Em menos de uma década, o Rio Grande do Norte conseguiu posicionar o rebanho de gado bovino no ranking dos animais de alta linhagem do país. Isso se deve ao aumento do número de propriedades que passaram a adotar técnicas reprodutivas, como inseminação artificial e fertilização in vitro, capazes de ampliar rapidamente o padrão genético dos animais, sobretudo em pequenas propriedades. De acordo com o último relatório da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), referente ao último semestre do ano passado, o estado já inseminou 20.634 matrizes com essa técnica, o que colocou o Rio Grande do Norte como o quarto estado do Brasil que mais recorre a esse tipo de manejo para aumentar a produtividade dos animais voltados para corte.
Segundo as informações divulgadas pela Asbia, 36,5% do rebanho de corte do Rio Grande do Norte está sendo reproduzido com o uso desse método, o que representa um avanço, já que há 20 anos essa era uma realidade incomum nas pequenas fazendas potiguares, seja pelo custo ou conhecimento técnico para a execução. Hoje, o Rio Grande do Norte fifica atrás apenas do Paraná, Tocantins e Alagoas, cujos índices de adoção são de 38,6%, 37,8% e 37,4%, respectivamente. Entre o rebanho leiteiro, o RN ainda precisa avançar. A técnica é usada apenas em 2,8% do gado criado para essa finalidade.
Para o gestor do projeto Leite & Genética do Sebrae no Rio Grande do Norte, Acácio Brito, esse indicador atestado pela Asbia deve ser encarado como um excelente resultado e revela que os criadores potiguares entenderam que modernizar o manejo do rebanho é fundamental para aumentar a rentabilidade da atividade, através da renovação e melhoria do padrão genético dos animais.
Acácio Brito atribui esse avanço à disseminação das ações do projeto entre os pequenos e médios produtores de todas as regiões do estado onde há bovinocultura. Segundo o último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o estado possui um rebanho bovino composto por 758,4 mil cabeças. "Mais de 25% desses animais de corte inseminados artificialmente foram alvo das ações do projeto Leite & Genética", calcula o gestor. Isso representa um universo de 5.629 matrizes inseminadas.
Desenvolvido pelo Sebrae-RN com execução do Instituto BioSistêmico (IBS), o Projeto Leite & Genética leva ações de inovação e biotecnologias de reprodução para currais de produtores rurais do estado de forma subsidiada, permitindo que esses agropecuaristas tenham acesso a uma série de serviços e modernas técnicas, antes restritas às grandes propriedades. Até 70% dos custos das consultorias ficam a cargo do Sebrae, cobertos pelo programa Sebraetec.
O programa do Sebrae traz ainda touros classificados no sumário do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) /2021 entre os dez melhores do ano. Alguns exemplos: o reprodutor Maestro é o primeiro colocado da raça Brahman e Jaguar RG o segundo da raça nelore. Esse último tem sido o animal mais utilizado pelos participantes do programa do Sebrae em parceria com o IBS.
Já o Caduceu da Capital é o quarto colocado – entre os guzerás de linhagem leiteira. Outro touro classificado, gerado pelo Projeto Leite & Genética, é o Landau Bompasto (Sindi), de propriedade do criador Junior Teixeira, do Sindi Bompasto, cliente do projeto desde o ano de 2012. Sua propriedade fica em Serrinha e o touro também integra o catálogo do projeto. "Ter animais que estão no ranking dos melhores do Brasil em nosso catálogo significa a assertividade das nossas escolhas para colocá-los à disposição dos participantes do programa. Traduz ainda o nível de linhagem que buscamos para o rebanho potiguar", reforça Acácio Brito.