Príncipe saudita negou acusação de Biden sobre assassinato de jornalista, diz fonte

Por Rogerio Magno em 16/07/2022 às 16:24:34
Joe Biden está se reunindo com líderes do Oriente Médio durante viagem na última semana Royal Court of Saudi Arabia / Handout/Anadolu Agency via Getty Images

Joe Biden está se reunindo com líderes do Oriente Médio durante viagem na última semana Royal Court of Saudi Arabia / Handout/Anadolu Agency via Getty Images

O governante de fato da Arábia Saudita, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, rebateu Joe Biden depois que o presidente dos Estados Unidos o confrontou sobre o assassinato em 2018 do jornalista saudita Jamal Khashoggi durante uma reunião entre os dois líderes na sexta-feira (15), segundo uma fonte familiarizada com o assunto.

Na reunião, Bin Salman, também conhecido como MBS, negou a responsabilidade pelo assassinato de Khashoggi no consulado do reino na Turquia. Biden teria indicado que discordava do príncipe, com base em avaliações de inteligência dos Estados Unidos, segundo a fonte.

Em resposta ao comentário de Biden, o príncipe saudita citou o abuso sexual e físico de prisioneiros na prisão de Abu Ghraib, no Iraque, por militares dos Estados Unidos e o assassinato em maio da jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh na Cisjordânia ocupada como incidentes que refletiram mal nos EUA, disse a fonte.

O ministro de Estado das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Adel al-Jubeir, ecoou o sentimento em entrevista a Wolf Blitzer, da CNN, logo após o término da reunião, da qual Jubeir fez parte.

"Investigamos, punimos e garantimos que isso não aconteça novamente", disse Jubeir quando questionado sobre o assassinato de Khashoggi. "Isso é o que os países fazem. Isso é o que os Estados Unidos fizeram quando o erro em Abu Ghraib foi cometido".

A prisão de Abu Ghraib foi um centro de detenção do exército norte-americano para iraquianos capturados desde o início da invasão do Iraque pelos Estados Unidos em 2003 até o fechamento da prisão em 2006.

Em 2004, diversas imagens da prisão foram vazadas, mostrando abusos de prisioneiros iraquianos por militares dos Estados Unidos. Onze soldados americanos foram condenados por crimes relacionados ao escândalo.

Já a renomada jornalista da Al Jazeera Abu Akleh foi morta a tiros durante um ataque militar israelense na cidade ocupada de Jenin, na Cisjordânia. Abu Akleh era um nome famoso no mundo árabe, tendo passado décadas relatando o sofrimento dos palestinos sob a ocupação israelense.

Imagens obtidas pela CNN – corroboradas por depoimentos de oito testemunhas oculares, um analista forense de áudio e um especialista em armas explosivas – sugeriram que Abu Akleh, que estava usando um capacete e colete de proteção azul com a inscrição "Imprensa" no momento de seu assassinato, foi morta a tiros em um ataque direcionado pelas forças israelenses.

Na Cisjordânia, na sexta-feira (15), Biden disse que os Estados Unidos insistem em uma "investigação completa e transparente" do assassinato da jornalista.

Biden chamou a morte de Abu Akleh de uma "enorme perda", ao lado do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em Belém.

"Espero que seu legado… inspire mais jovens a continuar seu trabalho de relatar a verdade e contar histórias que muitas vezes são negligenciadas. Os Estados Unidos continuarão a insistir em um relato completo e transparente de sua morte e continuar a defender a liberdade de mídia em todo o mundo", afirmou Biden.

Autoridades palestinas e membros da família de Abu Akleh criticaram a investigação dos Estados Unidos e estão pedindo ao país que faça mais para responsabilizar Israel pelo assassinato.

Fonte: CNN Brasil

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