Discurso de Bolsonaro destoa de ações de seu governo

Por Rogerio Magno em 22/04/2021 às 13:48:45
Presidente brasileiro vende ao mundo a imagem de um país engajado em política ambiental responsável e passa ao largo de desmatamento registrado em março, o maior desde 2015. Bolsonaro na Cúpula de Líderes sobre o Clima

Reprodução/Youtube

O discurso do presidente Jair Bolsonaro na Cúpula de Líderes sobre o Clima promovida pelos EUA destoou das ações que o Brasil, sob seu comando, vem tomando para combater o aquecimento global. Ele chegou isolado ao encontro e tentou reduzir a distância em relação aos demais participantes: optou pelo tom conciliador e vendeu a imagem de que o Brasil é um agente engajado em uma política ambiental responsável.

VÍDEO: Veja destaques do discurso de Bolsonaro na Cúpula de Líderes sobre o Clima

Bolsonaro se comprometeu a zerar o desmatamento ilegal até 2030 e antecipou em dez anos, para 2050, a meta de neutralizar as emissões de carbono. Anunciou a duplicação dos recursos para a fiscalização dos órgãos ambientais, mas não condicionou diretamente a aplicação do plano à ajuda financeira externa.

O presidente brasileiro passou ao largo dos números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que em março registrou a maior perda da Floresta Amazônica desde 2015 -- mais de 367 quilômetros quadrados.

Agora é saber se a nova entonação de Bolsonaro terá convencido seus pares da comunidade internacional de que o Brasil realmente está na vanguarda, como assegurou: nos dois últimos anos, o país caminhou na direção oposta, desmontando respeitadas estruturas que monitoram e combatem o desmatamento.

O anfitrião da cúpula não chegou a ouvir Bolsonaro – pediu licença para se ausentar um pouco antes que o brasileiro, o 19º entre 26 oradores, falasse.

Biden também transmitiu um alerta sobre a ameaça do aquecimento global oposto ao que os americanos se acostumaram a ouvir nos últimos quatro anos. Além de retirar os EUA do Acordo de Paris, seu antecessor, Donald Trump, menosprezou insistentemente os efeitos do aquecimento global.

No discurso de abertura, o presidente americano ressaltou que a próxima década será decisiva para o planeta. “Os sinais são inconfundíveis. A ciência é inegável. Mas o custo da inação continua aumentando. Os Estados Unidos não estão esperando, estamos entrando em ação.”

Biden anunciou um plano agressivo para os EUA, o segundo emissor mundial de gases do efeito estufa: o de reduzir pela metade as emissões até 2030, nos níveis abaixo aos de 2005. Sem revelar, contudo, as condições para concretizar a meta, o presidente americano deixou clara a mudança de postura dos EUA, reafirmando a liderança do país no tema. Seus tradicionais aliados, sobretudo os da Europa, louvaram o retorno dos EUA ao convívio multilateral.

Desta vez, Bolsonaro tentou mostrar sintonia com Biden, assim como fez com Trump, em 2019, em seu primeiro discurso na Assembleia Geral da ONU. Ambos acenaram na mesma direção. Mas, dificilmente, o presidente brasileiro terá derrubado as sólidas barreiras do ceticismo, sobretudo em relação à preservação da Amazônia, erguidas ao longo de seu governo.

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Fonte: G1

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