G1
Mais de 1 milhão de toneladas de combustível foram apreendidos. Casa Branca acusa empresário do Irã que enviou a carga de ter vínculos com a Guarda Revolucionária iraniana. Navio com bandeira do Irã atracado na VenezuelaAFPO governo de Donald Trump confiscou a carga de quatro navios iranianos com combustível que tentavam chegar à Venezuela, confirmou o Departamento de Justiça nesta sexta-feira (14), como parte da campanha de pressão dos Estados Unidos contra o regime de Nicolás Maduro. A operação resultou na apreensão de 1,1 milhão de barris de petróleo que, de acordo com as autoridades americanas, representa a maior apreensão de combustível iraniano. "O governo anunciou hoje que executou com sucesso a ordem de apreensão e confiscou a carga dos quatro navios somando aproximadamente 1,1 milhão de barris de petróleo", disse o Departamento de Justiça em comunicado. Os Estados Unidos recorreram à Justiça em 2 de julho para confiscar a carga, como parte da estratégia de Donald Trump contra o governo de Nicolás Maduro na Venezuela. A Casa Branca não reconhece o regime chavista como legítimo.Foto de 0 de maio mostra funcionário da estatal venezuelana PDVSA com bandeira do Irã após navio do país asiático atracar na refinaria de Puerto CabelloAFPOs navios afetados foram identificados como Bella, Bering, Pandi e Luna. Segundo a acusação, o empresário iraniano Mahmud Madanipur, que supostamente tem vínculos com a Guarda Revolucionária, providenciou envios para a Venezuela utilizando empresas de fachada offshore e transferências de navio a navio para evitar sanções contra Teerã.O governo de Trump também mantém relações tensas com o Irã, sobretudo depois de ter se retirado do acordo multinacional para congelar o programa nuclear de Teerã, em 2018. As tensões pioraram em janeiro, com a morte do general iraniano Qassem Souleimani.O jornal "The Wall Street Journal" informou nesta quinta-feira, citando autoridades americanas, que os navios haviam sido confiscados e que estavam a caminho de Houston, no Texas. O Departamento de Justiça não especificou o local da operação nem a data. Na quinta-feira, o embaixador do Irã na Venezuela afirmou que os anúncios de que os navios iranianos haviam sido capturados eram "outra mentira e guerra psicológica" dos Estados Unidos."Os navios não são iranianos e nem o proprietário nem sua bandeira tem nada a ver com o Irã", tuitou Hojat Soltani.Apoio à transição na VenezuelaO presidente Nicolás Maduro participa do desfile do Dia da Independência em Caracas, na Venezuela, em 5 de julho Palácio de Miraflores/Divulgação via ReutersA Venezuela é altamente dependente de sua renda de petróleo, mas sua produção caiu para cerca de um quarto de sua capacidade de 2008 e sua economia foi devastada por seis anos de recessão.Segundo dados da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), a produção da Venezuela em julho ficou abaixo dos 400 mil barris diários, um nível equivalente ao de 1934. Em meio ao colapso da indústria e das sanções dos Estados Unidos, a Venezuela, que costumava refinar petróleo suficiente para suas próprias necessidades, precisou recorrer a aliados como o Irã para aliviar uma desesperada escassez de combustível.O Irã enviou vários navios de gasolina neste ano para a Venezuela com o objetivo de ajudar a resolver essa escassez.A maior parte das sanções dos EUA contra a Venezuela entraram em vigor após o início do segundo mandato de Maduro em 2019, que Estados Unidos não reconhece devido às irregularidades nas eleições. Juan Guaidó durante marcha no dia 10 de março de 2020Manaure Quintero/ReutersNesta sexta-feira, um grupo de 28 países, entre eles Estados Unidos, vários membros do Grupo de Lima, do Grupo de Contato Internacional, União Europeia e outros como Israel e Coreia do Sul, emitiram uma declaração conjunta pedindo apoio à transição democrática na Venezuela.O texto reitera a disposição dos países para discutir o levantamento das sanções econômicas, as quais visam pressionar por uma mudança no país venezuelano.Veja no VÍDEO abaixo: oposição a Maduro não vai participar de eleição na VenezuelaNa Venezuela, oposição diz que não vai participar de eleição legislativa