Brasileiros na Ucrânia: as histórias de quem decidiu ficar mesmo durante a guerra

Por Rogerio Magno em 01/03/2022 às 20:58:43
Relatos apontam permanência motivada por laços familiares, compromisso com a comunidade local e até mesmo segurança. Em alguns casos, fugir é mais arriscado que ficar. Conheça as histórias. Cerca de 500 brasileiros viviam na Ucrânia antes do exército de Putin invadir o território por terra, água e mar. Segundo dados do Itamaraty, pelo menos 80 pessoas já haviam cruzado as fronteiras ucranianas, especialmente pela Polônia e Romênia. Mas no meio da maior ofensiva militar na Europa desde a Segunda Guerra , alguns brasileiros escolheram ficar.

O g1 ouviu histórias de quem optou por não deixar a Ucrânia, mesmo com o país sob ataque. As motivações levam em conta laços afetivos – há quem não queira abandonar a família – mas a permanência também têm caráter prático: há casos em que fugir é mais perigoso do que ficar.

Conheça, nos relatos abaixo, os brasileiros que decidiram ficar na Ucrânia mesmo durante a guerra.

"Se tivesse filhos, teria partido"

Paula Pereira, de 36 anos, mora com o marido ucraniano em Odessa, no sul do país Ela diz que está apreensiva com o avanço do exército russo, mas que não pretende deixar o marido. Paula não considera a decisão um ato romântico.

Não é 'só' por causa dele que fiquei. Mas claro, o fato de não termos filhos facilita a minha decisão. Se eu tivesse, eu teria partido", contou a jornalista.

Paula Pereira mora na Ucrânia desde 2020

Arquivo Pessoal

Segundo Paula, os relatos de quem partiu também a preocuparam. Nos primeiros dias da guerra, ela afirma que soube de pessoas desesperadas, cansadas, com fome, sem dormir e enfrentando filas.

"Eu sei que a família e os amigos se sentem impotentes vendo seus entes queridos num país em guerra. Mas eu não quero ser mais uma a me sentir assim: impotente; porque concordei em estar ao lado dele pelo máximo de tempo possível. Juntos, cuidamos um do outro. E ninguém aqui quer morrer. Para falar a verdade, se pudéssemos fugir juntos, teríamos fugido. Só que a situação é outra."

Veja aqui o relato completo da brasileira Paula Pereira

"Na alegria ou na guerra", diz padre

O padre brasileiro Lucas Perozzi Jorge acolhe refugiados em paróquia em Kiev, na Ucrânia

Arquivo pessoal

O padre brasileiro Lucas Perozzi Jorge, de 36 anos, é do interior de São Paulo, mas vive na Ucrânia desde 2004. A paróquia em que o religioso trabalha, em Kiev, tornou-se um refúgio para quem busca proteção contra a guerra.

"Eu sempre tive a certeza de ficar aqui. Já me falaram para voltar, mas aqui é o meu lugar, o lugar que eu escolhi para compartilhar, seja na alegria ou na guerra", contou ao g1.

Veja aqui o relato completo de Lucas Perozzi

'Ainda é mais seguro ficar aqui'

Atleta piauiense Kedma Larissa, de 20 anos, mora há seis meses na Ucrânia

Arquivo Pessoal

Kedma Laryssa Santos Araújo, de 20 anos, é jogadora de futebol e vive na cidade de Kryvyi Rih, que fica no sudeste da Ucrânia. A localização da cidade faz com que seja mais difícil se locomover para alguma fronteira. Segundo a piauiense, ainda é mais seguro permanecer onde está.

“Não conseguimos ir de trem porque não temos como chegar até a estação, que é mais ou menos a 1 hora e não temos carro para ir até lá. O pessoal do nosso clube diz que por enquanto aqui ainda é seguro, que na rua corremos perigo”, contou.

Veja aqui o relato completo de Kedma Araújo

Guerra na Ucrânia

A guerra no leste europeu teve início no dia 24 de fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu a Ucrânia. O conflito já deixa 660 mil refugiados. Nesta terça (1º), cinco pessoas morreram durante um ataque a uma torre de TV em Kiev, capital da Ucrânia. Veja aqui o que mais você precisa saber sobre a guerra na Ucrânia.

Fonte: G1

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