Afegão que vive no Brasil diz que está 'sem contato' com família após 12 dias de domínio do Talibã

Por Rogerio Magno em 26/08/2021 às 15:35:28
Sayed Abdul Rahman Hashimi, de 30 anos, saiu do Afeganistão em 2015 para estudar no Brasil e disse que está 'há dias sem contato' com a família que vive em Cabul, no Afeganistão. Sayed na época em que morava no Afeganistão

Sayed Abdul Rahman Hashimi/ Arquivo pessoal

O engenheiro civil Sayed Abdul Rahman Hashimi, de 30 anos, que mora há 6 no Brasil, ainda não conseguiu falar com a família que mora no Afeganistão, após explosões no aeroporto internacional de Cabul, na capital afegã, nesta quinta-feira (26).

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Em conversa com o G1, as 14h31 desta quinta, o engenheiro disse que tinha ficado sabendo do ataque terrorista no aeroporto cinco minutos antes.

"Tem cinco minutos que soube do ataque no aeroporto por um amigo, ainda não consegui contato com meus familiares que moram no local. Estou sem contato há dias com eles, mas acho que está tudo bem", disse.

Ao menos duas explosões deixaram várias vítimas no aeroporto internacional Hamid Karzai. A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) confirmou que foi um atentado terrorista e o Talibã condenou o ataque.

Em entrevista ao G1 no dia 17 de agosto, Hashimi disse na época que falou com os parentes e, até aquele momento, estavam em segurança, em casa.

"Estou chocado, tenho irmãs, sobrinhos e cunhados vivendo em Cabul".

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Preocupado com parentes

Ele saiu de Cabul, capital do país, em 2015, para morar e estudar no Brasil. Cursou uma especialização em engenharia, em 2019, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Sayed contou, na entrevista do dia 17, que, mesmo depois de ter conseguido conversar, nos primeiros dias de ataque, com seus parentes que moram em Cabul, estava preocupado com a segurança deles no local.

"Eles estão juntos, em casa, em segurança, mas contaram que nada funciona lá, tudo fechado, aeroporto com aglomeração e voos cancelados, não tem polícia, não tem governo, até nossa bandeira, eles tiraram e colocaram outra no lugar. Me preocupo com eles, apesar de saber que, por enquanto, estão bem", contou.

Sayed na faculdade de engenharia no Afeganistão, em 2013

Arquivo pessoal

Sayed disse, naquele dia, que a família ainda não pensa em sair de lá para vir para o Brasil. "Ainda é muito complicado para eles saírem de lá". Nesta quinta (26), ele não pôde falar por muito tempo com a reportagem.

Os pais, o irmão, sobrinhos e uma cunhada de Sayed moram em São Paulo desde 2009. "Meu irmão estava correndo perigo em Cabul e por isso saíram de lá", disse o engenheiro, sem dar detalhes.

Ele se formou e se casou no Afeganistão. Devido às dificuldades em conseguir um emprego "melhor", ele e a esposa decidiram vir para o Brasil para estudar e tentar "mudar de vida".

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"Lá eu trabalhava na construção dos projetos que militares dos Estados Unidos estavam fazendo para militares do Afeganistão, as coisas estavam difíceis e, quando cheguei no Brasil, comecei a trabalhar até como camelô", contou.

Sayed conseguiu a naturalização brasileira em 2019. Atualmente, ele trabalha como autônomo e mora com a esposa e o filho, que nasceu no Brasil.

"Minha vida está melhorando aqui e estou muito feliz. Desejo paz no Afeganistão, não importa quem fique no governo, queremos paz, eles sofrem há 50 anos, que a situação melhore por lá", deseja Sayed.

Sayed e amigos em Cabul, no Afeganistão.

Arquivo pessoal

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Fonte: G1

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