O Rio Grande do Norte é o estado da região Nordeste que menos recebeu recursos de emendas de relator (RP9) em 2022, o também chamado "orçamento secreto". Dados da Câmara dos Deputados mostram que foram liberados R$ 69,9 milhões aos municípios potiguares este ano. O valor é quase 10 vezes menor que o pago ao estado da Bahia, líder em verbas pagas na região, que já recebeu R$ 684 milhões.
Segundo a Câmara dos Deputados, a partir dos empenhos de recursos feitos entre janeiro e outubro de 2022, já foram pagos R$ 7 bilhões com as emendas de relator este ano. A região Nordeste é a que abocanhou a maior parte, com R$ 3 bilhões.
Dos R$ 69 milhões em verbas pagas, a maior parte dos recursos, R$ 54 milhões, foram enviados para o Fundo Nacional de Saúde. O município que recebeu a maior parcela foi São Gonçalo do Amarante, que somou R$ 3 milhões.
Na sexta-feira (14), a Polícia Federal deflagou a "Operação Quebra Ossos", no Maranhão, que prendeu os primeiros investigados por crimes relacionados ao orçamento secreto. Foram presos Roberto Rodrigues de Lima e Renato Rodrigues de Lima, que são irmãos, e são suspeitos de participar de um esquema de fraudes no Sistema Único de Saúde (SUS).
A investigação apura se as prefeituras maranhenses contratos irregulares da Secretaria Municipal de Saúde de Igarapé Grande. Só nessa cidade, com cerca de 12 mil habitantes, o esquema teria servido para desviar pelo menos R$ 7 milhões. A secretária de saúde de Igarapé Grande, Raquel Inácia Evangelista, foi afastada do cargo e é alvo de busca e apreensão junto com o antecessor no cargo, Domingos Vinícius de Araújo Santos.
As investigações apontaram que Igarapé Grande teria informado, em 2020, mais de 12,7 mil radiografias de dedo, quando a sua população total não supera os 11,5 mil habitantes, fato que culminou na elevação do teto para o repasse de recursos que financiam ações e serviços de saúde em 2021.
Além disso, os responsáveis pela inserção de dados falsos nos sistemas do SUS, alvos de prisão temporária, são suspeitos de terem efetuado as práticas ilegais investigadas em vários municípios maranhenses desde o ano de 2018.