Em debate, governadores pedem sanção de socorro aos estados

João Doria (SP), Romeu Zema (MG), Rui Costa (BA), Flavio Dino (MA) e Antonio Denarium (RR) participaram do GloboNews Debate e comentaram sobre medida para aliviar os efeitos da

Por Rogério Magno em 17/05/2020 às 05:56:40
João Doria (SP), Romeu Zema (MG), Rui Costa (BA), Flavio Dino (MA) e Antonio Denarium (RR) participaram do GloboNews Debate e comentaram sobre medida para aliviar os efeitos da crise do coronavírus na economia. Governadores de cinco estados pediram a sanção de o projeto de socorro financeiro aos estados e municípios para tentar aliviar os efeitos da crise do coronavírus na economia. João Doria (PSDB-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Rui Costa (PT-BA), Flávio Dino (PCdoB-MA) e Antonio Denarium (PSL-RR) participaram no GloboNews Debate neste sábado (16). O projeto foi aprovado pelo Congresso Nacional em 6 de maio e o presidente Bolsonaro ainda deve sancionar o texto, integral ou parcialmente, ou vetá-lo.

Bolsonaro disse na quinta-feira (14) que deve fazer uma videoconferência com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e com governadores para discutir o projeto antes de sancioná-lo. O presidente já disse que vetará o trecho do texto que permite reajuste salarial para algumas categorias de servidores públicos, seguindo orientação do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Doria sobre auxílio emergencial aos estados: "Não é hora de negociação política"

Para Doria, não é momento de negociação, pois a medida já foi aprovada. "É lamentável que o presidente da República deseje fazer uma negociação diante de uma medida que foi aprovada no Congresso Nacional, aprovada na Câmara, aprovada no Senado Federal, e que deve ser colocada em prática. Aliás, já deveria ter assinado isso durante essa semana. Negociar com o aquilo que representa um direito dos estados no momento em que estamos assumindo responsabilidade de proteger pessoas é algo absolutamente inaceitável, não há o que negociar."

"O governo federal deve cumprir a determinação do congresso, destinar recursos para os estados continuarem fazendo o trabalho de salvar vidas, proteger pessoas. Não é hora de fazer negociação política. É hora de salvar vidas, de ter responsabilidade, de o diálogo ser convergente."

O governador de São Paulo disse que 74% da economia do estado continua funcionando em meio às medidas de quarentena e que o prazo para o retorno da força econômica "depende da ciência, da medicina, do número de infectados, do número de óbitos, da taxa de isolamento social. "Só assim será possível flexibilizar as regras".

Flavio Dino: "Sem as medidas preventivas teríamos mais mortes"

Flávio Dino diz que Bolsonaro prioriza a luta política contra os governadores porque os líderes dos estados são "uma resistência legítima" a o que o governador do Maranhão chama de "apetites autoritários" do presidente da República.

"Ele [Bolsonaro] está há dois meses priorizando a luta política contra os governadores por uma razão simples. O presidente Bolsonaro não aceita nenhum tipo de controle contra as suas vocações despóticas e ele enxerga nos governadores hoje uma resistência legítima a esses apetites autoritários que ele tem. E aí ele não está colocando em primeiro plano, de verdade, a retomada da economia, quem está defendendo a economia são aqueles eu querem derrotar o coronavírus."

"Apreciamos muito a possibilidade de que ele convide a uma nova reunião, estarei presente. Desejo que, de fato, ele, verdadeiramente, dialogue, mas não com essa ideia de que está fazendo favores aos estados, ele está cumprindo deveres constitucionais. Não é favor aos governadores. É dever constitucional sancionar projeto aprovado no Congresso Nacional. Esperamos que o presidente o faça".

Rui Costa: "A democracia só é forte com instituição fortes"

Rui Costa acredita que a contrapartida do presidente, de não dar reajuste salarial para algumas categorias de servidores, é uma "exigência que não faz sentido" porque considera que isso é responsabilidade dos governadores.

"Para nós, essa exigência não faz sentido porque considero que os governadores são responsáveis. Numa crise gigantesca dessa, não está no horizonte, com absoluta certeza, de nenhum governador ou prefeito a concessão de reajuste em qualquer mês nesse ano ou no ano que vem, pelo menos no primeiro semestre".

Ele afirma que "a queda de arrecadação é gigantesca" e que a afirmação de Bolsonaro "passa a imagem de que os governadores não têm responsabilidade fiscal". "Para mim, não faz diferença porque nós temos atuado com muita responsabilidade fiscal."

Romeu Zema sobre congelamento do salário de servidor público: "Sacrifício de todos"

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, disse que concorda com o ministro da Economia de vetar o reajuste a servidores. "Eu concordo com o ministro Guedes, sim, porque em um momento em que milhões de brasileiros estão perdendo os seus empregos, tendo a sua renda duramente afetadas, o mínimo que temos que esperar é falar: 'Nós vamos continuar ganhando o mesmo'."

"Deveria até haver redução de salário como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já propôs. É momento de sacrifício de todos. Então, concordo totalmente com a posição do ministro Paulo Guedes", disse Zema.

Antonio Denarium: "O presidente tem que ser respeitado quanto a sua ideologia"

Denarium é a favor do congelamento de salários e defende harmonia entre governos federal, estaduais e municipais. "Concordo também com o congelamento dos salários agora porque a recessão econômica dos estados é muito grande."

"Precisamos neste momento de harmonia entre o governo federal, os estados e municípios."

O que diz o projeto

O projeto de lei prevê que a União vai transferir diretamente a estados e municípios R$ 60 bilhões, divididos em quatro parcelas mensais. Os recursos serão divididos da seguinte forma:

R$ 50 bilhões: compensação pela queda de arrecadação (R$ 30 bilhões para estados e DF; R$ 20 bilhões para municípios);

R$ 10 bilhões: ações de saúde e assistência social (R$ 7 bilhões para estados e DF; R$ 3 bilhões para municípios).

O projeto ainda suspende as dívidas de estados e municípios com a União, inclusive os débitos previdenciários parcelados pelas prefeituras e que venceriam este ano. Este ponto pode gerar um impacto de R$ 60 bilhões à União.

Salário de servidores

Inicialmente, o projeto previa como contrapartida para a ajuda o congelamento de salários de servidores municipais, estaduais e federais.

Quando o texto tramitou pela primeira vez no Senado, os senadores abriram uma exceção e permitiram reajuste para servidores civis e militares que atuam diretamente no combate à pandemia de covid-19: profissionais das áreas da saúde, da segurança e das Forças Armadas.

Essa costura no texto foi feita com aval do Palácio do Planalto. A previsão era que, mesmo com a exceção aberta pelos senadores, a União pouparia R$ 93 bilhões com o congelamento nos salários.

No entanto, a Câmara incluiu outras categorias entre as que poderiam ter aumento. O relator no Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que também é presidente da Casa, tentou elaborar um texto que fosse um meio-termo entre o da Câmara e o do governo. Ele acatou parcialmente as inclusões dos deputados. Com isso, a economia que a União fará passou para R$ 43 bilhões.

De acordo com o texto final, os seguintes servidores poderão ter reajuste de salário:

funcionários públicos da área da saúde;

funcionários públicos da área de segurança;

militares das Forças Armadas;

servidores da Polícia Federal (PF);

servidores da Polícia Rodoviária Federal (PRF);

guardas municipais;

trabalhadores da educação pública como os professores;

agentes socioeducativos;

profissionais de limpeza urbana e de serviços funerários;

profissionais de assistência social;

servidores das carreiras periciais, como os peritos criminais.

Fonte: G1

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