Pesquisa Ipec: Lula supera Bolsonaro na aprovação e perde para seus mandatos anteriores; veja os números

Petista tem melhor desempenho no Nordeste (53%) e entre os mais pobres (50%) e recebe maior índice de ruim ou péssimo entre os mais ricos (36%)

Por Rogerio Magno em 19/03/2023 às 08:28:25
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva 10/03/2023 Cristiano Mariz/ Foto: Agência O GLOBO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva 10/03/2023 Cristiano Mariz/ Foto: Agência O GLOBO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou o seu terceiro mandato com uma avaliação de governo melhor do que a de Jair Bolsonaro (PL), seu antecessor, mas inspirando menos empolgação do que em suas duas outras gestões. Segundo dados da mais recente pesquisa Ipec, obtidos com exclusividade pelo GLOBO, 41% dos brasileiros classificam a administração de Lula como boa ou ótima. Outros 24% dizem que ela é ruim ou péssima, enquanto 30% consideram o início do governo regular.

Em março de 2019, Bolsonaro era avaliado positivamente por 34% da população, sete pontos percentuais a menos do que Lula — 24% reprovavam o então presidente. O melhor momento de Bolsonaro na Presidência foi logo em seu primeiro mês de mandato, em janeiro de 2019, quando tinha a aprovação de 49%. Depois disso, o máximo que atingiu foi o patamar de 40% de avaliações positivas, em setembro de 2020, fruto direto do auxílio emergencial pago na pandemia.

Apesar de superar o adversário, Lula está aquém de seus dois mandatos anteriores, o que mostra o desgaste do petista após a Operação Lava-Jato e a necessidade de o governo se esforçar para conquistar a opinião pública. Lula chegou a ter 51% de ótimo e bom em março de 2003, quando governou o país pela primeira vez. Naquele momento, a reprovação era de apenas 7%. Ao fim do mesmo mês de 2007, logo após a reeleição, o petista tinha o endosso de 49% da população, contra 16% que o achavam ruim ou péssimo.

De acordo com a CEO do Ipec, Márcia Cavallari, o patamar de avaliações positivas pode ser considerado satisfatório, especialmente quando se põe uma lupa sobre os entrevistados que disseram considerar a gestão regular. Dentre os 30% que têm essa percepção, metade diz aprovar a maneira como Lula governa, enquanto 37% não concordam com os métodos do petista:

— A pesquisa mostra que a polarização política continua. Considerando esse cenário, que é distinto do que o Lula encontrou nos outros mandatos, ele começa num bom patamar — diz Cavallari, acrescentando que os dados são um espelho do que se via na eleição. — Os segmentos que aprovam o governo são os mesmos nos quais Lula tinha uma intenção de voto maior: as pessoas que estudaram só até o ensino fundamental, os moradores do Nordeste, aqueles com renda de até um salário mínimo por mês e os católicos.

Parte significativa das pessoas que compõem o grupo do "regular" declara ter votado em Bolsonaro no segundo turno de 2022. Entre quem diz ter apoiado o ex-presidente, 36% avaliam agora a gestão do petista como regular, e 54% a reprovam. Já entre os que falam que votaram em Lula, 77% veem o governo como bom ou ótimo, e 22% o classificam como regular.

A pesquisa mostra que o Nordeste, única região onde Lula foi o mais votado no segundo turno contra Bolsonaro, é o lugar em que o petista tem seu maior percentual de aprovação (53% de ótimo ou bom). Foi também onde ele conseguiu eleger governadores de seu partido: Elmano de Freitas (Ceará), Jerônimo Rodrigues (Bahia), Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte) e Rafael Fonteles (Piauí).

A maior rejeição ao governo está no Centro-Oeste e no Norte: são 31% os que reprovam a atual administração. No Sudeste, onde vivem quatro em cada dez brasileiros, 36% têm percepções positivas, contra 26% que pensam o oposto.

As avaliações do governo Lula 3 estão longe das expectativas captadas em janeiro pelo instituto fundado por ex-executivos do Ibope. Na ocasião, 55% diziam acreditar que o presidente faria uma gestão boa ou ótima, e 21% esperavam pelo pior.

Lula tem pressionado os ministros a acelerarem ações para ter o que mostrar quando o governo chegar à marca dos cem dias, em abril. Os primeiros meses no Palácio do Planalto, porém, foram conturbados. Já no oitavo dia do ano, a invasão de extremistas às sedes dos três Poderes obrigou o presidente e sua equipe recém-empossada a direcionar esforços na busca de restabelecer a normalidade no país.

Na economia, o petista enfrenta a desconfiança de uma parcela do empresariado, cenário reforçado após Lula atacar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em função da taxa de juros — o petista também se queixou da autonomia da instituição, aprovada pelo Parlamento ainda na gestão Bolsonaro. No Congresso, onde não tem uma base sólida, o Planalto tem negociado com o Centrão e aberto espaço para essas legendas por meio da ocupação de cargos.

Segundo o Ipec, o modo de governar do presidente tem a aprovação da maioria da população (57%). E cerca de um terço dos brasileiros (35%) não concorda com o jeito como Lula conduz o país. Quando deixou o poder, no fim do ano passado, Bolsonaro tinha o modo de governar aprovado por 46%, e 50% discordavam de seus métodos de gestão.

Fonte: g1.com

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