Mais de 13 milhões de britânicos enfrentam novo lockdown diante do aumento de casos de Covid-19

Por Rogerio Magno em 22/09/2020 às 09:11:11
Primeiro-ministro Boris Johnson deve anunciar novas medidas nesta terça-feira (22); segundo confinamento nacional não está descartado. Algumas pessoas são vistas usando máscaras na Oxford Street em Londres, na Inglaterra, na segunda-feira (21)

Kirsty Wigglesworth/AP

Um quinto da população do Reino Unidoacordousob um novo lockdown nesta terça-feira (22).Essas pessoas estão sobretudo no norte da Inglaterra e no País de Gales, as regiões mais afetadas pela Covid-19 no país.

Com o número de contaminações pelo novo coronavírus aumentando, o governo britânico tenta aliara imposição de restrições mais pesadas à necessidade deixar algum espaço para a economia continuar funcionando.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, deve anunciar novas medidas nesta terça-feira. Um segundo confinamento nacional não está descartado. É uma medida extrema, que o governo britânico tenta evitar ao máximo para não estrangular ainda mais economia do país.

VEJA TAMBÉM: O Assunto #280: Covid volta a assombrar a Europa

No fim de semana, o premiê avisou que a segunda onda de contaminações estava próxima, e este já pode ter sido o primeiro sinal do que está por vir. Na segunda-feira (21), os cientistas do governo explicaram que o número de novos casos continua avançando rápido, e já dobra a cada sete dias. A apresentação foi vista como um recado de que as pessoas devem se preparar para medidas mais restritivas.

O "R", que é o indicador que mede a velocidade de contágio, está em alta em todo o país e em todas as faixas etárias. Se nada for feito para conter a contaminação, a estimativa é a de que o número de casos diários chegue a 50 mil a partir de meados de outubro. Com a chegada do outono, virão também os dias mais frios e a gripe comum. Tudo isso piora o cenário para o sistema de saúde público do país, que, nesta época do ano, tende a lidar com mais casos de doenças respiratórias.

Aparentemente, pelo que disseram os cientistas do governo, as restrições que já estão em vigor não são suficientes. Desde a semana passada, as pessoas não podem se reunir em grupos de mais de seis, sob pena de multas altas. Em várias regiões do país, a própria "regra dos seis", como ficou conhecida, foi superada. Não se pode mais misturar em espaços fechados gente que não more sob o mesmo teto, ainda que sejam menos de seis pessoas.

Reino Unido poderá ter 50 mil casos diários se não frear vírus

Novas medidas para hotéis e restaurantes

Neste momento, o governo não descarta o que se está chamando de "mini-lockdown", um período curto, talvez de duas semanas, de isolamento nacional para tentar retardar o ritmo das contaminações. Além disso, continua sobre a mesa a possibilidade de se restringir ainda ainda mais o setor de hotelaria e restaurantes, um dos mais abalados pela pandemia.

VEJA TAMBÉM: Reino Unido e Alemanha registram alta recorde de casos de covid-19 em vários meses

O segmento que já demitiu dezenas de milhares de pessoas trabalha com pouca margem de manobra para se manter. Em julho, quando reabriram as portas (fechadas desde 23 de março após o anúncio do lockdown), bares, restaurantes, pubs e hotéis tiveram de investir pesado em medidas de segurança sanitária.

O governo diz que vai ampliar o período de ajuda financeira a essas empresas. Mas os cofres públicos não têm como financiar todos os setores da economia por tempo indeterminado.

Pessoas jantam em mesas ao ar livre em Londres, na Inglaterra, na segunda-feira (21)

Kirsty Wigglesworth/AP

Consequências para o governo

Ainda não é possível saber qual será o impacto político desta segunda onda para Johnson. Durante o fim de semana, integrantes do gabinete se reuniram com os cientistas que o aconselham e com Dominic Cummings, o marqueteiro que é homem de confiança do premier e considerado guru deste governo. O que se quer é poupar a economia, enquanto se evitam as contaminações. O PIB britânico caiu 20,4% do segundo trimestre deste ano por conta da pandemia.

Tudo isso vai para a conta de Johnson. Talvez esta tenha sido uma das razões para ele não ter participado da apresentação sobre a gravidade da situação feita pelos cientistas nesta segunda-feira. Talvez ele esteja tentando se dissociar um pouco do que está por vir.

O fato é que, por mais que tenha aberto mão da bandeira da austeridade e recorrido aos cofres púbicos para tentar conter as crises sanitária e econômica, o governo conservador de Boris Johnson não tem como se afastar das decisões mais duras que está por tomar, nem das suas consequências para a vida dos cidadãos e a situação da economia nacional. Pode ser que ele tenha de dar aos britânicos a notícia de que terão de passar separados da família o Natal, uma das datas mais festejadas no país.

Os próprios cientistas disseram que sabem que mais restrições significam pobreza a desprovimento. E que é preciso encontrar um meio termo entre salvar vidas e afetar a economia.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson fala com a imprensa em Downing Street em Londres, na Inglaterra, nesta terça-feira (22)

Matt Dunham/AP

Boris Johnson é pressionado

Nesta terça-feira, antes de Boris Johnson anunciar novas medidas ao parlamento, o premiê vai comandar nova reunião deu emergência. Ele sabe que, se a situação piorar, terá de agir depressa. Johnson é acusado de ter demorado a implementar as restrições no início da primeira onda da pandemia e anunciar o lockdown tardiamente.

O premiê será cobrado. Deputados de oposição e do seu próprio partido acham que precisam devem ter direito de opinar sobre as medidas que estão sendo adotadas pelo governo para enfrentar a pandemia. O nível de alerta no Reino Unido acaba de passar de 3 para 4, o que significa transmissão em alta ou em crescimento exponencial. A tabela vai de 1 a 5, sendo este último o mais grave.

Fonte: G1

Comunicar erro
Rede Ideal 1

Comentários

Telecab