Após ataque a bomba de garimpeiros, Yanomamis enviam 4Âș pedido de socorro ao ExĂ©rcito

Por Rogerio Magno em 17/05/2021 às 17:09:48

Após uma semana de ataques intensos de garimpeiros ilegais contra a comunidade Palimiu, em Roraima, que resultaram na morte de duas crianças, a Hutukara Associação Yanomami (HAY) enviou um novo ofício à Fundação Nacional do Índio (Funai), à Polícia Federal em Roraima (PF/RR), à 1ÂȘ Brigada de Infantaria da Selva do Exército (1ÂȘ Bis) e ao Ministério Público Federal em Roraima (MPF-RR), pedindo segurança para o local, conhecido como Base dos Americanos.

É o quarto pedido de socorro desde o início do mês. Os Yanomami vêm sofrendo ataques diĂĄrios de garimpeiros ilegais que juram vinganças após os indígenas interceptarem uma carga de quase mil litros de combustível no final de abril.

::Yanomamis denunciam morte de duas crianças durante ataque de garimpeiros em Roraima::

No último 11 de maio, agentes da Polícia Federal estiveram na comunidade localizada na Terra Indígena Yanomami para verificar a situação e foram recebidos por tiros pelos garimpeiros que espreitavam na região.

No vídeo gravado pelos indígenas, é possível ouvir os disparos contra a comunidade.

Garimpeiros jogaram bombas de gĂĄs lacrimogêneo e alvejaram comunidade

Segundo DĂĄrio Kopenawa, vice-presidente da associação, os indígenas da comunidade Palimiu estão fracos e ainda sentem os impactos das bombas de gĂĄs lacrimogêneo jogadas pelos garimpeiros no domingo (16).

No documento, a entidade reitera o pedido de apoio logístico e instalação de posto emergencial na comunidade de Palimiu para manutenção da segurança na região.

"No dia 16 de maio, pela noite, às 21:40, recebemos ligação da comunidade de Palimiu comunicando novo ataque de garimpeiros à comunidade. Segundo disseram os Yanomami, eram 15 barcos de garimpeiros se aproximando contra a comunidade.

Os Yanomami disseram que além dos tiros, havia muita fumaça e que seus olhos estavam ardendo, indicando o disparo de bombas de gĂĄs lacrimogêneo contra os indígenas. Os Yanamami estavam muito aflitos, e gritavam de preocupação ao telefone. Ao fundo, era possível escutar o som dos tiros. A situação era grave.

Reiteramos o pedido aos órgãos que atuem com urgência dentro de seu dever legal para impedir a continuidade da espiral de violência no local e garantir a segurança para a comunidade Yanomami de Palimiu, antes que conflitos de mais grave natureza ocorram.

Em particular, solicitamos que urgentemente:

(i) Proceda-se com a instalação de um posto avançado emergencial na comunidade de Palimiu, com o objetivo manter a segurança no local e no rio Uraricoera,

(ii) O Exército brasileiro, por meio da 1ÂȘ Brigada de Infantaria da Selva, promova apoio logístico imediato para ações dos demais órgãos públicos para garantir a manutenção da segurança no local", diz o ofício.

Comunidade também solicita segurança para os isolados MoxihatĂ«tĂ«a

A Hutukara solicita segurança não só para a comunidade Palimiu, mas, também, para os isolados MoxihatĂ«tĂ«a. Segundo a organização, uma base de garimpo ilegal estĂĄ localizada a 15 km da comunidade, também situada em Roraima, e coloca em risco os indígenas, que negam contato com qualquer pessoa externa.

Assim, o pedido por garantia de segurança, da lei e da ordem por parte do Estado, segundo a associação, é total, jĂĄ que indígenas de todo o território Yanomami estão vulnerĂĄveis aos ataques dos garimpeiros.

::Ameaças, estupros e prostituição: os impactos do garimpo ilegal para as mulheres::

A expectativa dos indígenas é que o Exército atenda à solicitação por segurança, jĂĄ que mulheres e crianças estão na rota de tiro do garimpo ilegal.

Segundo membros da comunidade, até o momento não hĂĄ qualquer logística de segurança operando na defesa dos indígenas. Questionados por e-mail, o Exército, a FunaiI e nem a Polícia Federal responderam quais medidas estão sendo tomadas.

Com base em pedido do Ministério Público Federal em Roraima, a Justiça Federal determinou na última sexta-feira (14) que a União mantenha efetivo armado, de forma permanente, na comunidade Palimiú, na Terra Indígena Yanomami em Roraima, para evitar novos conflitos e garantir a segurança de seus integrantes.

Na decisão, foi estabelecido prazo de 24 horas para que a União informe e comprove nos autos o envio de tropa para a comunidade sob pena de multa a ser fixada. Também foi determinado à Funai que auxilie as forças de segurança no contato com os indígenas e no gerenciamento das relações interculturais.

O pedido foi feito pelo Ministério Público Federal na quarta-feira (12), na ação civil pública ajuizada no ano passado, na qual pediu a total desintrusão de garimpeiros na região.

Outro lado

O Brasil de Fato procurou o Exército Brasileiro, o ministério da Saúde, a PF, a Funai, o MPF-RR e o Ministério da Defesa pra comentar o assunto. Até a publicação desta reportagem, apenas os dois primeiros haviam respondido. Veja abaixo.


Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde, por meio do Distrito SanitĂĄrio Especial Indígena (DSEI) Yanomami, informa que os profissionais da Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena (EMSI) que se encontravam no Polo Base da comunidade Palimiú, na Terra Indígena Yanomami, foram retirados, pelo DSEI, por falta de segurança no local, na terça-feira, 11 de maio.

A retirada foi acompanhada por agentes da Polícia Federal e pelo Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) Yanomami para garantir a integridade física dos profissionais de saúde. A unidade de atendimento serĂĄ reaberta tão logo seja possível atuar em segurança na localidade. Em caso de urgência ou emergência durante este período, o DSEI realizarĂĄ atendimento pontual e a comunidade não ficarĂĄ desassistida.

Exército Brasileiro

Este Comando Militar de Área informa:

O helicóptero solicitado pela Polícia Federal foi prontamente disponibilizado e a missão dos agentes da Polícia Federal foi cumprida.
A partir de agora, o Exército Brasileiro aguarda as investigações das autoridades competentes e novas demandas dos órgãos responsĂĄveis para prosseguir no apoio.

Atenciosamente,

Seção de Comunicação Social do Comando Militar da Amazônia

Fonte: Brasil de Fato

Comunicar erro
Rede Ideal 1

ComentĂĄrios

Telecab