O Fórum de Governadores se reuniu hoje (16) com representantes da secretĂĄria-geral adjunta da Organização das Nações Unidas (ONU), Amina Mohamed, e com representantes da Organização Mundial de SaĂșde (OMS) para solicitar auxĂlio na viabilização de mais doses de vacinas. Os governantes estaduais defenderam um tratamento especial ao Brasil como uma "ajuda humanitĂĄria" diante do reconhecimento dos órgãos internacionais de que o paĂs é o novo centro da pandemia.
Os governadores solicitaram apoio das instituições internacionais para destravar o repasse de doses previstas no acordo do mecanismo Covax Facility, consórcio coordenado pela OMS. Segundo o coordenador do Fórum, o governador do PiauĂ, Wellington Dias, o Brasil teria direito a 9,1 milhões de doses oriundas do mecanismo, mas só recebeu até o momento 1 milhão.
"HaverĂĄ esforço para que uma entrega que estava prevista para maio possa ser antecipada para até o fim de abril, de 4 milhões de doses. Vamos tratar com Coreia, Ăndia e China, que estão neste esforço de produção [dos imunizantes]. Até o mĂȘs de maio completa essa entrega e maio-junho tem perspectiva de regularização", declarou Dias em entrevista coletiva após a reunião.
Outro pleito foi a participação de tratativas junto à Ăndia para enviar 15 milhões de Ingredientes FarmacĂȘuticos Ativos (IFAs) – as matérias-primas chave da fabricação de uma vacina - para a produção e novas doses da vacina CoronaVac, desenvolvida a partir de uma parceria entre Instituto Butantan e a farmacĂȘutica chinesa Sinovac.
Os 15 milhões de IFAs foram prometidos e seriam disponibilizados pelo laboratório Serum, da Ăndia. Contudo, com a explosão de casos nesse paĂs os insumos e produção de imunizantes estão sendo voltados para atender ao mercado interno.
A demanda dos governadores é que sejam entregues até o fim de abril pelo menos 10 milhões de IFAs ou de doses prontas da Coronavac pela China. Isso porque eles alertam para o risco da falta desta quantidade deixar pessoas desprotegidas sem a aplicação da 2ÂȘ dose ainda no mĂȘs de abril.
Tanto no caso da CoronaVac quanto no da vacina de Oxford/AstraZeneca, o Fórum defendeu a atuação da ONU e OMS na interlocução com as farmacĂȘuticas para antecipar a transferĂȘncia de tecnologia aos laboratórios brasileiros: o Instituto Butantan e a Fiocruz, respectivamente.
Tal antecipação permitiria que as duas instituições passassem a produzir novas doses inteiramente no Brasil, sem dependĂȘncia do envio de insumos de outros paĂses, o que agilizaria o atendimento do mercado interno.
Os governadores requisitaram aos representantes dos dois organismos internacionais ajuda na intermediação também junto ao governo e Congresso dos Estados Unidos para alterar a proibição de exportação do excedente de vacinas produzidas no paĂs.
A expectativa do governo estadunidense é imunizar toda a sua população até maio. A previsão de é que sobrem doses. Os governadores querem que a venda ou empréstimo de parte deste excedente sejam autorizados ao Brasil como uma situação excepcional de "ajuda humanitĂĄria".
Os governadores também trataram do colapso no sistema de saĂșde nacional e da falta de insumos, especialmente dos medicamentos que fazem parte do chamado "kit intubação", usado no suporte ventilatório de pacientes com covid-19. Eles requisitaram à secretĂĄria-geral adjunta da ONU auxĂlio no diĂĄlogo com paĂses que possuam estoques desses medicamentos que que possam disponibilizĂĄ-los.
Outra proposta apresentada foi que, a exemplo do que ocorreu no caso das drogas para tratamento de pessoas com HIV/AIDS, ocorra uma quebra das patentes para que outros laboratórios possam também produzir as vacinas.
Fonte: AgĂȘncia Brasil