No Chile, eleitores escolhem pré-candidatos para a presidência que representam a renovação

Por Rogerio Magno em 19/07/2021 às 10:13:35
O candidato da esquerda tem 35 anos, e o da direita concorreu de forma independente, sem partido. Imagem de 18 de julho da cédula das primárias para a presidência no Chile

Javier Torres / AFP

No Chile, onde, no domingo (19), houve prévias para decidir quem serão os candidatos à presidência em 21 de novembro, dois candidatos jovens e que representam uma renovação da política.

O deputado Gabriel Boric, um ex-líder estudantil, será o candidato da esquerda, e Sebastián Sichel, um ex-ministro que concorre de forma independente, vai concorrer pela direita. Os dois são considerados políticos de centro dentro de seus espectros ideológicos.

Gabriel Boric comemora a vitória nas primárias do Chile em 18 de julho de 2021

Javier Torres/AFP

Boric, do partido Convergência Social, venceu com 60,42% de apoio. Foi uma vitória inesperada, pois o representante do Partido Comunista, Daniel Jadue, era considerado o favorito.

"Não tenham medo da juventude para mudar este país", disse Boric ao celebrar sua vitória em Santiago. Com 35 anos, ele será o candidato à presidência mais jovem da história do Chile.

Boric se tornou conhecido como líder das manifestações que pediram educação gratuita a partir de 2011. Ele é deputado desde 2014 pela zona de Punta Arenas, sul do Chile, e em março anunciou a candidatura presidencial por seu partido e pela Frente Ampla, a coalizão que integra com outras formações de esquerda.

Ele foi um dos signatários em 15 de novembro de 2019 no Congresso do acordo para a redação de uma nova Constituição, uma demanda dos protestos iniciados em outubro do mesmo ano.

Sebastian Sichel durante as primárias presidenciais no Chile, em 18 de julho de 2021

Yankovic / Aton Chile / AFP

A vitória de Sichel (49,08% dos votos) no campo da direita foi menos surpreendente. Ex-ministro do Desenvolvimento Social do governo do presidente Sebastián Piñera, como candidato independente ele superou Joaquín Lavín (31,31%), que é do partido União Democrata Independente (UDI).

"Agora o 'Chile Vamos' é um só. Somos uma coalizão que se prepara para vencer a eleição presidencial", afirmou Sichel, de 43 anos, em referência ao pacto de direita do governo de Piñera, que desde a explosão social de outubro de 2019 sofreu uma considerável perda de popularidade.

Ficaram de fora das primárias de centro-esquerda a Democracia Cristã, o Partido Socialista e o Partido Pela Democracia. Os aliados na 'Concertación', a coalizão de partidos tradicionais de esquerda que governou o Chile desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet em 1990, perderam o apoio histórico entre o eleitorado progressista desde a crise social iniciada em 2019.

Veja abaixo uma reportagem sobre a vitória de candidatos independentes na formação da Assembleia Constituinte que está em vigor no país.

Independentes surpreendem e têm mais de um terço das cadeiras da Constituinte do Chile

Primárias durante a Constituinte

As primárias aconteceram em um clima de ebulição política após a instalação, em 4 de julho, da Convenção Constitucional, que tem a missão de escrever uma nova Constituição, que vai substituir a Carta atual, herdada da ditadura (1973-1990), e que colocou em xeque a política tradicional com a entrada no cenário de independentes e grupos cidadãos, em sua maioria de centro-esquerda.

O Chile está mergulhado em uma dinâmica eleitoral iniciada em 25 de outubro de 2020 com o plebiscito constitucional. Em maio, os chilenos voltaram às urnas para eleger prefeitos, vereadores, governadores regionais e os 155 constituintes.

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Fonte: G1

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