Cerca de 70 mil pessoas tiveram que sair de suas casas por causa dos conflitos em Nagorno-Karabakh, a região de fronteira entre o Azerbaijão e a Armênia. Imagem de varanda na cidade de Stepanakert, em Nagorno-Karabakh, com os restos de um míssil, em 7 de outubro de 2020
Reuters
Metade da população de Nagorno-Karabakh foi deslocada pelos combates iniciados há quase duas semanas entre separatistas de origem armênia e o Azerbaijão, anunciaram nesta quarta-feira (7) as autoridades do território.
"De acordo com nossos cálculos preliminares, quase 50% da população foi deslocada, e 90% dos afetados são mulheres e menores de idade. Falamos de [uma quantidade de pessoas] entre 70 mil e 75 mil", declarou à AFP Artak Belgarian, mediador responsável pela defesa dos direitos dos civis em tempos de guerra.
De acordo com Belgarian, as pessoas foram deslocadas dentro de Karabakh ou se tornaram refugiadas fora do território.
Nagorno-Karabakh afirma que 223 militares e 19 civis morreram desde o começo do conflito, em 27 de setembro.
O Azerbaijão diz que 25 civis morreram e 127 ficaram feridos. O país não revelou os dados de baixas entre os militares.
Região de maioria armênia
Nagorno-Karabakh tem 140 mil habitantes, e 99% deles são armênios. As autoridades locais e a Armênia acusam o Azerbaijão, desde o início dos combates em 27 de setembro, de atingir civis, sobretudo em Stepanakert, a cidade mais importante do território, onde vivem quase 50 mil pessoas.
Desde sexta-feira da semana passada, o local é alvo de foguetes e projéteis que forçam a população a buscar abrigo nos subsolos ou fugir de suas casas.
Azerbaijão e Armênia se acusam mutuamente de atacar áreas civis
As autoridades do Azerbaijão também afirmam que sua população civil é alvo de ataques armênios, mas não apresentaram dados sobre deslocados.
Na madrugada de quarta-feira, Stepanakert voltou a ser atingida por bombardeios. Durante a manhã foram registrados ataques com drones.
Vista geral de Stepanakert, principal cidade de Nagorno Karabakh
David Mdzinarishvili/Reuters
As sirenes ressoam com frequência na cidade, que fica praticamente sem energia elétrica durante as noites.
Um morador entrevistado pela AFP afirmou que a noite passada teve os bombardeios mais intensos desde o fim de semana.
Mais soldados mobilizados
O Azerbaijão afirma que cidades fora da área de Nagorno-Karabakh foram atingida. A luta acontece perto de dutos de óleo que levam gás do país para a Europa.
Em uma entrevista na segunda-feira a uma emissora de TV, o presidente azeri, Ilham Aliyev, disse que a armênia deve retirar suas tropas de Nagorno-Karabakh para que a ação militar pare.
Mapa República de Nagorno-Karabakh
Alexandre Mauro/G1
"Não colocamos os olhos nos territórios de outros países, mas o que é nosso deve ser nosso", ele afirmou.
O primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, convocou mais militares a se mobilizar. "Quero convidar essas pessoas e dizer a elas que estamos lutando uma guerra de sobrevivência pela pátria", escreveu ele em uma rede social.
