Barricadas, comércios fechados, ruas vazias e civis fazendo coquetel molotov viram rotina na capital da Ucrânia, relata jornalista

Por Rogerio Magno em 08/03/2022 às 15:19:33
João Alencar passou dez dias em Kiev e, nesta terça-feira (8), pegou a estrada rumo à fronteira com a Polônia. Segundo o jornalista, cenas de civis envolvidos no combate armado viraram comuns no país. Jornalista paraense que morou 25 anos no Recife faz relato sobre dias na Ucrânia

O clima em Kiev, capital da Ucrânia, é de tensão, com tropas russas cada vez mais perto da capital do país. Segundo o jornalista João Alencar, cenas de civis envolvidos no combate armado viraram comuns no país. Ele conta que as ruas de Kiev estão vazias, com a maioria dos comércios fechados e com várias barricadas. Também se vê pessoas fazendo coquetéis molotov e pegando em armas para defender o país.

O jornalista passou dez dias no local e, nesta terça-feira (8), pegou a estrada rumo à fronteira com a Polônia, país que recebe a maioria dos refugiados por causa da invasão pela Rússia (veja vídeo acima).

"As ruas da cidade estão completamente vazias. Vida cotidiana na cidade não existe mais, os comércios estão todos fechados. Bares, restaurantes, lojas, nada disso está mais aberto. Apenas os comércios essenciais, postos de gasolina, e ainda assim, pouquíssimos postos ainda têm combustíveis", afirmou.

João Alencar é paraense, mas cresceu no Recife e há mais de dez anos mora em Paris, na França. Trabalhando numa emissora de TV em Paris, ele foi à Ucrânia cobrir a guerra.

Na manhã desta terça-feira (8), o jornalista falou, ainda, que a percepção dos ucranianos é de que deve haver uma ofensiva russa à capital do país nos próximos dias.

Barricadas em Kiev, capital da Ucrânia

João Alencar/WhatsApp

"Pessoas civis que nunca pensaram em pegar em armas se veem na obrigação de combater o inimigo, como eles chamam, combater os invasores. [...] Pessoas que nunca imaginaram entrar numa guerra e de repente, meio que do dia para a noite, mudaram de vida totalmente. É um sentimento de tristeza, de desespero, de saber como isso vai terminar, sobretudo para essas pessoas", disse.

João Alencar contou a história de uma mulher chamada Marina, de 48 anos, que decidiu ficar com o filho na cidade e defender o país. Outra pessoa foi um fotógrafo que abandonou tudo para atuar junto com militares em "checkpoints", locais em que as pessoas são revistadas para circular na cidade.

"Falei com ela [Marina] ontem e ela estava construindo coquetel molotov, estava nos checkpoints ajudando os militares e diz que vai ficar aqui a todo custo para defender o país. Foi o caso, também, de um fotógrafo. Quando a gente abriu a mala que mostrou os equipamentos, o rapaz falou para a gente 'eu conheço bem essa câmera, eu sou fotógrafo, conheço esse equipamento, eu era fotógrafo'", contou.

Ruas de Kiev estão vazias devido à possibilidade de uma ofensiva da Rússia

João Alencar/WhatsApp

Resgate de brasileiros

Na manhã desta terça-feira (8), uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) decolou do Recife para resgatar brasileiros que fugiram da guerra na Ucrânia. O KC-390 Millennium vai para Varsóvia, na Polônia, de onde segue com uma doação humanitária para o país invadido pela Rússia (veja vídeo abaixo).

Avião da FAB com ajuda humanitária à Ucrânia decola do Recife

VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias

Fonte: G1

Comunicar erro
Rede Ideal 1

Comentários

Telecab