Chanceler da Rússia diz que Brasil, China e Índia não querem receber ordens do 'Tio Sam'

Por Rogerio Magno em 18/03/2022 às 15:19:55
Sergei Lavrov disse que a Rússia perdeu todas as ilusões sobre confiar no Ocidente e Moscou nunca aceitará uma visão do mundo dominada pelos Estados Unidos, que buscam agir como um xerife global. Sergei Lavrov em foto de 10 de fevereiro de 2022

Ministério das Relações Exteriores da Rússia/Divulgação/REUTERS

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que o Brasil, entre outros países, não querem receber ordens do "Tio Sam", em referência ao governo dos Estados Unidos.

Em entrevista publicada na sexta-feira (18) pela emissora estatal russa RT, Lavrov listou China, Índia, Brasil, Argentina e México como países que, assim como a Rússia, não aceitariam receber ordens dos EUA.

“Há atores que nunca aceitariam uma aldeia global com um xerife americano", disse o chanceler russo. "China, Índia, Brasil, Argentina, México. Tenho certeza de que esses países não querem estar em uma posição em que o Tio Sam lhes ordene fazer algo e eles digam 'Sim, senhor'.”

Durante a entrevista, Lavrov disse que a Rússia perdeu todas as ilusões sobre confiar no Ocidente e Moscou nunca aceitará uma visão do mundo dominada pelos EUA.

O g1 perguntou ao Itamaraty se o governo brasileiro apresentou ao Ministério das Relações Exteriores russas informações que corroborassem essa afirmação e de que forma ela poderia interferir nas relações entre o Brasil e os EUA. Até a última atualização desta reportagem, o Itamaraty não havia respondido.

O Brasil tem mantido uma posição contrária à invasão russa da Ucrânia em seus votos na ONU, apesar de o presidente Bolsonaro não se posicionar claramente contra a iniciativa de Moscou, que o governo de Vladimir Putin classifica como "operação militar especial". O representante brasileiro nas Nações Unidas votou a favor de uma resolução contra invasão da Ucrânia pela Rússia, junto a ampla maioria de países.

"Renovamos nosso apelo pela cessação total das hostilidades, pela retirada das tropas e pela retomada imediata do diálogo diplomático", disse o embaixador Ronaldo Costa Filho na ocasião.

Nesta quinta-feira (18), o representante brasileiro no Conselho de Segurança da ONU, João Genésio Almeida, reforçou a posição contrária à invasão russa e afirmou que o imediato cessar das hostilidades na Ucrânia e a garantia segura da passagem de civis "é fundamental".

"Só com um cessar-fogo abrangente e respeitado é que é possível dar acesso rápido e seguro de assistência humanitária àqueles que precisam", disse Almeida.

Essas foram as manifestações oficiais do Brasil contra a invasão russa. No entanto, em fevereiro, o vice-presidente Hamilton Mourão foi desautorizado pelo presidente Jair Bolsonaro após dizer que ele não concordava com a invasão. Até a última atualização desta reportagem, Bolsonaro não havia feito um pronunciamento oficial condenando a ação da Rússia.

Fonte: G1

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