Aleksander Vucic, atual presidente, reivindica vitória nas eleições da Sérvia

Por Rogerio Magno em 03/04/2022 às 20:45:57
Resultados oficiais serão divulgados na segunda-feira; atual mandatário cantou vitória após campanha que prometeu estabilidade em meio a sombra da guerra na Ucrânia. O presidente sérvio e candidato presidencial Aleksandar Vucic reage após os resultados da eleição presidencial, em Belgrado, Sérvia, em 3 de abril de 2022

Antonio Bronic

O presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, reivindicou neste domingo (3) uma vitória esmagadora nas eleições presidenciais, nas quais se apresentou como a garantia da estabilidade sob a sombra da guerra na Ucrânia.

"Recebi 2.245.000 dos votos no primeiro turno", afirmou o mandatário durante um discurso, o que seria equivalente a cerca de 60% dos votos.

A votação, atrapalhada por alguns incidentes relatados por ONGs e pela oposição, foi convocada para eleger 250 deputados e vereadores, além do presidente.

Os resultados oficiais devem ser anunciados na noite de segunda-feira (4), mas Vucic mostrou confiança mesmo antes do fechamento das urnas, garantindo que uma contagem não seria necessária.

"Estou satisfeito que um grande número de pessoas votou e mostrou a natureza democrática da sociedade sérvia", disse Vucic em mensagem televisionada.

À noite, a Comissão Eleitoral estimou que a participação teria chegado a 60% dos eleitores.

De acordo com as pesquisas mais recentes, o partido de centro-direita SNS do chefe de Estado deve confirmar o controle do Parlamento. E o presidente aparece como o favorito para o segundo mandato neste país tradicionalmente próximo à Rússia.

O presidente russo Putin se reúne com seu colega sérvio Vucic em Sochi

Sputnik/Mikhail Klimentyev/Kremlin via Reuters

A invasão da Ucrânia por parte da Rússia no fim de fevereiro alterou o curso da campanha eleitoral que, segundo analistas, seria concentrada no meio ambiente, corrupção e direitos dos cidadãos.

Vucic, acusado de autoritarismo por seus rivais, tirou proveito da instabilidade provocada pela guerra e se apresentou como o único candidato capaz de administrar o país no meio da crise.

Durante a campanha, o presidente criou um novo slogan: "Paz. Estabilidade. Vucic".

Guerra e sanções

Em um país que já foi considerado um pária, as memórias das guerras que provocaram a desintegração violenta da Iugoslávia e das sanções econômicas que afetaram a classe média continuam muito presentes.

As pessoas preferem um líder que promete estabilidade a arriscar uma mudança", declarou Zoran Stojiljkovic, professor de Ciências Políticas em Belgrado.

"As grandes crises, ao menos a curto prazo, favorecem quem já está no poder. Geram incerteza, medo e esperança de que o sistema garantirá ao menos a segurança básica", acrescenta.

Há alguns meses, a oposição parecia ter avançado nas pesquisas.

Em janeiro, Vucic anulou um polêmico projeto para uma mina de lítio que provocou protestos de dezenas de milhares de pessoas.

O recuo surpreendeu para um homem que não costuma mudar de posição após uma década no poder, como vice-primeiro-ministro, chefe de Governo ou presidente.

A oposição torce por uma elevada taxa de participação neste domingo que leve a disputa para o segundo turno.

As pesquisas apontavam o general da reserva Zdravko Ponos, um candidato surpresa da oposição pró-Europa, como principal adversário de Vucic.

Pró-russos

"Espero que a votação seja o sinônimo de mudança séria na Sérvia", disse Ponos. "Acredito em um futuro radiante e as eleições são uma boa maneira de mudar a situação".

Mas os analisas não esperam grandes mudanças em relação ao Parlamento atual, controlado quase por completo pela coalizão favorável a Vucic.

Na Sérvia, muitos apoiam a guerra do Kremlin, incluindo alguns partidos da oposição. E aqueles que não apoiam, não falam em voz alta por medo de afastar os eleitores pró-Moscou.

Além disso, Vucic tem outras armas. Em seu mandato, ele intensificou a influência em todos os níveis do poder e controla de fato as instituições, assim como quase todos os meios de comunicação.

Antes da campanha eleitoral, o presidente anunciou subsídios e os críticos o acusaram de comprar votos.

Fonte: G1

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