Especialistas fazem alerta sobre o pouco consumo de água para o organismo durante o calor

Por Rogerio Magno em 30/01/2022 às 01:11:00
A onda de calor no território sul-americano em 2022 é notória e todos estão sentindo. E mais do que a sensação desconfortável, as elevações bruscas de temperatura também estão associadas a diversas patologias decorrentes da desidratação, principal sintoma sofrido pelo corpo em ambientes quentes. Um organismo com pouca água disponível para seu funcionamento correto, se torna vulnerável a problemas cardiovasculares, renais, respiratórios, e alérgicos. Apesar da prevenção fácil, apenas com hidratação regular, é preciso ficar atento aos sinais que cada corpo pode apresentar diante do calorão.

Mais do que a sensação desconfortável, as elevações bruscas de temperatura estão associadas a diversas doenças decorrentes da desidratação, principal sintoma sofrido pelo corpo em ambientes quentes


A forma como o calor afeta o sistema cardiovascular está diretamente ligada ao grau de hidratação do corpo. A desidratação provoca o aumento da frequência cardíaca e pode elevar os níveis de pressão arterial. "Uma pessoa bem hidratada tende a ter menos oscilações de frequência cardíaca e de pressão arterial. Essas oscilações aumentam o consumo de oxigênio pelo músculo cardíaco e podem ser o início de quadros de angina ou de arritmias", explica o cardiologista Gustavo Torres.

Por exemplo: temperaturas acima de 30ºC favorecem a vasodilatação, o processo de expansão dos vasos sanguíneos. Tal efeito ocorre para equilibrar a temperatura corporal, na tentativa de diminuí-la. Com menos pressão nas artérias, alterações cardíacas podem acontecer. O aumento da sudorese (transpiração) também pode ser um fator: sem a reposição de líquidos, o volume de sangue circulando no corpo diminui - o que também causa vasodilatação.

A desidratação, por acelerar a frequência cardíaca, pode levar ao aumento da pressão arterial. "Em alguns casos pode haver queda de pressão dependendo do grau de desidratação e da presença de comorbidades", afirma Gustavo. Há também o fato de alguns grupos serem mais suscetíveis aos efeitos do calor, como idosos, obesos, pessoas muito magras e crianças, além daqueles com comorbidades.

Segundo o cardiologista, a resposta de aumento de frequência cardíaca e oscilação de pressão arterial em indivíduos com comorbidades (diabetes, hipertensão) podem ser o gatilho para o surgimento de sintomas relacionados à angina e arritmias. Em pacientes que já convivem com comorbidades cardíacas, mudanças climáticas podem contribuir para ocasionar aumento da "viscosidade" do sangue, o que acarreta complicações adicionais.

O exercício físico, ainda mais evidente no verão, é algo que mexe diretamente com a frequencia cardíaca e a temperatura do corpo, sendo também alvo de atenção. "Pode se exercitar sim, desde que a pessoa esteja bem hidratada, adaptada ao tipo de atividade que irá desenvolver e com avaliação cardíaca em dia. As atividades que puderem ser feitas sem o efeito direto do sol são preferiveis, principalmente entre as 10h da manhã e as 3h da tarde, explica.

Garganta seca
Partes do corpo como garganta e nariz costumam ser bastante sensíveis aos efeitos das mudanças de temperatura, sejam ligados ou não a alergias. Segundo o otorrinolaringologista Hede Gurgão, uma garganta ressecada por muito tempo é sinal de problema. "A garganta é revestida por uma mucosa que precisa estar sempre úmida. Se ela estiver seca, não vai conseguir se autolimpar, e vai acumular vírus e bactérias. É o caminho para se desenvolver uma faringite, por exemplo", explica.

Outra situação que compromete a garganta, e é muito comum no verão, é o choque térmico. "Se você está numa praia debaixo do sol à pino e toma um sorvete, ou sai duma praia e entra no carro com ar condicionado, o choque térmico é inevitável. E não precisa ser na praia, pode rolar ao se entrar num carro ou ambiente com ar condicionado forte, por exemplo", diz. A oscilação do clima diminui o batimento ciliar da mucosa, podendo deixar bactérias entrarem na garganta.

O médico salienta que esses fatores de choque térmico também podem variar de pessoa pra pessoa. "Há pessoas que sofrem mais com isso, tem outras que sofrem menos. Eu tenho paciente que se tomar um copo de água gelado já fica com a garganta irritada. Então ele tem uma sensibilidade maior", explica. Uma garganta seca pode sofrer inflamações da mucosa, dores e sensações de inchaço ao engolir.

O calor aquece o corpo, desidrata, e consquentemente também atinge as funções dos órgãos respiratórios. Segundo o otorrino, no momento em que a covid-19 e as viroses estão em alto grau de transmissibilidade, como agora, a atenção deve ser redobrada. "Quem estiver com um quadro desse tem que evitar se expôr realmente ao sol. Ficar mais em casa, se resguardado até os sintomas passarem. E felizmente eles estão mais leves nessa fase atual", enfatiza.

O nariz e a garganta inflamados por algum motivo, podem acabar chegando a outro órgão da cabeça: os ouvidos. É o território das otites, processo inflamatório e infeccioso que acontece por conta do tempo excessivo que as pessoas passam dentro da água. "Nesse período de calor, de verão, como aumentam as viroses e a rinossinusite, as alergias seguem o embalo. Então isso afeta a tuba auditiva que também pode causar um otite média. No caso da água, do banho e do mergulho é a otite externa. Mas no caso das viroses, das sinusites e das questões de garganta, pode gerar otite média", explica.

Pedras renais
A desidratação mais recorrente no período de verão também propicia o aumento oportunista de um velho conhecido: o cálculo renal. Segundo o urologista Maryo Kempes, os períodos mais quentes do ano registram um aumento de 30% dos casos de cálculos renais. O alerta se dá pelo fato de que é bastante comum nesta época de veraneio as pessoas ingerirem comidas ricas em gorduras e também frutos do mar, que contêm doses altas de ácido úrico, agente provocador das chamadas pedras nos rins.

Há sintomas que podem indicar o problema, sendo a coloração da urina o mais fácil de identificar. "É preciso observar se a urina tem aspecto mais transparente. A aparência mais amarelada e escura é indicativa de que o corpo precisa de mais líquidos para ficar bem hidratado e minimizar o risco de cálculo renais", aponta o urologista.

Embora a maioria das pessoas consiga expelir as pedras naturalmente, pela urina, cerca de 15% da população acaba sofrendo com o problema. Nos casos mais agudos, o indicado mesmo é procurar assistência médica. "As pessoas precisam estar ainda mais atentas, fazendo constante hidratação e não descuidando da alimentação, sobretudo fugir dos itens gordurosos", recomenda Kempes, indicando uma dieta com verduras, legumes, frutas e saladas.

Fonte: Tribuna do Norte

Comunicar erro
Rede Ideal 1

Comentários

Telecab