 e caiu para sexto lugar.

As eleições antecipadas de domingo (30) produziram, como o previsto, a ascensão meteórica do Chega, de extrema direita, que se consolida como terceira força política no Parlamento, com 12 deputados no Parlamento. Exímio negociador, Costa traçou, desde o início, uma linha vermelha com o partido de ultradireita. Isso lhe rendeu pontos com o eleitorado.

O mesmo não aconteceu com o PSD, de centro-direita, cujo líder, Rui Rio, ficou em cima do muro e demorou a descartar uma aliança com o grupo ultrarradical. O líder do PSD cogitou a demissão, por não ver sentido em ser oposição a um partido com maioria absoluta.

O crescimento do Chega, que na legislatura passada tinha apenas um assento no Parlamento, é resultado também do esfacelamento dos partidos tradicionais de direita. Pela primeira vez em 47 anos de democracia, o CDS não conseguiu eleger um deputado para o Parlamento

Defensor da pena de morte e notório por declarações racistas e xenófobas, André Ventura, líder do Chega, prometeu liderar a construção de uma "grande alternativa de direita" e anunciou, de antemão, que acabou a "oposição fofinha".

"Nunca fizemos arranjinhos com a esquerda e a extrema esquerda. Nunca vamos deixar de dizer a verdade, mesmo que a verdade doa", afirmou Ventura.

A composição do novo Parlamento português dá conforto e segurança a Costa para implementar o Plano de Recuperação e Resiliência, que os portugueses conhecem como "bazuca", com fundos de € 16,6 bilhões da União Europeia. Apenas um tempero amargo sobressai na euforia socialista – a de ter na sua cola um partido incômodo como o Chega.

Fonte: G1

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