PF conclui apuração e imputa crimes a Bolsonaro por fake news em caso de vacina

O relatório final da investigação foi enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal)

Por Rogerio Magno em 28/12/2022 às 16:48:00
Foto: Reprodução

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A PolĂ­cia Federal concluiu que Jair Bolsonaro (PL) atentou contra a paz pĂșblica e incitou a prĂĄtica de crime ao disseminar notĂ­cia falsa que relacionava a vacina contra a Covid-19 ao risco de se contrair Aids.

O relatório final da investigação foi enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal). O relator do inquérito é o ministro Alexandre de Moraes.

"Jair Messias Bolsonaro, de forma direta, voluntaria e consciente, disseminou as desinformações produzidas por Mauro Cesar Barbosa Cid, em sua "live" semanal no dia 21 de outubro de 2021, causando verdadeiro potencial de provocar alarma junto aos espectadores", afirmou a PF.

De acordo com a delegada Lorena Lima Nascimento, o mandatĂĄrio causou "verdadeiro potencial de provocar alarma junto aos expectadores [da live], ao propagar a desinformação de que os "totalmente vacinados contra a Covid-19" estariam "desenvolvendo a sĂ­ndrome de imunodeficiĂȘncia adquirida muito mais rĂĄpido que o previsto", informação essa que teria sido extraĂ­da de "relatórios do governo do Reino Unido". Por tal, a PF entendeu que Bolsonaro atentou contra a paz pĂșblica.

Quanto à segunda imputação, a de incitação a prĂĄtica de crime, a polĂ­cia concluiu que o presidente disseminou desinformação de que vĂ­timas da gripe espanhola teriam morrido em decorrĂȘncia de pneumonia causada pelo uso de mĂĄscara e, com isso, teria "incutindo na mente dos expectadores um verdadeiro desestĂ­mulo ao seu uso [da mĂĄscara] no combate à Covid-19.

As infrações criminais estão previstas na Lei de Contravenções Penais (atentar contra a paz pĂșblica) e no Código Penal (incitar a prĂĄtica de crime).

Em relatório parcial em agosto, a PF jĂĄ havia afirmado ao STF a existĂȘncia de indĂ­cios de que o presidente cometera crime na transmissão ao vivo.

Mauro Cid é considerado o braço direito de Bolsonaro e um dos seus principais conselheiros.

Além do caso das vacinas, ele ainda é alvo de outras investigações relatadas pelo ministro Alexandre de Moraes, como a do vazamento do inquérito do ataque hacker ao TSE e a que apura a existĂȘncia de milĂ­cias digitais.

Como mostrou a Folha, Cid teve o sigilo bancĂĄrio quebrado após a PF encontrar indĂ­cios de transações suspeitas em suas movimentações financeiras.

Conversas por escrito, fotos e ĂĄudios amealhadas pelos investigadores por meio da quebra do seu sigilo telemĂĄtico sugerem a existĂȘncia de depósitos fracionados e saques em dinheiro em sua conta.

O material analisado pela PF indica que as movimentações financeiras se destinavam a pagar contas pessoais da famĂ­lia presidencial e também de pessoas próximas da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Fonte: MARCELO ROCHA E FABIO SERAPIÃO BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

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