Líderes de EUA e Rússia conversarão nesta terça num momento em que desconfiança mútua é grande entre Washington e Moscou, que mobiliza forças militares perto da fronteira ucraniana, despertando temores de uma invasão. Putin quer garantias de que Otan não se expandirá perto de seu território. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, posam para foto antes da reunião em Villa la Grange, em Genebra, na Suíça, em 16 de junho de 2021
Denis Balibouse/Reuters
A Casa Branca informou nesta segunda-feira (6) que o presidente Joe Biden fez uma chamada com os líderes de França, Alemanha, Itália e Reino Unido para discutir o aumento da presença militar Rússia na região próxima à fronteira com a Ucrânia, assunto que preocupa os aliados ocidentais.
Eles defenderam a diplomacia como forma para solucionar disputas na região e pediram a desescalada das tensões por parte de Moscou.
A conversa ocorre na véspera de uma reunião virtual do americano com o mandatário russo, em que ambos têm um abismo de desconfiança mútua para transpor e tentar construir uma ponte de diálogo. Os Estados Unidos acreditam que a mobilização militar de Moscou é uma ameaça russa de invasão à Ucrânia.
"Um estado lamentável", foi como o Kremlin descreveu as relações antes da teleconferência estendida, que deve começar na manhã de terça-feira, no horário dos Estados Unidos.
Washington já acusou a Rússia de acumular tropas perto da fronteira da Ucrânia para intimidar a aspirante a membro da Otan, sugerindo a repetição do livro de jogadas de Moscou de 2014, quando tomou a península da Crimeia, no Mar Negro, da Ucrânia. O governo norte-americano diz que o Ocidente está pronto para impor duras sanções caso a Rússia inicie a invasão.
Vacas pastam perto de um tanque e militares supostamente russos, em frente a uma base militar em Perevalnoye, perto de Simferopol, na Crimeia, em foto de 2014
Shamil Zhumatov/Reuters
O Kremlin rejeitou a ideia de que suas forças estão prontas para invadir, classificando-a como promoção de medo, e afirmou que suas tropas se movimentam pelo seu próprio território puramente por propósitos defensivos.
Para o governo russo, o crescente envolvimento de uma ex-república soviética vizinha com a Otan --e o que vê como uma possibilidade aterrorizante de mísseis da aliança na Ucrânia tendo a Rússia como alvo-- é uma "linha vermelha" que não deverá ser cruzada.
Putin exige garantias com vinculações legais de que a Otan não irá expandir para o leste ou colocar suas armas próximas ao território russo, enquanto o governo norte-americano afirma repetidamente que nenhum país pode vetar a campanha da Ucrânia para se tornar membro da Otan.
"Eu não aceito as linhas vermelhas de ninguém", disse Biden na sexta-feira.
Uma autoridade sênior do governo norte-americano disse a jornalistas na segunda-feira que Biden vai alertar Putin sobre consequências econômicas severas se a Rússia invadir a Ucrânia, e ressaltou que os EUA não estão buscando um cenário que inclua ações militares dos EUA.
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