Não há o que celebrar no Peru

Por Rogerio Magno em 07/06/2021 às 10:39:06
Com Keiko Fujimori ou Pedro Castillo presidente, incerteza política sai reforçada das urnas. A candidata da direita conservadora, Keiko Fujimori, e o da esquerda radical, Pedro Castillo, disputam o 2º turno da eleição presidencial no Peru

Sebastian Castaneda/Reuters e Alessandro Cinque/Reuters

O conteúdo das urnas no Peru ainda se mostra inconclusivo. Com mais de 90% dos votos apurados, a margem entre os candidatos é bastante estreita, com vantagem de menos de meio por cento para a candidata da direita conservadora, Keiko Fujimori, sobre o da esquerda radical, Pedro Castillo.

Quem sair vencedor desta contenda terá que encarar a presença do adversário pelos próximos cinco anos e um Congresso fragmentado, no qual mais de 90% de seus membros não têm qualquer experiência política.

Ou seja, a instabilidade política do país, que nos últimos cinco anos teve cinco presidentes, sai mais reforçada da disputa.

Dois candidatos populistas, dois modelos antagônicos para tentar salvar o Peru de duas crises gravíssimas, que se somam ao descrédito dos peruanos no sistema político: a econômica, que sofreu a maior contração em 30 anos, com queda de 11% do PIB, e a sanitária, que põe o país no topo mundial de mortes per capita por Covid-19.

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Praticamente empatados, Keiko e Castillo representam a minoria da sociedade e o abismo entre o anti-fujimorismo e o anti-comunismo. Não se mostram capazes de aglutinar os peruanos, nem de tirar o país da paralisia, após sucessivos escândalos -- da Lava Jato ao Vacinagate.

Terceira vez candidata à Presidência, Keiko já esteve presa por corrupção e não foge à tradição que acomete os presidentes peruanos nas últimas três décadas, como réus na Justiça. Como defensora do neoliberalismo, ela recebeu inédito apoio de detratores tradicionais de seu pai, Alberto, preso por crimes contra a Humanidade.

Os que votaram na candidata de direita desprezam o modelo defendido por Pedro Castillo, professor de ensino médio e sindicalista, que prega a reforma da Constituição e a nacionalização de recursos naturais. Em comum, ambos são conservadores na agenda social, contrários ao aborto e ao casamento entre gays.

O vencedor deste tenso embate lidará com um Congresso difuso, que tem metade dos parlamentares sem lealdade partidária, por ter se filiado de última hora para as eleições. Peru livre, o partido de Castillo tem 37 das 130 cadeiras; Força Popular, de Keiko, 24.

Neste contexto, não há o que celebrar. Com Keiko Fujimori ou Pedro Castillo presidente, o país inicia um terceiro turno, à sombra da incerteza política, que se cristaliza em propostas fracassadas anteriormente.

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Fonte: G1

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