Keiko Fujimori diz que vai reconhecer vitória 'ilegítima' de Pedro Castillo em eleição presidencial do Peru

Por Rogerio Magno em 19/07/2021 às 20:45:52
Em pronunciamento, ela afirmou que irá cumprir 'o que mandam a lei e a Constituição que jurei defender'; anúncio foi feito no mesmo dia em que a Justiça Eleitoral informou que rejeitou seus últimos recursos e irá declarar Castillo presidente eleito esta semana. Posse está prevista para o dia 28 de julho. A ex-candidata Keiko Fujimori, durante declaração à imprensa na qual anunciou que irá reconhecer o resultado das eleições presidenciais do Peru, em Lima, na segunda-feira (19)

Reuters/Sebastian Castaneda

A ex-candidata Keiko Fujimori admitiu nesta segunda-feira (19) que irá reconhecer a vitória de seu adversário Pedro Castillo nas eleições presidenciais do Peru, disputadas em junho, apesar de continuar chamando o resultado de "ilegítimo".

"Anuncio que cumprindo os meus compromissos assumidos com todo o poco peruano, com Mario Vargas Llosa, com a comunidade internacional, reconhecerei os resultados porque é o que mandam a lei e a Constituição que jurei defender", declarou, durante um pronunciamento transmitido ao vivo pela TV.

"Nossa defesa da democracia não termina com a proclamação ilegítima de Castillo", acrescentou.

O anúncio foi feito no mesmo dia em que a Justiça Eleitoral peruana informou que rejeitou os últimos recursos de Fujjimori para evitar sua derrota eleitoral e que vai proclamar nesta semana Castillo como vencedor.

A posse do novo presidente está prevista para o dia 28 de julho.

O Júri Nacional de Eleições (JNE) afirmou no Twitter que declarou por unanimidade a improcedência dos cinco recursos apresentados na semana passada pelo partido Força Popular, de Fujimori.

O candidato à presidência do Peru pelo partido Peru Livre, Pedro Castillo, saúda eleitores da sede de seu partido, em Lima, em 9 de junho

Reuters/Sebastian Castaneda

De acordo com a contagem dos votos da eleição de 6 de junho, Castillo, um professor de 51 anos, obteve 50,12% dos votos, ante 49,88% obtidos pela filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que está preso.

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Castillo surpreendeu logo no primeiro turno, ao superar figuras tradicionais da política peruana em uma eleição bastante embolada. No segundo turno, ele enfrentaria Keiko Fujimori — herdeira do fujimorismo, corrente política de linha dura que dominou o Peru na década de 1990. A adversária disputaria a presidência pela terceira vez consecutiva.

Em 6 de junho, dia da votação, foi impossível declarar um vencedor. A apuração mostrava margens minúsculas de diferença entre os dois candidatos. Ao fim, Castillo terminou na frente com uma diferença de 44 mil votos, mas Keiko se recusou a aceitar o resultado, acusou o adversário de fraude e entrou com processos na justiça eleitoral.

O esquerdista Pedro Castillo e a direitista Keiko Fujimori disputaram o segundo turno da eleição presidencial no Peru

Ernesto Benevides/AFP e Gian Masko/AFP

Nenhum desses questionamentos, porém, foi bem sucedido. Houve até um pedido de demissão por parte de um dos componentes do Júri Eleitoral para tentar atrasar o processo, mas a vaga logo foi preenchida e a manobra, criticada. Manifestantes dos dois lados foram às ruas em Lima e outras partes do país para pedir respeito ao voto.

Finalmente, na tarde de 12 de julho, o Júri Nacional terminou a análise de todos os questionamentos feitos por Keiko e seus partidários, abrindo caminho para a oficialização da vitória de Castillo.

Quem é Pedro Castillo

O candidato presidencial do Peru, Pedro Castillo, durante coletiva de imprensa antes de votar, em Chugur, Peru.

REUTERS / Alessandro Cinque

Castillo, de 51 anos, foi uma grande surpresa no primeiro turno das eleições presidenciais no Peru, um país com eleitores profundamente decepcionados com seus políticos tradicionais.

O presidente eleito ficou conhecido no cenário nacional em 2017, após liderar uma greve de professores de quase três meses exigindo aumento de salários dos professores. Na campanha, ele prometeu um aumento para professores públicos.

Também ao longo da corrida eleitoral, o esquerdista chegou a prometer desativar o Tribunal Constitucional, a mais alta corte do país, porque afirma que ela defende a "grande corrupção". Além disso, ele argumentou que caso se torne presidente fecharia também o Congresso se este não aceitar seus planos. No entanto, com a vaga no segundo turno encaminhada, Castillo voltou atrás e disse que só faria isso caso a população aprovasse.

Manifestantes favoráveis a Pedro Castillo criticam em protesto em Lima neste sábado (26) a tentativa de Keiko Fujimori em anular parte dos votos nas eleições presidenciais do Peru

Sebastian Castaneda/Reuters

Castillo é muito conservador socialmente: se recusa a legalizar o aborto, é contra o "enfoque de gênero" na educação e tem relutado em reconhecer os direitos das minorias sexuais. Depois das eleições, ele declarou que não é comunista — em resposta a uma das alegações feitas pelos fujimoristas.

O novo presidente peruano nasceu na pequena cidade andina de Puña, na província de Chota, onde os moradores costumam usar chapéu de aba larga, como Castillo usava em suas viagens e até mesmo no único debate presidencial realizado nesta campanha. Também dirigente sindical, ele foi votar a cavalo no domingo na região andina de Cajamarca, onde reside.

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Fonte: G1

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