Em debate, Barroso e Felipe Neto defendem educação digital e conscientização contra fake news

Ministro do STF e youtuber participaram de debate virtual sobre política e juventude. JN mostrou que Felipe Neto tem sido vítima de acusações falsas e ameaças [...]

Por Rogério Magno em 31/07/2020 às 05:22:57
Ministro do STF e youtuber participaram de debate virtual sobre política e juventude. JN mostrou que Felipe Neto tem sido vítima de acusações falsas e ameaças após críticas a Bolsonaro. O ministro Luís Roberto Barroso, integrante do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e o youtuber e empresário Felipe Neto defenderam nesta quinta-feira (30) a educação digital e a conscientização como uma das formas de combate à disseminação de conteúdo falso na internet, as chamadas fake news.

Barroso e Felipe Neto participaram de um debate virtual sobre política e juventude, no qual também discutiram o projeto das fake news, em discussão no Congresso Nacional, e o chamado "discursos de ódio" nas redes sociais.

Durante o debate, Barroso citou medidas que considera necessárias para o enfrentamento das fake news. O magistrado voltou a cobrar as empresas que oferecem aplicativos de redes sociais. Para ele, as companhias devem enfrentar comportamentos inautênticos, usos de robôs, perfis falsos e impulsionamentos ilícitos.

"Acho que as empresas já se deram conta disso e já começaram a mudar o seu comportamento", afirmou.

Barroso acrescentou que a imprensa profissional e as agências de checagem de fatos também devem ser protagonistas no combate a conteúdo falso. Para o ministro, é necessária a conscientização da sociedade.

"Estamos preparando uma campanha no TSE para que as pessoas verifiquem a autenticidade do que recebem, não repassem acriticamente as coisas e, sobretudo, a regra de ouro é: não fazer aos outros o que não gostariam que fizessem consigo mesmas", disse. "A verdade não tem dono, mas a mentira deliberada tem", emendou.

Influenciador digital Felipe Neto é vítima de fake news e de ameaças

Educação digital

Na mesma linha, Felipe Neto afirmou que a solução para as fake news passa pela educação digital dos usuários.

Para o youtuber, o ódio na internet é articulado e "depende da ignorância do povo que vai se permitir ser controlado". Felipe Neto sustenta que o conteúdo falso é elaborado por indivíduos que sabem o que estão fazendo e que convencem uma massa de pessoas, que não é mal-intencionada, a disseminar "maldades" acreditando que está lutando pelo "bem".

"Não houve, em nenhum momento no Brasil, educação digital. Não ensinamos às pessoas como usar a internet. Uma pessoa tem dificuldade de entender o que é uma notícia do jornal e o que é uma mensagem do WhatsApp. A mensagem do WhatsApp chega formatada como uma notícia real. A pessoa não entende que não é", afirmou.

"A necessidade de educação digital é urgente [...]. A solução demora, mas ela está enraizada na educação", completou Felipe Neto.

O influenciador fazia críticas ao governo Dilma Rousseff. Depois que começou a fazer críticas públicas ao presidente Jair Bolsonaro, no entanto, passou a ser vítima de acusações falsas e ameaças nas redes sociais, como mostrou o Jornal Nacional.

Nesta terça-feira (29), por exemplo, homens acompanhados de um carro de som foram até o condomínio onde o youtuber mora. Um deles, na internet, fez postagens contra Felipe Neto.

Na live desta quinta-feira, com o ministro Barroso, o influenciador digital afirmou: "Mesmo com toda a violência e todos os ataques que eu venho recebendo, é muito raro acontecer uma coisa na vida real, apesar do episódio de ontem. Existem casos isolados aqui e ali. Só que vem se tornando cada vez mais real".

Câmara inicia debates sobre projeto que visa a combater as fake news

Projeto das fake news

Apesar de defender ações contra as fake news, Felipe Neto disse considerar que o projeto sobre o tema no Congresso precisa ser mais discutido. Para ele, do jeito que está, a proposta representa uma "certa ameaça" para a liberdade na internet.

"Não pode dar um tiro de bazuca para matar uma formiga", disse. Para o youtuber, o projeto está sendo feito por pessoas que, muitas vezes, são vítimas de conteúdo falso e que a reação pode ser "precipitada". Um tema "sensível", afirma Felipe Neto, não pode ser decidido em um ou dois meses.

O ministro Luís Roberto Barroso não fez comentários sobre a proposta. Argumentou que o projeto pode vir a ser questionado no STF. Entretanto, o magistrado afirmou que "é possível que o debate ainda não esteja maduro para ser convertido em lei".

Ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE

Waldemir Barreto/Agência Senado

'Democracia tem que reagir'

Durante o debate virtual, o presidente do TSE disse ser "inaceitável" a constituição de organizações criminosas, financiadas privadamente com o objetivo de destruição de pessoas e instituições.

"A liberdade de opinião é intangível. Mas, [ao] esforço concertado para destruir a democracia, a democracia tem que reagir em legítima defesa", declarou.

Para Barroso, combate-se a informação fraudulenta inundando o mercado com informação verdadeira e conscientização.

O ministro afirmou que o judiciário só consegue enfrentar as fake news "residualmente", porque os ritos do judiciário são incompatíveis com a velocidade de propagação dos conteúdos nas redes sociais. Além disso, o magistrado declarou que, em muitos casos, as notícias falsas vêm de servidores no exterior, onde a justiça brasileira não pode atuar.

Felipe Neto afirmou que, além de educação digital, é necessária a investigação sobre os mandantes dos esquemas de proliferação de ataques e notícias falsas.

'Polarização' política

Sobre o momento político no Brasil, que está "polarizado", Barroso disse que isso sempre existiu. "Só não existe polarização onde existem ditaduras, porque um lado sufoca o outro", afirmou.

Para o presidente do TSE, é preciso acabar com o que chamou de "incapacidade" de debate de ideias e argumentos.

Felipe Neto sustentou que o "amor engaja muito menos do que o ódio", fenômeno que gera fundamentalismos e radicalização, principalmente nas redes. "A solução não está na radicalização nem no ódio, está no diálogo", concluiu.

Fonte: G1

Comunicar erro
Rede Ideal 1

Comentários

Telecab