Paranaense que está na Ucrânia relata fuga de famílias para Ternópil: 'Não há o que fazer, apenas rezar'; VÍDEO

Por Rogerio Magno em 24/02/2022 às 19:13:26
Danilo Pincheski está no oeste do país em cidade-irmã de Prudentópolis, município da região central do Paraná. Outros paranaenses com família na Ucrânia também demonstram preocupação. Paranaense que está na Ucrânia relata situação vivida no país

O parananense Danilo Pincheski, de Pitanga, na região central do estado, está visitando a Ucrânia e presencia desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira (24) a fuga de famílias que buscam locais mais seguros no país frente a invasão russa.

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Segundo o paranaense, após os primeiros ataques, muitas famílias deixaram regiões limítrofes com a Rússia, além de Kiev, capital do país, e procuraram refúgio em cidades como Ternópil, que fica no oeste da Ucrânia.

“As famílias estão vindo para a região de Ternópil, outras regiões também, e buscando um refúgio, um lugar para si [...] para elas, é doloroso deixar suas casas, suas cidades, mas, diante dessa situação, não há o que fazer, apenas rezar para que isso acabe de uma vez”.

Parananense Danilo Pincheski é professor

Divulgação/RPC

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Ternópil é considerada cidade-irmã de Prudentópolis, na região central do estado, município que detém atualmente a maior comunidade ucraniana do Brasil, segundo dados da prefeitura. A Prefeitura de Prudentópolis emitiu uma nota oferecendo refúgio para moradores da Ucrânia. Leia mais abaixo.

Danilo, que tem ascendência ucraniana, está no país alvo dos ataques russos desde 4 de fevereiro. A passagem de retorno dele ao Brasil está marcada para abril.

“Eu não entrei em contato com consulado, com nada. Vou ficar até o mês de abril e dar meu apoio, com minhas orações, por meio de conversas também, para o meu povo aqui. Estou a favor da Ucrânia e peço para que todos rezem, porque aqui, ninguém merece passar o que nós estamos passando. É triste”.

Distância e preocupação

Outros moradores do Paraná com familiares na Ucrânia também têm vivido momentos de tensão e preocupação sobre o que está por vir.

O zagueiro Vitão, natural de Jacarezinho, no norte do estado, está na Ucrânia. Ele tem contrato com um time local e mora na capital do país, com a esposa e o filho bebê.

Jogador do Paraná está na Ucrânia

RPC

O pai do jogador de futebol, Claudinei Matos, disse estar preocupado com o filho, pois não sabe como serão os próximos dias. No momento, Vitão e outros atletas estão em um hotel da cidade.

“É difícil para a gente, muito difícil. A gente praticamente não consegue nem dormir, é complicado. Nunca passamos por uma situação dessa e nunca esperávamos que ia acontecer uma situação dessa.”

A psicóloga e professora aposentada Ludmila Klocazak também tem parentes que vivem na Ucrânia.

“As pessoas da comunidade, que têm parentes, estão muito apreensivas. Estamos todos pedindo paz, que a racionalidade predomine. É inconcebível o que estamos vivendo hoje, no século XXI, com toda defesa de valores a respeito da paz. Assistir essa invasão é algo surreal.”

Refúgio no Paraná

A Prefeitura de Prudentópolis, na região central do Paraná, encaminhou ofício para Ternópil nesta quinta-feira (24), oferecendo refúgio para moradores do país.

"Prudentópolis segue com as portas e com o coração aberto ao povo ucraniano como o fez há mais de cem anos, quando recebeu os primeiros imigrantes que aqui construíram sua história e influenciaram diretamente no modo de vida de nossa terra”, diz trecho da nota, referenciando a data de chegada dos primeiros imigrantes ucranianos à Prudentópolis, em 1896.

Matriz São Josafat é uma das 50 igrejas do ucranianas do município

Divulgação/Paróquia São Josafat

Dados da prefeitura indicam que entre os 52.776 moradores de Prudentópolis, cerca de 75% têm descendência ucraniana.

O documento, assinado pelo prefeito de Prudentópolis Osnei Stadler (DEM), foi endereçado ao prefeito Serhij Nadal.

O ofício, traduzido por membros da comunidade ucraniana do município paranaense, diz que a cidade está pronta para "prestar ajuda no que for preciso".

Confira a nota completa:

Prudentópolis oferece refúgio para ucranianos

Prefeitura de Prudentópolis

Atualmente, segundo estimativa da Representação Central Ucraniana Brasileira, dos 600 mil ucranianos e descendentes que vivem no país, cerca de 500 mil estão no Paraná.

Prefeitura de Prudentópolis oferece refúgio a ucranianos

Ucraniana que morou no Brasil relata tensão no país

Ucraniana que morou no Brasil relata situação em Kiev

A ex-consulesa ucraniana no Paraná Larysa Myronenko, que viveu no Brasil há cerca de 10 anos e atualmente mora em Kiev, capital da Ucrânia, relatou a situação na cidade nesta quinta-feira (24), após a invasão da Rússia ao país.

Em entrevista à RPC, ela afirmou ter ouvido os bombardeios e destacou que os ucranianos estão mobilizados. Ouça acima.

"Hoje é uma grande tristeza, uma grande decepção de tudo o que aconteceu com a Ucrânia e dizendo mais globalmente, na Europa. Às 5h a Rússia atacou a Ucrânia e fomos testemunhas de bombardeios. Infelizmente, isso é trágico, e há mortos da população civil e feridos. Gostaria de dizer que estamos todos sem panico, estamos mobilizados", disse.

Larysa Myronenko é ex-consulesa ucraniana no Paraná e ouviu bombardeios em Kiev, durante invasão russa

Divulgação/Associação dos Municípios Sul Paranaense (Amsulpar)

Larysa reforçou ainda que a população ucraniana tem "grande fé nas forças armadas que agora lutam para a Ucrânia".

Em um vídeo gravado nesta quinta-feira, Larysa comentou que está acompanhando as atualizações sobre a situação da cidade e que os moradores devem passar um tempo abrigados nos prédios.

"Geralmente, a situação ainda está normal, a vida continua, mas nós temos que descer agora nos abrigos. Os prédios da cidade têm abrigos e nós temos que descer para passar alguns minutos ou talvez horas lá nos abrigos. É a guerra. Mas os ucranianos são fortes, mobilizados", comentou.

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Norton Rapesta, embaixador do Brasil em Kiev, disse que os brasileiros que estão em regiões afetadas serão evacuados. Ele não deu detalhes sobre como essa evacuação será feita.

Invasão russa

A Rússia iniciou, na madrugada desta quinta-feira (24), uma ampla operação militar para invadir a Ucrânia. Há imagens de explosões e movimentações de tanques em diferentes cidades ucranianas. Putin disse às forças ucranianas que deponham as armas e voltem para casa.

“Quem tentar interferir, ou ainda mais, criar ameaças para o nosso país e nosso povo, deve saber que a resposta da Rússia será imediata e levará a consequências como nunca antes experimentado na história”, afirmou o presidente russo, Vladimir Putin.

Trânsito congestionado na capital da Ucrânia, Kiev

Reprodução / GloboNews

Putin atacou o leste da Ucrânia com misseis e explosões. Em resposta, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que distribuiu armas aos ucranianos.

A capital, Kiev, teve congestionamentos, corrida aos mercados e estações de trem lotadas. Milhares de moradores começaram a deixar a cidade desde as primeiras horas do dia.

Fortes explosões foram ouvidas por jornalistas das agências internacionais de notícias no centro de Kiev e, também, em outras cidades ucranianas.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, acusou Putin de iniciar uma "invasão em grande escala" contra seu país. "Cidades ucranianas pacíficas estão sob ataque", tuitou Kuleba.

Brasileiros que vivem no país tentam deixar a Ucrânia e relatam clima assustador.

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A ONU pee que Putin recue, e o presidente dos Estados Unidos, Biden, disse que a Rússia escolheu uma guerra de perdas catastróficas.

A invasão russa derrubou as bolsas internacionais nesta quinta-feira e fez o preço do petróleo passar de US$ 100 pela primeira vez desde 2014, com o barril do tipo Brent atingindo US$ 105.

Outros ativos considerados refúgios seguros, como o ouro, o dólar e o iene japonês, se valorizaram num momento de tensão elevada nos mercados.

Mais de 200 ataques

Na metade da manhã desta quinta, a polícia da Ucrânia fez um balanço do número de ataques desde o começo do dia: foram 203. Segundo o levantamento, há combates em quase todo o território, de acordo com a polícia.

Segundo militares ucranianos, mísseis foram lançados da Belarus em território do país atacado (militares russos já haviam invadido a Ucrânia a partir da Belarus).

Mapa mostra locais da Ucrânia que foram bombardeados em ataques da Rússia

Arte g1

O vice-ministro da Defesa da Ucrânia afirmou que no leste do país há confrontos militares intensos, e que soldados russos foram feitos prisioneiros.

O Ministério de Defesa da Rússia afirmou que o país destruiu 74 instalações militares da Ucrânia nesta quinta-feira. Entre essas instalações há 11 aeródromos. As informações são da agência russa RIA.

O ministro de Defesa da Rússia, Sergey Shoigu, disse aos comandantes russos que os soldados ucranianos devem ser tratados com respeito, de acordo com a agência russa Ifax.

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Fonte: G1

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