Declarações de Rosalba contra Allyson divide opiniões em Mossoró

A possibilidade de pré-candidatura de Rosalba Ciarlini para disputar o quinto mandato como prefeita de Mossoró divide opiniões na Capital do Oeste. A ex-prefeita admite, mas ainda não confirma, mas já assumiu o discurso de unir a oposição contra Allyson Bezerra, como publicou o Diário do RN nesta quarta-feira (13).

Para o jornalista político Cesar Santos, o nome de Rosalba Ciarlini ainda é um nome forte: "Individualmente, é o nome mais forte para enfrentar o prefeito e candidato à reeleição Allyson Bezerra. Prefeita quatro vezes, senadora da República e governadora, ela preservou o seu potencial eleitoral. Veja que na campanha de 2020, vencida por Allyson, a diferença foi de apenas 4,56%. Se Rosalba realmente for candidata, certamente Mossoró viverá uma campanha bastante disputada. Aliás, historicamente, Mossoró sempre teve disputas eleitorais acirradas. Em 2024, penso, não será diferente".

Já o jornalista Bruno Barreto possui uma visão diferente sobre as chances da oposição ter sucesso em uma chapa encabeçada pela ex-prefeita: "Rosalba ainda não se deu conta de que não tem mais a mesma força política do passado quando se dizia que ela era mais popular que Santa Luzia em Mossoró. Há muitas resistências em unir a oposição em torno dela, sobretudo, porque política tem lógica. Faça o seguinte raciocínio: em 2020 não estava claro se a eleição era de mudança ou continuidade porque a popularidade de Rosalba estava num limbo, mas ainda assim, por uma série de erros na condução da campanha ela perdeu para Allyson mesmo com a máquina na mão.

Como a oposição vai se unir em torno de Rosalba com ela sem a máquina? Ela teve um papel irrelevante em 2022, como a oposição vai se unir em torno dela? Rosalba passou quatro anos sumida e agora aparece toda sorridente querendo unir uma oposição que sempre, ironia do destino, lhe combateu. Não faz sentido. Rosalba é a adversária dos sonhos de Allyson porque ele sabe que com a máquina e 80% de aprovação não será batido pela ex-prefeita que derrotou quatro anos atrás. Rosalba é a certeza da derrota da oposição. Ela pode até ser competitiva em algum grau, mas não tem chance".

Sobre uma possível indicação de vice vindo por parte da federação PT/PV/ PC do B – como defende o presidente do PP, o deputado federal João Maia –, Barreto acha importante considerar o embate histórico entre os partidos: "O PT de Mossoró passou a vida combatendo Rosalba. Rosalba sempre teve aversão ao PT. Aí você me pergunta, mas o PT já se uniu aos Rosados. Sim, ao grupo de Sandra que tinha um histórico de alinhamento com o campo progressista, que votou em Lula em 1989, que nos parlamentos defendia os direitos dos servidores, das mulheres e demais minorias.

Com Rosalba, essa afinidade não existe. Ela representa o segmento mais conservador da família Rosado, inclusive nas eleições de 2018 chegou a dizer que o PT estava por trás da facada em Bolsonaro em um comício na periferia de Mossoró. Há uma resistência muito grande não só no PT como na esquerda mossoroense em votar em Rosalba. Na minha opinião, a esquerda tem que lançar um nome. Nas eleições de 2022, foram 35 mil votos de deputado federal em candidatos do PT e no vereador Pablo Aires, que é do campo progressista. Há um espaço enorme para a esquerda crescer e apoiar Rosalba é jogar uma oportunidade fora porque ela não tem nada a oferecer a esquerda. Desta vez, não haverá voto útil da esquerda em Allyson porque ele está queimado com o campo progressista por causa das perseguições aos servidores".

Já César Santos considera que a união desses partidos poderá estabelecer a disputa entre oposição e situação: "Uma eventual candidatura de Rosalba representando uma frente ampla, incluindo a federação PT/PV/ PC do B, estabelecerá a disputa da oposição X situação. O eleitor terá a decisão de votar pela mudança ou pela manutenção de quem está no poder. Portanto, o debate não será se o PT está com Rosalba ou se Agripino Maia está com Allyson, que no passado eram antagônicos. Veja que em 2022, Lula venceu Bolsonaro tendo Geraldo Alckmin, um adversário histórico e, em alguns momentos radical, como vice".

A reportagem também pediu aos jornalistas uma avaliação sobre a postura de Rosalba ao reconhecer que Allyson faz obras e festas, e daí apontar que ele está esquecendo de cuidar das pessoas, criticando alguns serviços de educação e saúde. "É um caminho inteligente sim, mas Rosalba não cuidava das pessoas também. As gestões dela sempre foram muito conservadoras e pouco inclusivas. A verdade é que a gestão de Allyson tem uma avaliação melhor que a dela porque ele se comunica melhor e soube se blindar na mídia. Rosalba sempre tratou a mídia local com desdém. A gestão de Allyson tem falhas graves, mas falta quem eleve o tom. Rosalba perdeu uma chance nesta entrevista", declarou Bruno Barreto.

Contrapondo a opinião do colega, César Santos acredita que Rosalba pode ir além nesse modelo de debate, justamente pelos seus feitos como gestora: avaliou essa estratégia da oposição: "A campanha eleitoral oferece a mesa debate para qual o cidadão-eleitor é chamado para acompanhar. É o momento de o governismo vender o seu "peixe" e a oposição apontar os "defeitos" do adversário. No caso de Rosalba Ciarlini, ela pode ir além desse modelo de discussão.

Rosalba tem a seu favor as maiores obras estruturantes da história de Mossoró, realizadas por suas gestões passadas, que ela pode fazer frente às realizações de Allyson. Daí, pode sugerir que o eleitor analise e defina o seu voto". E acrescenta: "É claro que estamos analisando aqui algo que ainda não está concretizado. Rosalba não decidiu, ou afirmou de público, se será candidata, nem Allyson definiu o seu palanque. Portanto, ainda é precoce para uma avaliação precisa sobre o processo sucessório mossoroense. No entanto, penso que Mossoró viverá uma campanha acirrada em 2024".

SILÊNCIO
Citados pela ex-prefeita Rosalba Ciarlini, na entrevista exclusiva concedida ao Diário do RN, a deputada estadual Isolda Dantas (PT) foi procurada pela reportagem para comentar a possibilidade de uma composição de chapa junto a ex-governadora, porém até o fechamento dessa matéria não respondeu aos questionamentos. O prefeito Allyson Bezerra (União) também não comentou sobre as declarações da ex-prefeita.