Olimpíadas de Tóquio: brasileiro que vive há 23 anos no Japão é responsável por alimentação de atletas

Por Rogerio Magno em 04/08/2021 às 05:15:50
Adiamento dos Jogos Olimpícos por um ano chegou a levar alguns empresários à falência, mas Alan Cardinali diz que conseguiu superar dificuldades e garantiu comida fornecimento a 80% dos atletas do Brasil. Para ele, ausência de público tirou brilho do evento, mas 'Japão procura sempre fazer o melhor para todos'. Allan Cardinali mora há 23 anos no Japão

Arquivo pessoal/Alan Cardinali

Morando no Japão há 23 anos, o brasileiro Allan Cardinali e sua esposa, a chef de cozinha Clarissa, receberam com enorme empolgação a chance de trabalhar nas Olimpíadas de Tóquio em 2020, graças a um contrato com o Comitê Olímpico Brasileiro para fornecer alimentação a atletas.

A alegria, porém, se transformou em apreensão quando os jogos foram adiados – e sofreram risco de cancelamento – por causa da pandemia de Covid. “Fizemos investimentos para um evento planejado para 2020 e um ano de atraso tornou o desafio ainda maior, mas com otimismo, perseverança e fé em Deus, tudo se ajeitou”, diz Allan ao G1.

A chef de cozinha Clarissa Cardinali ao lado do surfista Ítalo Ferreira, medalha de ouro nas Olimpíadas de Tóquio

Arquivo pessoal/Alan Cardinali

Vivendo em Okazaki-shi, na província de Aichi, o casal tem uma empresa que prepara comida brasileira saudável congelada, e se tornou responsável pela alimentação de cerca de 80% dos atletas brasileiros em cinco bases diferentes na região de Tóquio (Heiwajima, Chuo – ao lado da Vila Olímpica –, Saitama, Myagase e Chiba).

Segundo Allan, alguns empresários chegaram a quebrar por causa do adiamento. “A mídia, o setor turístico e o comércio criaram uma grande expectativa financeira e compromissos foram assumidos”, explica.

Ele diz que, mesmo às vésperas dos Jogos, boa parte da população ainda era contra sua realização, e que a questão acabou se tornando uma questão política e de classes: “o governo queria fazer e a oposição queria cancelar, a classe médica e da saúde era contra, com medo de uma nova onda de corona, enquanto o comércio e turismo queria que acontecesse”.

Funcionários de Alan e Clarissa Cardinali posam com o surfista Ítalo Ferreira em Tóquio

Arquivo pessoal/Alan Cardinali

Para o brasileiro, a proibição do público foi uma medida conciliadora e tranquilizadora porque a população com medo do Covid ficou mais calma.

“Pessoalmente, entendo que o espetáculo perde grande parte do seu brilho e seu calor que vem do público presente nos jogos, mas essa Olimpíada entra pra história por esse motivo e por ser a única realizada em ano ímpar”, opina.

“Eu acho que a imagem do Japão e do japonês é reflexo do que ele é mesmo, um país organizado, que antecipa em vez de remediar e procura sempre fazer o melhor para todos”, conclui.

Sem poder assistir às competições, restou a Allan e sua equipe o consolo de ter conhecido alguns dos atletas brasileiros durante o trabalho, entre eles o surfista Ítalo Ferreira, que conquistou a primeira medalha de ouro para o país nas Olimpíadas de Tóquio.

Fonte: G1

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