Covid-19: Vacina de Oxford começa a ser aplicada em mais de 750 voluntários que tomaram placebo em testes no RN

Por Rogério Magno em 22/01/2021 às 17:22:49
Imunizante feito em parceria com a AstraZeneca teve liberação para uso emergencial no domingo passado. Mais de 1,5 mil potiguares participaram da terceira fase da pesquisa. Vacina de Oxford (AstraZeneca), Pesquisa foi feita no Brasil, Reino Unido e África do Sul

Siphiwe Sibeko/Pool via AP

Mais de 750 voluntários que tomaram placebo na terceira fase da pesquisa da vacina de Oxford em parceria com a AstraZeneca contra a Covid-19 no Rio Grande do Norte começaram a ser imunizados no estado.

Vacina de Oxford: o que se sabe até agora

Oxford e CoronaVac: veja raio X das vacinas aprovadas pela Anvisa para uso emergencial

Ao todo, 1.523 potiguares participaram da fase de testes no método duplo cego - em que nem participantes e nem os pesquisadores sabem inicialmente quais foram os escolhidos para receber o imunizante contra a Covid-19 ou o placebo. Metade foi destinada pra cada grupo no estado.

A revelação para os pacientes começou a ser feita na quinta-feira (21) após a autorização da Anvisa para o uso emergencial da vacina, no domingo passado, e liberação das demais instâncias regulatórias da pesquisa.

"Ontem (quinta-feira) nós quebramos o cego de 80 participantes e foi uma alegria, uma emoção muito grande. As pessoas que já estavam vacinadas ficaram muito emocionadas", explicou a infectologista e professora do departamento de infectologia da UFRN, Eveline Pipolo, que é investigadora principal do estudo da vacina de Oxford no Rio Grande do Norte.

"Da mesma forma o sentimento das pessoas que não estavam vacinadas e que foram para tomar a primeira dose da vacina".

Para dar os resultados a todos o participantes o mais rápido possível, a pesquisa vai recebê-los inclusive aos sábados e domingos para atendimentos. "Nós estamos realmente correndo muito para chamá-los no menor tempo possível, mas mantendo o padrão de qualidade. Nós não podemos perder", explicou Eveline.

Vacina Oxford/Astrazeneca

REUTERS/Dado Ruvic

"A gente entende que as pessoas estão ávidas para tomar a vacina ou pra saber o que tomaram. E é um direito delas. Mas é preciso ter um pouco de calma e compreender que nós precisamos fazer o nosso trabalho com qualidade e essa qualidade vai refletir para eles".

Uma das participantes da pesquisa foi a professora de música Letícia Nascimento, de 25 anos. "Nos inscrevemos nos estudos por querer ajudar, de alguma forma, para que encontrassem logo uma solução para a Covid-19. Eu e meu marido temos pessoas do grupo de risco na família. Graças a Deus, ninguém pegou a doença, mas conhecemos pessoas que pegaram", contou.

A infectologista Eveline Pipolo explicou que o grupo considerado de "controle" - que tomou o placebo - recebeu uma vacina contra a meningite na primeira dose e uma de soro fisiológico na segunda. Agora, os participantes desse grupo também receberão as duas doses da vacina de Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19.

A pesquisa, que teve início no dia 22 de setembro do ano passado no Rio Grande do Norte, no entanto, não chega ao fim neste momento. A contar a partir do dia que foram vacinados, os pacientes serão acompanhados por mais 13 meses.

"Os voluntários estão prestando um grande serviço à humanidade. Através deles é que nós vamos saber, por exemplo, por quanto tempo essa vacina imuniza. Os sangues colhidos em exames foram enviados para Oxford e lá são feitos estudos altamente sofisticados" explicou a infectologista Eveline Pipolo.

"A gente também observa todas as reações da vacina, quantas pessoas tiveram dor de cabeça, quantas pessoas tiveram febre, dor no corpo. Aquelas reações normais de vacina, que foram simples, comuns a outras vacinas".

Ao todo, a pesquisa foi feita com 10 mil voluntários em seis cidades do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Natal, Porto Alegre e Santa Maria (RS). No centro de Natal, segundo a investigadora principal, não houve casos graves de Covid-19. Os que tiveram, apresentaram a doença de maneira leve.

Vacina de Oxford/AstraZeneza

A vacina de Oxford tem uma eficácia média de 70,4% podendo chegar a até 90%. Com temperatura necessária entre 2 e 8 graus para armazenamento, a vacina é considerada de fácil transporte e distribuição. No Brasil, a Fiocruz é parceira da Universidade de Oxford e vai receber a tecnologia para produzir a vacina.

Nesta sexta-feira (22), a Índia anunciou o envio de 2 milhões de doses da vacina da Oxford/AstraZeneca para o Brasil.

Fonte: G1

Comunicar erro
Rede Ideal 1

Comentários

Telecab