Governo do RN cria força-tarefa para fiscalizar áreas interditadas nas falésias de Pipa

Por Rogério Magno em 19/11/2020 às 20:58:12
Governadora Fátima Bezerra informou que Poder Executivo também atuará na instalação das estruturas necessárias para o isolamento da área. Decisão foi comunicada após reunião

Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi

O Governo do Rio Grande do Norte anunciou na noite desta quinta-feira (19) que vai criar uma força-tarefa para auxiliar o município de Tibau do Sul na fiscalização das áreas interditadas temporariamente nas falésias de Pipa.

Na terça-feira (17), uma parte da falésia desabou e matou um casal, o filho de sete meses e o cachorro deles.

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O Poder Executivo também garantiu instalar a estrutura para o isolamento da orla, no trecho do Centro de Pipa ate a? Praia do Madeiro, no intuito de proteger banhistas e comerciantes.

As decisões foram comunicadas na noite desta quinta-feira (19) após reunião da governadora Fátima Bezerra com representantes do Ministério Público Federal e da Defesa Civil estadual e nacional.

Farão parte da equipe que auxiliará na fiscalização da área agentes da força de segurança e de órgãos ambientais.

"O MPF sai daqui com o compromisso da governadora de dar o apoio logístico necessário para as medidas preventivas de isolamento, que são necessárias agora, enquanto os estudos estão sendo finalizados para a classificação dos riscos e identificação e sinalização das medidas necessárias", disse o procurador da República Victor Mariz.

Uma nova reunião foi marcada para esta sexta-feira (20) entre representantes do Governo do RN e da Prefeitura de Tibau do Sul para definição de como funcionará a força-tarefa.

Equipe da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil concorda com interdição no trecho

Emilly Virgílio/Inter TV Cabugi

Nesta tarde, equipe da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil esteve no trecho da falésia que desabou ao lado de equipes da Defesa Civil do RN e do Idema para vistoria do local.

Segundo o órgão nacional, a medida atual de interdição é a melhor alternativa a curto prazo. Outras atuações serão pensadas após estudo das áreas. O trecho foi interditado um dia após o acidente pela Prefeitura de Tibau do Sul.

"A ação de curto prazo é essa que já está sendo feita pelo município, que é a ação de isolamento. Porque as outras ações carecem de estudo e de projeto. Então, tudo isso tem que ser feito com muita calma e muita tranquilidade pra que se tenha a eficiência desejada", disse o geólogo Érico Borges, da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil.

Estudos vão pautar medidas futuras

A equipe coletou amostras das falésias para análises que podem ser usadas para decisões futuras no trecho. O geólogo explicou que qualquer medida de proteção a médio ou longo prazo na região depende de um estudo mais aprofundado.

"Tudo isso carece de estudo. Nós temos uma coleta de dados e já existe um trabalho sendo feito pelo município, que é anterior ao evento que ocorreu, justamente para propor uma norma de conduta para proteger o turista e o morador local", disse ele em referência ao mapeamento das áreas de risco feito por uma equipe técnica da prefeitura.

Equipe da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil esteve no trecho da falésia que desabou em Pipa

Emilly Virgílio/Inter TV Cabugi

Segundo o geólogo, as interdições temporárias feitas pela Prefeitura de Tibau do Sul por recomendação da Defesa Civil do RN garantem a segurança neste momento.

"No que diz respeito à preservação de vidas, acho que essa questão já foi equacionada pelo isolamento".

O técnico explica que a decisão final sobre o que deve ser feito na região não vai depender apenas da Defesa Civil. Ele diz que os relatórios técnicos devem basear as decisões, mas que elas vão se dar em uma análise conjunta de outros órgãos.

Ao todo, 10 estabelecimentos já foram notificados e fechados temporariamente na praia

Julianne Barreto/Inter TV Cabugi

"O Idema tem que se posicionar sobre qualquer tipo de interferência que vá ser feita em área de falésia. O Ministério Público tem que se posicionar também sobre ações que são pertinentes ou não. Outros órgãos têm que se posicionar e isso carece de demandas, reuniões", disse.

Investigação do MPF

Foto de uma área próxima à do acidente que matou uma família em Pipa nesta terça-feira (17) mostra o desgaste na falésia provocado pelas marés

Juliane Barreto/Inter TV Cabugi

O Ministério Público Federal do RN (MPF) promoveu a instauração de um procedimento específico para apurar a situação da estabilização e dos riscos das falésias na região em que aconteceu o acidente.

Ao todo, segundo o MPF, há 18 inquéritos abertos envolvendo ocupações irregulares em bordas de falésias no litoral do estado, principalmente no Tibau do Sul, onde Pipa fica localizada. Ainda há seis ações judiciais, inclusive uma penal sobre o tema.

Falésias são um tipo de acidente geográfico formado por uma encosta íngreme ou vertical, que geralmente termina no mar e sofrem ação erosiva causada pela água. Falésias de grande dimensão costumam ser chamadas de penhasco.

Família morreu soterrada

O desabamento de uma falésia causou a morte de Hugo Pereira, de 32 anos, Stela Souza, de 33, do filho do casal, Sol Souza Pereira, que tinha 7 meses de vida, e do cachorro da família.

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Arquivo pessoal

Uma das vítimas, Hugo Pereira, de 32 anos, era gerente de recepção no hotel Sunbay. Ele é natural de Jundiaí, no interior de São Paulo, e morava havia alguns anos em Pipa. Em 2017, o G1 contou a história de Hugo, que tinha rodado 14 mil quilômetros com uma cadelinha. A família aproveitava um dia de folga na praia quando aconteceu o acidente.

Testemunhas relataram que eles estavam sentados próximos à falésia, quando houve o desabamento. Stela ainda chegou a tentar salvar o filho e o abraçou antes da queda. A família foi velada e sepultada nesta quarta-feira (18) sob forte comoção, em Pipa.

"Ainda deu tempo de a mãe tentar segurar a criança, por isso que os adultos estavam mais machucados, porque a mãe estava abraçada com ele [o bebê]", disse Igor Caetano, empresário de passeio náutico, que presenciou o acidente.

Parte das falésias da praia de Pipa desabou sobre turistas nesta terça-feira (17).

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Fonte: G1

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