Telescópio Espacial Hubble e o impacto do cometaShoemaker-Levy 9 em Júpiter

Por Rogerio Magno em 11/07/2021 às 15:40:09

Impressionado com a estranheza do objeto, o grupo contactou James Scotti, que, utilizando o poderoso telescópio Spacewatch do Observatório Kitt Peak (Arizona, EUA), não só confirmou a descoberta do cometa, mas identificou o porquê dele parecer alongado: ele era na verdade, uma sequência de pelo menos 11 diferentes núcleos cometários, se deslocando juntos no céu.

Nas noites que se seguiram, telescópios de todo mundo se voltaram para esse cometa bizarro. Para surpresa de todos, percebeu-se que o Shoemaker-Levy 9 estava em órbita de Júpiter, provavelmente capturado em 1970 pelo poderoso campo gravitacional do planeta. Observações mais detalhadas mostravam que havia um total de 21 fragmentos, sendo o maior com cerca de 2 quilômetros.

Os 21 fragmentos do Cometa Shoemaker-Levy 9 fotografados pelo Hubble
Os 21 fragmentos do Cometa Shoemaker-Levy 9 fotografados pelo Hubble. Créditos: HST/Nasa

Estudos apontam que o Shoemaker-Levy 9 era originalmente um corpo único com cerca de 5 km de diâmetro médio. Em 8 de julho de 1992, ele teria passado a apenas 43 mil km de Júpiter e se fragmentado, devido às trações provocadas pelas forças de maré. Ele vinha orbitando o gigante gasoso em uma trajetória elíptica bastante alongada, com período de cerca de dois anos. A cada órbita se aproximava mais do planeta, numa espécie de espiral da morte, que deveria resultar no impacto com Júpiter em julho de 1994. Seria o evento astronômico do século!

Órbita do Cometa Shoemaker-Levy 9 em torno de Júpiter
Órbita do Cometa Shoemaker-Levy 9 em torno de Júpiter. Gráfico: Marcelo Zurita

Os mais poderosos telescópios do mundo, e de fora dele, foram mobilizados para acompanhar aquele momento. Um observatório foi montado no Pólo Sul, astrônomos amadores de todo o planeta prepararam seus instrumentos. As sondas Galileu, Voyager 2 e Ulysses foram reprogramadas para observar o impacto. Mas a principal estrela daquela campanha foi, sem dúvida, o Telescópio Espacial Hubble.

Foram ao todo, 21 impactos entre 16 e 22 de julho de 1994. Cada fragmento atingiu a atmosfera de Júpiter a 215 mil km/h. Como eles ocorreram no lado posterior do planeta, o Hubble não captou nenhum diretamente, mas registrou com riqueza de detalhes, todas as plumas geradas pelos impactos, como cicatrizes escuras na atmosfera do gigante gasoso.

Sequência de fotos dos primeiros impactos em Júpiter. A mais inferior mostra a pluma do primeiro impacto e, na sequência, as nuvens escuras deixadas como cicatrizes na atmosfera joviana
Sequência de fotos dos primeiros impactos em Júpiter. A mais inferior mostra a pluma do primeiro impacto e, na sequência, as nuvens escuras deixadas como cicatrizes na atmosfera joviana. Créditos: HST/Nasa

Pareciam buracos deixados pelo cometa. E de fato eram uma espécie de buraco, que nos permitiu enxergar as camadas inferiores da atmosfera joviana. Ao atingi-la, os fragmentos do Shoemaker-Levy 9, lançaram para cima, os gases mais densos da atmosfera inferior, permitindo sua observação direta e o estudo de sua composição. Tudo isso registrado primorosamente pelo Telescópio Espacial Hubble.

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Mas os efeitos desse impacto foram sentidos bem além da atmosfera de Júpiter.

O Shoemaker-Levy 9 nos mostrou que grandes impactos ainda ocorrem no Sistema Solar. E imaginar que algo desse porte poderia ocorrer com a Terra, motivou a NASA a aumentar significativamente seus investimentos na busca por asteroides potencialmente perigosos. Hoje isso faz parte de um esforço global e que envolve, cada vez mais astrônomos de todo o mundo.

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Fonte: Olhar Digital

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