Relembre as mentiras mais famosas de Trump

Por Rogerio Magno em 09/11/2020 às 19:53:53
Presidente dos EUA já acusou Obama de não ter nascido nos EUA e de ter criado o Estado Islâmico. Agora, ele afirma, sem provas, que processo eleitoral foi fraudado. Donald Trump durante discurso na madrugada desta quarta-feira (4).

REUTERS/Carlos Barria

O Twitter já marcou como "conteúdo duvidoso" diversas postagens de Donald Trump. Nos últimos dias, a marcação tem aparecido quando o republicano questiona a apuração dos votos, acusa o processo de contagem de fraude, mas não apresenta nenhuma prova ou evidência.

Na semana passada, redes de TV interromperam o discurso de Trump ao vivo quando o presidente começou a falar sobre fraudes sem comprovação.

Mas não é de agora que o republicano adota este tipo de postura. Declarações e publicações em redes sociais do americano são associadas a pós-verdade (eleita a palavra do ano em 2016) e fake news desde antes da primeira campanha eleitoral à presidência americana, em 2016.

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APURAÇÃO: Confira o ritmo da contagem dos votos

Um levantamento feito pelo jornal "Washington Post" em julho mostrou que Trump já fez mais de 20 mil declarações não verdadeiras desde que assumiu a presidência, em janeiro de 2017. Apenas sobre o coronavírus, o jornal estimou que ele tenha dito mais de mil frases enganosas ou mentirosas do início da pandemia até julho.

Veja, abaixo, algumas das fake news mais famosas de Trump.

Obama não é americano

Em 2011, Trump se converteu no mais famoso porta-bandeira de um movimento chamado "birther", que questionava se o ex-presidente americano, Barack Obama, era mesmo nascido nos Estados Unidos e, por isso, poderia ser eleito presidente.

Durante um debate eleitoral com a então candidata democrata Hilary Clinton, em 2016, Trump finalmente admitiu que o presidente americano é americano mesmo (veja no vídeos abaixo). Mas, na mesma frase, disse também que quem começou a intriga foi Hillary, na campanha de 2008.

Donald Trump admite que presidente Barack Obama é americano

México envia estupradores e outros criminosos para os EUA

Em 8 de julho de 2015, em um programa de televisão, Trump acusou o México de enviar criminosos deliberadamente para os Estados Unidos como imigrantes ilegais. Dias antes, no lançamento de sua campanha, ele havia feito uma generalização comparando imigrantes ilegais hispânicos a estupradores.

"O México manda seu povo, mas não manda o melhor. Está mandando pessoas com muitos problemas (...). Estão trazendo drogas, crimes, os estupradores. Presumo que alguns são bons", disse Trump 16 de junho, em Nova York.

Democratas criaram o Estado Islâmico

Em 2016, Trump afirmou em algumas entrevistas que a então candidata Hilary Clinton e o presidente Barack Obama haviam criado o Estado Islâmico, grupo militante islâmico.

"Ele (Obama) foi o fundador do Estado Islâmico. E ela (Hilary) também. Quer dizer, eu os chamo de cofundadores", disse Trump em 2016 ao canal CNBC.

Votos pelos correios são roubados - maio/2020

O Twitter marcou pela primeira vez um post de Trump como duvidoso em maio deste ano, após o presidente americano escrever que "caixas de correio serão roubadas, as cédulas serão falsificadas e até impressas ilegalmente e assinadas de forma fraudulenta".

Momentos depois, Trump usou o Twitter para acusar a própria rede social de "interferir nas eleições presidenciais de 2020". O presidente dos EUA ainda chamou veículos de imprensa do país de "fake news".

Gripe suína foi igual pandemia de coronavírus - setembro/2020

No primeiro debate eleitoral com Biden, em setembro, Trump tentou comparar a pandemia de coronavírus com a epidemia de gripe suína de 2009, que, segundo ele, foi enfrentada de forma desastrosa por Obama.

Em resposta, seu adversário lembrou que a gripe suína matou 14 mil americanos, em comparação com as 200 mil mortes da Covid-19.

Crianças 'quase imunes' ao coronavírus - outubro/2020

Em 5 de outubro deste ano, o Facebook removeu, pela primeira vez, uma publicação de Trump por violar a política de fake news sobre a Covid-19. A postagem removida era um vídeo com um trecho de uma entrevista a um canal de TV americano em que ele afirmava: "Se você olhar para crianças, as crianças são quase - e eu diria definitivamente -, quase imunes a esta doença".

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem afirmando, crianças e jovens não são imunes ao coronavírus e também podem morrer em consequência da infecção.

Facebook retira postagem de presidente Donald Trump pela primeira vez

Coronavírus "está indo embora" e vacina está pronta - outubro/2020

Em 23 de outubro de 2020, no debate eleitoral entre Trump e Joe Biden, candidato democrata, o presidente fez várias afirmações incorretas e falsas sobre a pandemia.

"Estamos virando a esquina. [O vírus] está indo embora", disse Trump sobre o coronavírus nos EUA. Dois dias antes, contudo, o país havia registrado o maior número de novas mortes por Covid em mais de um mês.

Ainda no mesmo debate, Trump afirmou que os EUA já tinham uma vacina contra a Covid-19 pronta.

"Temos uma vacina [contra Covid] que está vindo. Está pronta", disse Trump durante debate eleitoral.

Veja o que é fato ou fake nas declarações de Trump e Biden no debate

Pós-verdade e Trump

A campanha presidencial de 2016 de Trump foi marcada pelo que os especialistas chamaram de "pós-verdades". Tanto é que, naquele ano, o termo (post-truth, em inglês) foi eleito pelo dicionário Oxford como a palavra do ano logo após as eleições americanas.

A pós-verdade, segundo o professor do Departamento de Jornalismo da Universidade de São Paulo (USP), Vitor Blotta, é a "relativização e individualização da verdade".

"A gente passa a relativizar e superindividualizar as bases da verdade, acreditando que o que é real depende muito mais de perspectivas afetivas e visões de mundo particulares do que da ciência", explica Blotta.

Neste sentido, as redes sociais, segundo o professor, colaboram para as fake news e as pós-verdades, ajudando a explicar o alcance que declarações como as de Trump têm na internet.

"[Com a internet] vemos a formação de guetos de verdades, as bolhas nas redes sociais, como falamos", explica o professor.

Nas eleições deste ano, após receberem críticas por permitirem o compartilhamento de notícias falsas ou duvidosas durante a campanha eleitoral americana em 2016, as redes sociais passaram a marcar postagens com conteúdos falsos ou enganosos.

VÍDEOS: Veja notícias sobre a eleição de 2020 nos EUA

Fonte: G1

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