Jornalista russa é julgada por protesto antiguerra e pode ficar 10 dias presa

Por Rogerio Magno em 15/03/2022 às 13:38:02
Justiça russa vai decidir se a jornalista se manifestou de forma ilegal ao invadir o cenário de um telejornal com um cartaz em que dizia que a Rússia invadiu a Ucrânia. Funcionária de TV estatal russa invade programa para protestar contra a guerra na Ucrânia

Marina Ovsiannikova, funcionária de um canal russo de televisão que invadiu um noticiário para denunciar a ofensiva na Ucrânia, começou a ser julgada nesta terça-feira (15), por ter-se manifestado ilegalmente, de acordo com informações da Justiça da Rússia.

A audiência aconteceu no tribunal distrital de Ostankino, em Moscou.

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Se for considerada culpada pela acusação de protesto ilegal, ela poderá enfrenta dez dias de prisão. Marina não foi imediatamente acusada do crime de publicar informações falsas sobre os militares russos, delito que prevê uma pena máxima de 15 anos de prisão.

No julgamento, Ovsiannikova se declarou inocente.

Jornalista que protestou ao vivo na TV russa gravou vídeo: 'Estou envergonhada pelas mentiras'

"Não reconheço minha culpa, [eu] continuo convencida de que a Rússia está cometendo um crime... e que é o invasor da Ucrânia", afirmou ela.

Mais cedo, seu advogado Daniil Berman chegou a considerar que sua cliente corria o risco de ser condenada no âmbito dessa nova lei.

"Há uma boa chance de que as autoridades decidam dar o exemplo para que outros críticos se calem", afirmou o advogado, explicando que ainda não conseguiu se reunir com sua cliente.

Ovsiannikova, na casa dos 40 anos, é natural de Odessa, na Ucrânia, e trabalha na emissora Pervy Kanal, um veículo muito próximo do poder russo.

Na noite de segunda-feira, ela irrompeu no meio do noticiário e ficou atrás da apresentadora com um cartaz que dizia: "Não à guerra, não acredite na propaganda. Aqui eles estão mentindo para você".

No início de março, as autoridades russas aprovaram uma lei que pune a publicação de "informações caluniosas" sobre os militares russos com pena prevista de até 15 anos de prisão.

Marina Ovsiannikova, mãe de dois filhos pequenos, poderia ser incluída nessa lei, segundo seu advogado.

Nesta terça-feira, o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov, chamou o ato de vandalismo.

Em um vídeo gravado antes de entrar no noticiário, Ovsiannikova explicou que seu pai é ucraniano, e sua mãe, russa, e que ela não suporta a disseminação de mentiras que transformam russos em zumbis.

Desde então, sua conta no Facebook recebeu dezenas de milhares de mensagens de apoio. Hoje, um porta-voz do chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, elogiou seu gesto.

Também nesta terça, o governo francês declarou estar disposto a oferecer "proteção consular" à jornalista russa, anunciou o presidente Emmanuel Macron, que pediu que a Rússia esclareça sua situação.

"Vamos iniciar medidas para oferecer proteção a ela, na embaixada, ou de asilo", disse Macron à imprensa, garantindo que vai propor isso a seu homólogo russo, Vladimir Putin, em sua próxima conversa por telefone.

Há semanas, o presidente francês vem tentando fazer uma mediação entre Putin e seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky: em um primeiro momento, para evitar o conflito; e agora, para pôr fim a esta guerra.

A menos de um mês da eleição presidencial na França, Macron declarou hoje que não descarta viajar para Moscou, ou Kiev, mas que ainda não há "condições" para fazer essas viagens "nos próximos dias".

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Fonte: G1

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