Nova versão do telescópio Dragonfly poderá detectar gás galáctico

Por Rogerio Magno em 12/03/2022 às 20:56:26

Projetado pelos professores Pieter van Dokkum, da Universidade de Yale (EUA), e Roberto Abraham, da Universidade de Toronto (Canadá), o telescópio Dragonfly obteve resultados impressionantes na última década. Entre seus feitos, a possibilidade de detectar luzes estelares tênues e avistar galáxias anãs difusas ou com pouca ou nenhuma matéria escura. Foi o caso da NGC 1052-DF2, cuja densidade é extremamente baixa.

O novo Dragonfly, agora, poderá verificar gás extragaláctico. Com a ajuda de um filtro montado à frente de cada lente, o telescópio será capaz de bloquear a maior parte da luz emitida pelas estrelas e isolar o brilho fraco do gás ionizado dentro dela.

A versão “desbravadora” (pathfinder, em inglês, como os pesquisadores têm chamado) do novo telescópio terá três lentes em vez das 48 lentes do original (no detalhe da foto principal), como um dispositivo de validação de conceito. De acordo com os pesquisadores, os resultados têm sido melhores do que o esperado.

“Haverá algumas imagens incríveis do Dragonfly nos próximos anos”, explica Van Nokkum, atualmente professor de astronomia na Faculdade de Artes e Ciências de Yale. “Este novo método de detecção de nuvens de gases está abrindo um novo regime de ciência a ser explorado.”

Em um conjunto de novas teses, a equipe do telescópio Dragonfly descreve características anteriormente ocultas dentro de um gás que cerca um grupo de galáxias situadas a 12 milhões de anos-luz da Terra. Em parte, os pesquisadores escolheram a área porque ela foi estudada por outros telescópios e fornece uma série de sinais celestes estabelecidos para medir a precisão do teste. “O grupo de galáxias Messier 81 é um dos mais próximos do nosso, tornando-os bom para estudar”, explica o graduando de Yale Imad Pasha, um dos autores da nova bibliografia.

Embora se saiba, aliás, há muito tempo, que o gás é o combustível para a criação de estrelas e planetas nas galáxias, a dinâmica de como esse gás realmente entra e sai das galáxias não é bem compreendida. Ser capaz de isolar essas estruturas gasosas tornou-se uma prioridade para os pesquisadores.

Telescópio Dragonfly
Professor Van Nokkum com a versão antiga do telescópio Dragonfly (Peter van Nokkum/Universidade de Yale)

Estudos com o novo Dragonfly

Publicado no Astrophysical Journal Letters, o estudo de Pasha descreve uma galáxia anã nascente em um dos braços da Messier 82. Essencialmente, uma nova galáxia está sendo formada pelo gás da M82 quando esta passou através da vizinha M81. “Esse tipo de galáxia é difícil de detectar por observações tradicionais”, disse Pasha. “Podemos muito bem encontrar mais dessas galáxias "bebês" em torno de grupos bem estudados no futuro.”

Um outro trabalho, aceito pelo Astrophysical Journal, descreve uma gigantesca nuvem de gás ionizado, com 180 mil anos-luz de comprimento e 30 mil anos-luz de largura. A origem da nuvem permanece um mistério, mas os pesquisadores acreditam que ela se afastou de M82 durante um encontro com uma galáxia maior, a Messier 81. “Quase não acreditamos que fosse real”, disse a autora Deborah Lokhorst, ex-graduanda da Universidade de Toronto.

Agora que o Dragonfly provou ser bem sucedido, os pesquisadores construíram um instrumento maior com 120 lentes. O telescópio será montado no próximo ano no Novo México, sul dos Estados Unidos.

Crédito da imagem principal: Pieter van Dokkum (com o antigo telescópio Dragonfly de 48 lentes)

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Fonte: Olhar Digital

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