Na Austrália, vídeos de conteúdo sexual dentro do Parlamento forçam governo a demitir um funcionário

Por Rogerio Magno em 23/03/2021 às 09:07:35
Membros do Partido Conservador trocavam mensagens com vídeos que mostravam atos sexuais sendo praticados dentro do Parlamento. Funcionários do governo e deputados usavam a sala de oração do Legislativo para terem relações sexuais e que prostitutas. Protesto contra a violência sexual em frente ao Parlamento da Austrália, em Canberra, em 15 de março de 2021

Saeed Khan / AFP

O Parlamento da Austrália atravessa uma crise depois que a mídia do país divulgou, na segunda-feira (22), vídeos de funcionários do governo praticando atos sexuais no prédio do poder legislativo.

Em um dos vídeos, um funcionário está sozinho no gabinete de uma deputada e pratica um ato sexual. Os vídeos e fotos foram sido compartilhados em um bate-papo em grupo entre funcionários conservadores do governo antes de serem vazados. O jornal "The Australian" e o Channel 10 revelaram a existência do material.

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O denunciante que vazou os vídeos e as fotos, identificado apenas como Tom, disse que funcionários do governo e deputados usavam a sala de oração do Parlamento para terem relações sexuais e que prostitutas foram levadas para o prédio "para o prazer dos deputados da coalizão".

Ele também relatou que um grupo de funcionários trocava fotos pornográficas de si mesmos e que recebeu tantas que "ficou imune".

O denunciante falou de uma "cultura de homens que acreditam que podem fazer o que querem". Embora considere que, provavelmente, não violaram nenhuma lei, "moralmente, eles estão acabados".

O material teve grande impacto, sobretudo, porque são precedidos por uma série de casos que mancham a esfera política australiana e que geraram protestos em todo país.

Reação do governo

O primeiro-ministro, o conservador Scott Morrison, classificou os comportamentos como escandalosos.

Morrison já foi criticado no passado por não ter dado a devida atenção a uma acusação de estupro feita por uma funcionária do governo contra um ex-colega (veja abaixo).

Um assessor já foi demitido, e o governo prometeu tomar outras medidas.

A ministra da Mulher, Marise Payne, que também é titular da pasta das Relações Exteriores, disse à imprensa que as revelações são "mais do que decepcionantes" e reforçam a necessidade de investigação ordenada, por parte do governo, sobre a cultura do local de trabalho no Parlamento.

Em meados de março, dezenas de milhares de pessoas participaram de uma campanha de manifestações chamada #March4Justice (#MarchaPelaJustiça) para denunciar a violência sexual e exigir a igualdade de gênero.

Acusações de estupro

A ministra da Indústria, Karen Andrews, disse estar "completamente farta" do sexismo e acrescentou que "sua consciência não lhe permite mais ficar calada".

Em Camberra, Karen disse à imprensa que o Partido Liberal, ao qual ela pertence, deveria considerar cotas para cargos.

Dois casos atingiram, recentemente, ministros do governo de centro-direita.

No mês passado, Brittany Higgins, uma ex-funcionária do governo, afirmou que um colega a estuprou em 2019 no gabinete no Parlamento de Linda Reynolds, então ministra da Indústria de Defesa.

Linda Reynolds foi foi criticada pela forma como seu gabinete recebeu as acusações da jovem.

No início de março, Christian Porter, principal consultor jurídico do governo, negou ter violentado uma adolescente de 16 anos, com quem estudava, em 1988. Esta mulher faleceu no ano passado.

Ele apresentou uma ação por difamação contra o canal público ABC, o primeiro a divulgar as denúncias.

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Fonte: G1

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