Assassino pagou para alunos mostrarem quem era o professor decapitado na França

Por Rogerio Magno em 21/10/2020 às 14:51:40
Promotor afirmou que dois menores de idade receberam por ajudar no crime. Manifestante exibe foto do professor Samuel Paty, decapitado nos subúrbios de Paris, na França. Foto de manifestação em Lille em 18 de outubro

François Lo Presti/AFP

O jovem de 18 anos que assassinou o professor francês Samuel Paty, por ter exibido uma charge do profeta Maomé em uma aula sobre liberdade de expressão, pagou alunos para ajudá-lo a identificar a vítima, afirmou o promotor contra terrorismo da França nesta quarta-feira (21).

Os muçulmanos acreditam que qualquer caracterização do profeta é uma blasfêmia. Também hoje, o jornal regional "La Nouvelle République" (A Nova República, em tradução livre) disse ter recebido ameaças nas redes sociais após publicar uma caricatura de Maomé em sua primeira página.

Uma charge da revista "Charlie Hebdo", que foi alvo de um ataque terrorista em 7 de janeiro de 2015, foi republicada na edição de domingo do periódico (18), após o assassinato de Paty.

Samuel Paty foi atacado e decapitado na sexta-feira (16), perto de Paris, e o atentado gerou forte comoção e uma onda de reação da sociedade francesa, que se reuniu em manifestações por todo o país.

O promotor Jean-François Ricard disse que um adolescente de 14 e outro de 15 estão entre as sete pessoas que compareceram a um juiz de instrução sob as acusações de "cumplicidade em um assassinato terrorista" e "conspiração criminosa".

Segundo Ricard, o assassino ofereceu entre 300 e 350 euros (algo entre R$ 2 mil e R$ 2,3 mil) aos alunos da escola, onde Paty dava aulas, para ajudá-lo a identificar a vítima.

"A investigação apontou que o autor do crime sabia o nome do professor, o nome da escola e o endereço, mas não tinha meios para identificá-lo", afirmou o procurador. "Essa identificação só foi possível com a ajuda de alunos da escola".

"É por isso que a promotoria antiterrorismo decidiu processar dois menores de 18 anos, cujas implicações na identificação da vítima pelo assassino parecem ser conclusivas", afirmou.

O assassino foi identificado e morto a tiros pela polícia após o crime, mas a investigação continua e apontou o envolvimento de mais pessoas.

Conheça no vídeo abaixo 5 pontos sobre Samuel Paty, professor que foi decapitado na França:

Conheça cinco pontos sobre Samuel Paty, professor que foi decapitado na França

Os outros investigados

Os outros acusados incluem o pai de um aluno que postou vídeos nas redes sociais que pediam mobilização contra o professor e um ativista islâmico que ajudou o homem a disseminar as mensagens, que identificou Paty e deu o endereço da escola, segundo o promotor.

Mais dois jovens, de 18 e 19 anos, são acusados ??de terem ajudado o agressor, acompanhando-o na compra das armas (entre elas uma faca e uma pistola de airsoft). Um deles levou o assassino, que morava a cerca de 90 quilômetros da escola, para o local cerca de três horas antes do crime. O último acusado, de 18 anos, tinha contatos próximos com o agressor e apoiava o islamismo radical, afirmou Ricard.

Local do assassinato de um professor perto de Paris, na França — mapa

G1 Mundo

Homenagens a Paty

Um evento em memória nacional a Paty está programado para ser realizado nesta quarta-feira (21) à noite no pátio da Universidade Sorbonne.

O ministro da Educação francês, Jean-Michel Blanquer, afirmou na terça-feira (20) que o professor de História de 47 anos decapitado receberá a maior honraria do país postumamente, a "Legion d'Honneur" (legião da honra, em tradução livre).

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Fonte: G1

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