Entenda como partido neofascista que rejeita passaporte sanitário pode ser proibido na Itália

Por Rogerio Magno em 11/10/2021 às 12:11:00
O Força Nova é acusado de orquestrar protestos violentos contra a exigência de certificado de vacina em locais de trabalho. Manifestantes antivacina entraram em confronto com a polícia em Roma neste sábado (9)

REUTERS/Remo Casilli

Uma violenta manifestação em Roma orquestrada pelo partido nacionalista de extrema direita Força Nova contra o chamado passaporte verde da Covid-19 deu mais munição a políticos e sindicatos em sua cruzada para dissolver a legenda criada no fim da década de 1990 e tachada de neofacista.

Dois de seus líderes -- Roberto Fiore e Giuliano Castellino -- acabaram presos nos protestos de sábado, quando a sede da confederação sindical CGIL foi saqueada e um hospital, invadido pelos manifestantes.

O argumento para proibir o partido, que levanta bandeiras da homofobia, do antissemitismo e da xenofobia, se fortaleceu.

O Partido Democrata (PD), de centro-esquerda, apresentará uma moção no Parlamento pedindo a dissolução do Força Nova, invocando a Lei Scelba, de 1952, que proíbe a reconstrução de partidos inspirados na ideologia fascista.

“Os confrontos violentos nos levam de volta aos momentos mais sombrios e dramáticos de nossa história e são um ataque extremamente sério e inaceitável à democracia”, resumiu a ex-ministra de Educação Valeria Fedeli, senadora pelo PD.

Durante a pandemia do novo coronavírus, que castigou severamente o país, com mais 130 mil mortes, os líderes da Força Nova aproveitaram para elevar o nível dos confrontos, articulando protestos contra o lockdown e a vacinação.

Sob a retórica truculenta, invocam falsamente a liberdade para rebelar-se agora contra a obrigatoriedade do passaporte sanitário em locais de trabalho, a partir do dia 15, decretada pelo governo italiano.

Homem apresenta passe de saúde, o chamado Green Pass, para entrar no Coliseu em Roma, em foto de 6 de agosto de 2021

Guglielmo Mangiapane/Reuters

A Itália ainda não alcançou a meta de 80% de imunizados, daí a exigência do certificado digital, do teste negativo ou de uma prova de que o funcionário de empresas públicas e privadas se recuperou de

Covid-19 nos últimos seis meses. Estima-se que cerca de 8 milhões de italianos elegíveis ainda não tenham se vacinado.

Os manifestantes de extrema direita interpretam a exigência do passaporte sanitário como uma forma de intimidação à vacinação. Os testes serão gratuitos apenas para os que estão impossibilitados de se vacinar por motivos de saúde.

Os sindicatos, por sua vez, apoiam a medida do governo e rechaçam a resistência ferrenha destes grupos que, nas palavras de Maurizio Landini, secretário-geral da CGIL, praticaram um ataque à democracia e ao mundo do trabalho”.

Entendem que o uso da violência como forma de alcançar um objetivo político se enquadra perfeitamente no perímetro previsto pela Lei Scelba e que, portanto, o Força Nova deve ser banido da cena política italiana.

Fonte: G1

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