Hackers atacam sites da junta militar em Mianmar; motoristas bloqueiam as ruas

Por Rogerio Magno em 18/02/2021 às 12:53:09

Reuters

Hackers atacaram sites governamentais administrados pela junta militar em Mianmar, em resposta ao bloqueio da Internet nesta quinta-feira (18).

Além disso, motoristas formaram grandes engarrafamentos para bloquear o avanço do exército.

Um grupo chamado "Hackers de Mianmar" atacou páginas do governo, incluindo a do Banco Central, o site de propaganda do exército, o endereço do canal público MRTV, da autoridade portuária e o site da agência de segurança alimentar e de saúde.

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Na quarta-feira, dezenas de milhares de pessoas protestaram no país contra o golpe militar que derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi em 1º de fevereiro, acabando com uma frágil transição democrática de dez anos.

Desde então, os militares intensificam o controle no país.

"Lutamos por justiça em Mianmar", afirmou o grupo de hackers em sua página do Facebook. "É como uma grande manifestação ante dos sites do governo", afirmaram.

Um jornal ligado à junta confirmou que os sites militares também foram alvos de ataques.

Bloqueio ao tráfego em Yangon

Em Yangon, os motoristas bloquearam o tráfego nesta quinta-feira, pelo segundo dia consecutivo, em uma tentativa de impedir o avanço das forças de segurança.

Carros e ônibus ficaram parados ao redor de uma ponte do distrito de Dagon Norte, enquanto os manifestantes pediam para que as pessoas não seguissem para o trabalho e se unissem ao movimento de desobediência civil.

Centenas de detenções

Na segunda maior cidade do país, Mandalay, a polícia e o exército dispersaram os manifestantes que bloqueavam o tráfego ferroviário, de acordo com testemunhas.

Quatro condutores de trem foram detidos na cidade, segundo a Associação de Ajuda aos Presos Políticos (AAPP), que tem sede em Yangon. O grupo denunciou mais de 500 detenções desde o golpe militar no primeiro dia do mês.

Onze funcionários do Ministério das Relações Exteriores foram detidos nesta quinta-feira por participação no movimento de protesto.

Um policial que pediu anonimato afirmou que pelo menos 50 funcionários do governo foram detidos nos últimos quatro dias.

Na cidade de Myitkyina, a imprensa local exibiu imagens de filas de caminhões com militares observando o protesto dos manifestantes. No domingo a polícia jogou gás lacrimogêneo e disparou tiros de borracha contra os manifestantes na cidade .

Tráfego de Internet reduzido

Na quarta-feira à noite, a junta militar impôs uma espécie de toque de recolher na Internet que reduziu o tráfego a 21% do nível habitual, segundo o observatório NetBlocks, grupo com sede no Reino Unido e que registra as restrições na rede. As conexões foram restabelecidas durante o dia.

O país quase 50 anos sob ditadura militar desde sua independência em 1948.

As forças de segurança já usaram balas de borracha e gás lacrimogêneo contra os manifestantes em várias ocasiões.

Uma mulher de 20 anos, atingida na cabeça na semana passada - provavelmente com munição letal - teve a morte cerebral anunciada. Um policial faleceu na terça-feira, devido aos ferimentos sofridos durante um protesto em Mandalay.

Apesar do medo, os apelos por desobediência civil prosseguem: médicos, professores, controladores aéreos e trabalhadores do sistema ferroviário estão em greve contra o golpe.

Em Naypyidaw, a capital administrativa, a ex-chefe do governo civil Aung San Suu Kyi, de 75 anos, está em prisão domiciliar.

Suu Kyi, já processada por infringir uma obscura norma comercial ao importar "ilegalmente" walkie-talkies, enfrenta uma nova acusação por violar "a lei sobre a gestão de desastres naturais", segundo seu advogado, que ainda não conseguiu falar com a cliente. Uma audiência está prevista para 1º de março.

Os generais ignoram as críticas internacionais e as sanções anunciadas por Washington. Eles contam com dois apoios importantes na ONU: o da China e o da Rússia, países que consideram a crise atual "um assunto interno" birmanês.

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Fonte: G1

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