Saiba como observar o 'cometa verde' no céu do Rio Grande do Norte

Astrofísico da UFRN, José Dias do Nascimento apresenta orientações para que potiguares possam visualizar astro no céu potiguar.

Por Rogerio Magno em 02/02/2023 às 08:40:33
Cometa C/2022 E3 (ZTF) - Foto: Reprodução/NASA/Dan Bartlett

Cometa C/2022 E3 (ZTF) �- Foto: Reprodução/NASA/Dan Bartlett

Um cometa visto no céu 50 mil anos atrás poderá ser visualizado novamente a olho nu, da Terra, nesta semana. Pesquisadores dizem que, embora não seja tão fácil encontrá-lo, algumas dicas podem facilitar a experiência.

O cometa verde - C/2022 E3 (ZTF) - foi detectado em março de 2022, quando transitava nas proximidades da órbita de Júpiter. Ele ficará visível da Terra por duas semanas.

Ele não é verde, de fato, mas ganhou o apelido pela coloração observada da Terra e que seria causada por uma reação química que emite luz de cor verde ao redor do núcleo dele.

Astrofísico e professor do Departamento de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), José Dias do Nascimento publicou orientações para quem quer ver o cometa a partir do Rio Grande do Norte e outros estados do Nordeste.

Segundo ele, o primeiro passo é procurar um local com boa escuridão. A visualização será melhor no próximo sábado (4).

"O cometa está com um brilho no limite do que o olho humano consegue captar. Luzes ou mesmo a lua, que segue na sua fase crescente, podem atrapalhar. Para ver com nitidez, o ideal é utilizar um binóculo, mas também é possível enxergar a olho nu", diz.

Também é importante que o céu esteja limpo, sem nuvens. O professor ainda orienta o uso de aplicativos gratuitos para smartphones, como o Stellarium e o Star Walk, que permitem localizar os astros no céu, em tempo real, de acordo com a localidade na qual o usuário se encontra.

"Procure a estrela Capela por volta do dia 4 de fevereiro, siga na direção norte e procure abaixo dela", orienta o professor.

Segundo ele, no Rio Grande do Norte, o cometa aparecerá um pouco mais alto no céu. Desde a quarta-feira (1º), ele pode ser visto perto do horizonte. Mas a partir do dia 4, os potiguares já conseguirão encontrar o cometa a uma altura boa o suficiente para observação a olho nu.

Cometas

Segundo o professor José Dias do Nascimento, cometas são grandes corpos feitos basicamente de poeira e gelo e que orbitam o sol e que desaceleram à medida que se aproximam de sua posição mais próxima do sol. Em seguida, eles seguem sua viagem para os confins do sistema solar.

O "período do cometa", explica o professor, é o tempo que ele leva para completar uma órbita em torno do sol.

Alguns possuem período curto e podem passar a cada 200 anos ou menos. Porém, outros cometas, com "período longo", podem levar até 250 mil anos para voltar ao centro do sistema solar.

"Alguns chegam a viajar 50 mil vezes mais longe do que os cometas de curto período. Esses cometas de longo período são originário do que nós, astrônomos, chamamos de nuvem de Oort. Esta é uma faixa de detritos reunidos na borda do sistema solar", explica o professor.

E cor verde?

Segundo o professor, acredita-se que o fenômeno é fruto de uma interação entre a luz do sol e uma sequência de reações relacionadas com carbono diatômico.

"O carbono diatômico é uma forma instável e gasosa do elemento no qual os átomos de carbono estão ligados em pares. Com a luz solar na cabeça do cometa, substâncias são decompostas à medida que o cometa se aproxima do sol. É a reação química de excitação por raios ultravioleta que emite luz no comprimento de onda verde, que é visto ao redor do núcleo do cometa", pontua.

Outro ponto que chama atenção dos observadores é relacionada às caudas dos cometas. Uma é feita de poeira, que é expelida do cometa pelo vento solar. A outra é do gás proveniente de dentro do cometa.

"O lado misterioso deste cometa é que em 21 de janeiro astrofotógrafos na Dinamarca e Itália, tiraram fotos do cometa verde com uma terceira cauda apontada para o Sol, o que quebra completamente o esperado pela física", diz o professor.

Fonte: g1.RN

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