Para colocar em prática a medida, a pasta deve lançar nesta semana um cadastramento de médicos e equipes interessadas no serviço.
Com isso, os profissionais receberão treinamento para uso da plataforma e um certificado digital ICP-Brasil, necessário para fazer os atendimentos e emitir documentos como atestados e receitas médicas digitais. "Será uma garantia de segurança", diz.
Para fazer a consulta, o médico enviará um endereço eletrônico ao paciente para videoconferência. Também haverá a opção de fazer a consulta por telefone. A decisão ficará a cargo do profissional e paciente, afirma o secretário. No final, o paciente deve receber por email uma pesquisa de satisfação.
Segundo Harzheim, essa será a primeira ferramenta de teleconsulta entre médico e paciente a nível federal.
Até então, as estratégias existentes visavam apoio a diagnóstico e ocorriam apenas entre profissionais, sem contato direto com o paciente.
O projeto terá duração de oito meses, com possibilidade de renovação. O investimento deve ser de R$ 4 milhões.
"Pretendemos que com o tempo todas as equipes de saúde da família tenham seu consultório virtual. É uma estratégia de expansão de acesso. Será para os pacientes que a equipe já conhece, com quem o médico pode fortalecer o vínculo".
Em geral, modelo da estratégia de Saúde da Família em geral prevê consultas periódicas nas unidades e visitas de agentes comunitários de saúde –cuja orientação atual é que sejam feitas com cuidado e à distância.
De acordo com o secretário, a estimativa é que profissionais de até 30 mil postos de saúde tenham condições iniciais de fazer uso da ferramenta. O total equivale àquelas que já têm prontuário eletrônico ou foram homologadas em projetos para aumentar a oferta de conexão à internet na rede de saúde.
Nas demais, a ausência de conexão pode dificultar o processo. Atualmente, o Brasil tem cerca de 43 mil unidades básicas de saúde, com 106 milhões de pacientes cadastrados.
Harzheim reconhece entraves. "[Das unidades que têm conexão] há cerca de 5.000 que só vão ter opção de conexão por satélite, e talvez tenhamos dificuldade", diz.
Segundo ele, a pasta busca maneiras de ampliar o acesso à internet pelas unidades por meio de um projeto do Ministério de Ciência e Tecnologia.
Alvo de polêmica no último ano, a expansão de serviços de telemedicina passou a ser prevista com o avanço do novo coronavírus.
O Conselho Federal de Medicina chegou a lançar em 2019 uma resolução que ampliava o uso desse tipo de ferramenta, mas a medida acabou cancelada após críticas de entidades médicas, que viam problemas na segurança.
Harzheim critica a falta de regulamentação anterior. "Se não fosse a pressão de parte da corporação médica, teríamos avançado muito mais na telemedicina no país e estaríamos, no início da pandemia, mais preparados para enfrentá-la", afirma.
Neste ano, o aumento de casos de Covid-19 voltou a trazer pressão por atendimentos a distância, o que levou o CFM e Ministério da Saúde a divulgarem portarias com novas regulamentações provisórias.
Fonte: Banda B