Nasa promove faxina na cápsula Apollo 16 para as comemorações do 50º aniversário da missão

Por Rogerio Magno em 09/02/2022 às 13:33:15

Neste ano, a missão Apollo 16, que conduziu os astronautas Ken Mattingly, John Young e Charlie Duke até a Lua, completa 50 anos. Para comemorar a data, que é celebrada em abril, a Nasa organizou uma solenidade especial, que contará com a presença de Duke – que caminhou ao lado do já falecido Young em solo lunar, enquanto Mattingly permaneceu em órbita operando o Casper (apelido dado pelos tripulantes à cápsula durante o voo).

Charlie Duke, astronauta da Apollo 16, vai participar das comemorações dos 50 anos da missão. Imagem: Scott Woodham Photography – Shutterstock

Entre os preparativos para a grande festa está uma limpeza caprichada na espaçonave, que atualmente fica em exposição em um museu de antiguidades da agência espacial norte-americana. Em razão da pandemia de Covid-19, a faxina habitual havia sido interrompida, mas foi retomada no início deste ano para preparar Casper para a celebração.

Durante a limpeza, além das teias de aranha que se agarram à cápsula, alguns itens curiosos foram encontrados no chão da enorme caixa que protege a relíquia: cartões de visita, um lápis, dinheiro, uma colher e até um tubo de protetor labial.

Exibida no Centro Espacial e de Foguetes dos EUA, localizado perto do Marshall Space Flight Center da Nasa, a Apollo 16 está sendo cuidadosamente polida com toalhas de microfibra, pincéis, varinhas e aspiradores de pó.

A equipe responsável pela limpeza da cápsula de 6,5 toneladas e quase 11 metros de altura limpou seu gabinete de vidro, localizado sob um enorme foguete Saturno V suspenso do teto. Eles removeram dezenas de itens que as pessoas prenderam em fendas e rachaduras do casco.

Além de supervisionar a limpeza, o consultor curador Ed Stewart ensinou os funcionários do museu como manter a cápsula, que é emprestada da Smithsonian Institution e é exibida na “cidade foguete” de Huntsville desde a década de 1970.

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Visitantes podiam tocar na espaçonave

Escovando a poeira na parte lateral da cápsula, e vestindo roupas protetoras, Stewart disse à agência de notícias Associated Press que o módulo de comando estava em “boa forma” para sua idade e para o tempo que transcorreu desde a última limpeza, há cerca de três anos. “Estou feliz em ver que não há camadas pesadas de poeira. Eu não vi muitos detritos de insetos ou algo assim, então eu tomo isso como um sinal muito positivo”, disse ele.

Parte inferior do Módulo de Comando Apollo 16 em exibição no Centro Espacial e de Foguetes. Imagem: Tim Daugherty – Shutterstock

Richard Hoover, um astrobiólogo aposentado da Nasa que trabalha no museu, lembrou-se de uma época, décadas atrás, quando os visitantes podiam tocar a espaçonave. “Alguns até pegaram pedaços do escudo térmico carbonizado que protegia a nave de queimar enquanto reentrava na atmosfera da Terra”, disse ele, condenando o ato. “Isso era realmente péssimo, porque eles não percebem que esta é uma peça tremendamente importante da história espacial”.

Segundo Stewart, os procedimentos de conservação mudaram quando os preservacionistas perceberam que uma nave construída para suportar os rigores das viagens espaciais não se sustentava bem sob o toque constante dos turistas. “Fazê-la durar mil anos não estava na lista de requisitos do engenheiro para desenvolvê-los para levar os astronautas à Lua e voltar em segurança”, disse ele.

Limpar a Apollo 16 sem comprometer as marcas da história é um desafio

Empoleirada em cima de colunas, a cápsula está inclinada para que os visitantes possam olhar para dentro da escotilha aberta e ver controles e os assentos envoltos em metal onde os astronautas viajaram até a lua e voltaram.

Inclinando-se através da escotilha para verificar se havia poeira, Stewart apontou para algumas manchas escuras sobre sua cabeça. “São as impressões digitais da tripulação ali”.

Manter as características originais e a pátina natural do tempo é um desafio para os profissionais responsáveis por limpar a cápsula Apollo 16. Imagem: schusterbauer.com – Shutterstock

Os trabalhadores planejam selar ainda mais a redoma protetora da cápsula para que os visitantes não possam depositar nada dentro, mas com o cuidado de não prejudicar, com isso, a estrutura da própria Apollo 16. “Embora fosse mais fácil esfregar a espaçonave com graxa e produtos de limpeza pesada, fazer isso destruiria a pátina que a liga à história”, disse Stewart. “Você não quer perder nada disso, porque isso tudo faz parte da saga da missão. Se você remover, tudo se vai. É essa textura da história que se perde para o éter se você comete um erro”, alertou.

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Fonte: Olhar Digital

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